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Informações da coluna
Mariana Barbosa
No GLOBO desde 2020, foi repórter no Brazil Journal, Folha, Estadão e Isto é Dinheiro e correspondente em Londres.
Rennan Setti
No GLOBO desde 2009, foi repórter de tecnologia e atua desde 2014 na cobertura de mercado de capitais. É formado em jornalismo pela Uerj.
Lentidão na produção de biocombustível de aviação é desafio para descarbonização
RESUMO
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GERADO EM: 10/12/2024 - 14:20
Desafio da Produção de Biocombustível de Aviação Preocupa a Iata
A produção lenta de biocombustível de aviação é um desafio para a descarbonização. A Iata está preocupada com a capacidade do setor de cumprir metas até 2050. Investimentos de US$128 bilhões por ano são necessários. Os governos precisam incentivar a produção de SAF para acelerar a transição energética. Os EUA estão avançados nesse aspecto. As companhias aéreas terão custos adicionais, mas o SAF é crucial para reduzir as emissões.
Genebra - A Associação Internacional do Transporte Aéreo (Iata), que representa 340 companhias em todo o mundo, está pessimista em relação à capacidade do setor de cumprir as metas de descarbonização até 2050. O volume de produção de SAF (combustível sustentável de aviação) está aquém da demanda global, com poucos países incentivando a produção.
No ano passado, 1 milhão de toneladas (1,3 bilhão de litros) de SAF, das mais diversas fontes de matéria prima, foram produzidas — o dobro da produção de 2023, mas abaixo do que havia sido projetado para o período, de 1,5 milhão de toneladas (1,9 bi l).
Para 2025, a expectativa é que a produção alcance 2,1 milhões de toneladas, equivalente a 0,7% da produção total de combustível de aviação. Esse volume vai representar 13% da capacidade produtiva de plantas de biocombustível, ante 11% em 2024.
Para dar conta da demanda necessária para 2050, o setor calcula que, no melhor cenário, serão necessários de US$128 bilhões em investimentos por ano até 2050, para dar conta da construção das 3 mil novas plantas de biocombustíveis. O valor é menos da metade do que foi investido em energia solar and eólica (US$ 280 bilhões) entre 2004 e 2022.
— Os volumes de SAF estão aumentando, mas de forma decepcionantemente lenta. Os governos podem acelerar esse progresso reduzindo os bilhões em subsídios à produção de combustíveis fósseis e substituindo-os por incentivos estratégicos de produção de SAF, com políticas claras que apoiem um futuro construído em energias renováveis — diz Marie Owens Thomsen, economista chefe da Iata.
— Esse é o grande bode na sala. Os investidores de renováveis não querem tomar risco. Mas como esperar que um setor que tem uma margem de lucro de 3,6%, onde as empresas não sabem se estarão no mercado em dez anos tome esse risco? Todos os setores estão vivendo o desafio da transição energética, mas você não exige da indústria da moda que ela invista na produção de energia renovável – completa.
Para a economista, a descarbonização da indústria de transporte aéreo — responsável por 2% das emissões — deve ser vista como parte da transição energética global. – Resolver o desafio da transição energética para a aviação também beneficiará a economia em geral, já que as refinarias de combustíveis renováveis produzirão uma ampla gama de combustíveis usados por outras indústrias, não apenas SAF.
A entidade defende que os governos sejam mais proativos disponibilizando créditos e garantias para acelerar a produção. O país que está mais avançado na produção são os Estados Unidos, que possuem uma política de estímulos, o Clean Air Act, implementada pelo presidente Joe Biden.
Segundo a Iata, a transição energética vai custar US$ 4,7 trilhões para as companhias aéreas, sendo que 80% desse valor representa o prêmio adicional que as empresas terão de pagar para adquirir o produto renovável. — Com as companhias aéreas prevendo uma margem líquida de apenas 3,6%, as expectativas de lucratividade para os investidores de SAF precisam ser lentas e constantes, não rápidas e furiosas. Mas não se engane, as companhias aéreas estão ansiosas para comprar SAF e há dinheiro a ser ganho por investidores e empresas que apostarem na descarbonização a longo prazo — completou o diretor presidente da Iata, Willy Walsh.
O SAF é a principal estratégia das companhias aéreas — que hoje são responsáveis por 2% das emissões globais — para alcançar a meta de zerar as emissões em 2050. Voar com combustível renovável vai responder por 65% do esforço de redução das emissões. Outras medidas também serão necessárias, como outras fontes de energia renovável e medidas como a substituição da frota por aeronaves mais eficientes.
*Viagem a convite da Iata
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