Malu Gaspar
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Malu Gaspar

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Informações da coluna

As indicações para as três vagas abertas na Agência Nacional do Petróleo (ANP) que o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, enviou para a Casa Civil nesta terça-feira, com a autorização do presidente Lula, desencadearam uma guerra de bastidores entre os diversos grupos interessados em indicar diretores para as agências reguladoras.

Na ANP, além de indicar Pietro Mendes, que é seu secretário-executivo e sairá do Conselho de Administração da Petrobras para virar diretor da agência, o ministro também deve emplacar na diretoria-geral Artur Watt, que é consultor jurídico da Pré-Sal Petróleo SA (PPSA).

O ministro ainda indicou para a vaga aberta na Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) seu secretário nacional de Energia Elétrica, Gentil Nogueira de Sá Junior.

Os novos diretores devem ser indicados pela Presidência da República ao Senado Federal nos próximos dias.

Só que a notícia de que Silveira acertou com Lula a indicação de seus candidatos, publicada em primeira mão pelo blog, provocou uma corrida nos bastidores para tentar barrá-las. Disputam espaço com Silveira na ANP os senadores Davi Alcolumbre (União Brasil-AP) e Rodrigo Pacheco (PSD-MG), enquanto o senador Eduardo Braga (MDB-AM) e o PT da Bahia pleiteiam as vagas da Aneel.

Pacheco, que é presidente do Senado, e Alcolumbre, que deve sucedê-lo em fevereiro, têm outros dois preferidos para a ANP – o ex-diretor Allan Kardec e o atual Daniel Maia Vieira.

Alcolumbre e Pacheco chegaram a vetar a indicação do secretário de Silveira para a Aneel, mas auxiliares de Lula disseram que, nos últimos dias, o ministro driblou a restrição. Acontece que o preferido de Eduardo Braga é Willamy Frota, ex-presidente da Amazonas Energia e ex-diretor da Eletronorte. E o senador Jaques Wagner (PT-BA) defende Angelo Rezende, advogado ligado ao PT da Bahia.

Racha em aliança

A disputa por essas vagas vem desde meados do ano, e foi afetada pelo racha entre Silveira, de um lado, Pacheco e Alcolumbre de outro. O racha começou porque os senadores estariam insatisfeitos com o espaço que ocupam no setor de Minas e Energia. Silveira teria monopolizado indicações para a Petrobras, estatais, conselhos e agências e “esquecido” os antigos parceiros – que foram inclusive avalistas de sua ida para a Esplanada pelo PSD. O ministro também foi senador e integrou a bancada do PSD, mas não se reelegeu em 2022.

Silveira teria conseguido emplacar seus três indicados depois de uma articulação com o senador Otto Alencar (PSD-BA), que ensaiou se candidatar à presidência do Senado em fevereiro de 2025, mas desistiu em favor de Alcolumbre. As indicações serviriam como forma de compensação a Otto.

Todos os indicados para agências reguladoras têm que ser aprovados pelo Senado. O plano do governo é não só enviar, mas também aprovar os três novos diretores antes do final do ano para aproveitar a atual composição da Comissão de Infraestrutura da Casa, que avalia os currículos e submete à votação.

O Planalto avalia que será mais fácil passar os diretores agora do que no ano que vem, quando a comissão hoje presidida por Confúcio Moura (MDB-RO) passará a ser comandada pelo bolsonarista Marcos Rogério (PL-RO).

Antes de partir para a briga no Congresso, porém, o governo terá que resolver a disputa entre seus próprios aliados – que no momento parece até mais difícil de arbitrar.

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