Marcelo Ninio
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Por — Pequim

RESUMO

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GERADO EM: 09/12/2024 - 21:02

China surpreendida por queda de Assad na Síria

A China errou ao apostar em Assad na Síria, visando ampliar influência no Oriente Médio. A queda do regime surpreendeu Pequim, que não tinha plano B. A parceria estratégica fracassou, afetando investimentos chineses na reconstrução síria. A Turquia pode ganhar influência pós-Assad, refletindo a mudança de poder na região.

Patrocinadores declarados do regime sírio deposto, Rússia e Irã estão obviamente no topo da lista de países que mais perdem com a queda de Bashar al-Assad. Mas há outra potência que fez a aposta errada e terá que reconfigurar sua estratégia na região: a China, que no último ano havia abraçado Assad com fervor. É uma demonstração de que a influência crescente de Pequim no Oriente Médio tem limites — e às vezes cobra um preço.

Até quase o último instante, o governo chinês parecia crer na permanência de Assad no poder, mostrando-se disposto a apoiar “os esforços da Síria para manter a segurança nacional e a estabilidade”. Consumada a queda de Assad, a posição chinesa tornou-se neutra. Mas já era tarde. Assim como pegou de surpresa a população síria, o avanço rebelde que encerrou meio século de tirania da família Assad também não estava nos planos da China.

Ao contrário de sua prudência em outras zonas de conflito, na Síria a China não tinha plano B. No Afeganistão, por exemplo, o governo chinês cooperava com o governo pró-Ocidente enquanto mantinha contato com o Talibã. Quando o grupo islamista retomou o poder, em 2021, Pequim estava pronta para a transição. Com a Síria foi diferente: o governo chinês apostou todas as fichas no regime de Bashar al-Assad. Tanto que ano passado, estabeleceram uma “parceria estratégica”, quando Assad fez sua primeira visita em 20 anos à China e foi recebido calorosamente pelo presidente do país, Xi Jinping.

No esforço de romper o isolamento internacional de Assad, a ideia era incluir no projeto chinês de infraestrutura da Nova Rota da Seda a reconstrução da Síria no pós-guerra. Os sinais eram discretos, mas persistentes. Há duas semanas, numa grande feira de negócios em Pequim, um stand do governo sírio tentava timidamente atrair investimentos para o país. A seu lado, uma representação da PDVSA, a estatal venezuelana de petróleo.

O roteiro chinês só não contava com um colapso tão rápido da dinastia Assad. Uma semelhança entre o Talibã e o regime de Bashar al-Assad que atraía a simpatia de Pequim é a hostilidade de ambos aos EUA. No caso da Síria, foi um movimento quase natural ficar ao lado de Rússia e Irã, também adversários de Washington, no apoio a Assad. Em dez anos de guerra civil (2011-2021), a China exerceu dez vezes seu poder de veto para brecar resoluções contra a Síria no Conselho de Segurança da ONU. Só ficou atrás da Rússia, que fez o mesmo 17 vezes.

A queda de Assad põe fim à parceria estratégica pela qual o governo chinês ambicionava ampliar sua influência no Oriente Médio com investimentos de que a Síria precisa desesperadamente, após 13 anos em guerra. Mesmo sem saber o que acontecerá, a maioria da população ficou feliz com o fim da era Assad, contou à coluna um morador de Tartus, cidade onde a Rússia mantém uma base naval. Segundo ele, “ninguém aguenta mais” as dificuldades econômicas.

Uma rixa econômica pouco lembrada, aliás, é apontada como fator crucial na guerra civil síria e seu novo capítulo. Por pressão russa, Assad travou um gasoduto que iria do Golfo Pérsico até a Europa e beneficiaria a Turquia. Incomodado, o presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, acabou se tornando o maior apoiador da revolta contra o regime sírio. Com Assad, Rússia e Irã fora do caminho, alguns sentem no ar um clima de Império Otomano, já que a Turquia tende a ser o país com mais influência na nova Síria. Bem no estilo de Erdogan.

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