Especialistas abordam discussões referentes ao corpo, à mente e às emoções.
Informações da coluna
Fit na foto, para o verão e além
Ficar bem para curtir a estação é válido, mas ganho estético e de saúde deve ser contínuo
RESUMO
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GERADO EM: 10/12/2024 - 20:51
"Projeto Verão: Saúde Duradoura e Consistência"
No artigo, é abordada a ideia de se preparar para o verão não apenas esteticamente, mas visando mudanças duradouras na saúde. Alerta-se sobre os riscos de projetos verão abruptos e restritivos, defendendo a importância da consistência e gradualidade para estabelecer novos hábitos saudáveis. Destaca-se que mudanças comportamentais requerem tempo e regularidade, aproximadamente 66 dias para se tornarem hábitos. Recomenda-se adotar um "projeto para vida toda", com escolhas que promovam bem-estar físico e mental.
Vem chegando o verão. O calor não é só coração. É no corpo todo. E a vontade de andar com poucas roupas ou passar o dia na praia ou na piscina é grande.
Aí vem aquela ideia maravilhosa de correr atrás do tempo perdido, para ficar “bem na foto”. Mas sabem quando que o famoso “projeto verão” vai dar certo? Quando ele se chamar “projeto pra começar no verão e não acabar mais”. Aí, sim, teremos verdadeiras mudanças no estilo de vida, que podem (por que não?) ser iniciadas com o estímulo inicial de passar um verão em forma, com o corpo bacana, fazendo atividades físicas, procurando ser mais criterioso na alimentação, mas que perdure pelas próximas estações dos anos e por muitos anos.
O problema é que tem muito projeto verão que não dura nem o verão inteiro. O pessoal faz tanta loucura, tanta restrição na comida e tanto exagero na malhação, que o corpo não aguenta. Ele se sente agredido.
Uma mudança de hábito brusca tende a não dar certo. Uma pessoa sedentária, quando inicia uma atividade física, mesmo fazendo um treino bacana, sem excessos, o corpo já entende aquilo como uma agressão, e reage de maneira a boicotar esse novo padrão de comportamento. Mesmo sendo uma coisa boa, é uma mudança para aquele corpo e mente, e “eles não gostam de mudanças”. Não estão acostumados àquelas novas ações. E diversos hormônios são secretados a fim de provocar preguiça, mau humor, cansaço, etc.
Acontece o mesmo com as dietas restritivas. Dietas em que as pessoas passam a comer quase a metade (ou até menos) das calorias que costumam ingerir normalmente. Um tremendo “baque” pro corpo, que se ressente liberando hormônios que provocam alteração de humor, fome e compulsão. Claro que, se a intenção é emagrecer, perder peso, o déficit calórico é necessário, mas esse processo quando feito de forma restritiva, provoca mudanças fisiológicas que encorajam a recuperação do peso, como a diminuição do metabolismo basal e, possivelmente, chances de desenvolver transtornos alimentares.
A palavra dieta já está, invariavelmente, fadada ao fracasso, porque entende-se que ela tem começo, meio e fim. O ideal é que a pessoa aprenda a se alimentar sempre bem, em quantidade e qualidade.
O fato é que qualquer mudança de comportamento, qualquer novo hábito que pretendamos adquirir, deve ser feita durante algum tempo, e o principal, com regularidade quase que diária, para que aos poucos o corpo se acostume, assim como a cabeça também, e passem a entender que, sim, teremos um novo padrão, uma nova atitude, que aos poucos vai sendo absorvida, automatizada e transformada em hábito. Uma vez que isso se torna um hábito, significa que dificilmente deixaremos de repetir essa nova tarefa.
Isso funciona pra tudo na vida. Para hábitos bons e ruins. Por isso, é sempre bom ter atenção ao que fazemos de forma repetida se realmente queremos aquilo pra vida toda!
Quanto tempo esse processo todo leva pra acontecer? Um estudo bastante citado (Lally, van Jaarsveld, Potts, & Wardle, 2010) indicou uma média de 66 dias para estabelecer um novo hábito, como praticar exercícios físicos por pelo menos 30 minutos por dia. No documentário “Vida em movimento”, que filmei em 2018, falamos bastante sobre esse assunto. Para mudar tem que repetir. Além disso, temos que achar gatilhos que nos ajudem a sair do automático e realizar a tarefa nova, que nosso cérebro insiste em esquecer. Até que seja tão repetida que vire hábito.
Por isso, neste verão, pense em começar o “projeto pra vida toda”, e fazer aos poucos, sempre, com coisas que não agridam seu corpo e sua mente. Mas, que te façam sentir mais leve, disposto, saudável e feliz.