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Em 'grande oportunidade', Rosatom traz tecnologia de geração nuclear de ponta para o Brasil
Em 'grande oportunidade', Rosatom traz tecnologia de geração nuclear de ponta para o Brasil
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No início de dezembro, o Ministério de Minas e Energia firmou uma parceria com a Rosatom, estatal russa de atividades nucleares. Juntas, as duas partes criaram... 10.12.2024, Sputnik Brasil
2024-12-10T20:25-0300
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Segundo o ministro Alexandre Silveira, o Brasil tem trabalhado para desenvolver uma nova política nuclear que envolve desde a mineração de urânio no país, hoje monopolizada pela estatal Indústrias Nucleares do Brasil (INB), e a implementação de pequenos reatores nucleares modulares (small modular reactors [SMRs]).Hoje, o Brasil conta com a sétima maior reserva de urânio do mundo, mesmo conhecendo apenas 26% do subsolo nacional. Para Silveira, o país tem o potencial de alcançar o posto de terceira maior reserva mundial."Contamos com a experiência da Rosatom para uma cooperação positiva e equilibrada entre as empresas brasileiras e russas. Que o nosso objetivo conjunto gere crescimento tecnológico robusto e seguro", disse Silveira durante o evento realizado na segunda-feira (2).Na Rússia, as atividades nucleares, desde a mineração de urânio, ao enriquecimento, pesquisas, construção e operação de reatores nucleares, são realizadas pela estatal Rosatom. Enquanto isso, no exterior, a companhia russa é responsável por mais da metade dos projetos de usinas nucleares em construção.Por aqui no Brasil, no entanto, a atuação da Rosatom ainda está concentrada em produtos nucleares, como o fornecimento de radioisótopos para medicina nuclear e de combustível nuclear.No evento com o ministério, a companhia russa destacou que há um potencial de desenvolver 1,1 gigawatt (GW) de geração nuclear até 2035, sendo 0,6 GW na modalidade onshore com 12 reatores e 0,5 GW offshore com dez reatores, ou seja, dentro da tecnologia pioneira de SMRs.Parceria nuclear inéditaDesde que iniciou seu programa nuclear, o Brasil vem estabelecendo parcerias com nações ocidentais como Estados Unidos, Reino Unido, Alemanha e França para avançar na produção da energia atômica e no sonho já alcançado de dominar o ciclo de enriquecimento de urânio.Em dois episódios famosos da história nuclear brasileira, o Brasil foi passado para trás pelos supostos parceiros. No primeiro, a mando do presidente da Comissão de Energia Atômica dos Estados Unidos, Lewis Strauss, militares britânicos apreenderam centrífugas de enriquecimento de urânio produzidas na Alemanha logo antes de serem enviadas ao Brasil.No outro, 20 anos mais tarde, a Alemanha vendeu ao Brasil um processo experimental de enriquecimento de urânio, via tecnologia jet nozzle. Pesquisas iniciais apontavam a inviabilidade da tecnologia e, não podendo continuar as pesquisas em seu próprio solo, os alemães as terceirizaram para o Brasil descobrir por si mesmo a ineficiência do método.Da mesma forma, esses países estão representados no desenvolvimento das usinas nucleares brasileiras. Angra 1 foi construída pela norte-americana Westinghouse, enquanto Angra 2 pela alemã Siemens KWU.Para Inayá Lima, coordenadora do Programa de Engenharia Nuclear (PEN) do Instituto Alberto Luiz Coimbra de Pós-Graduação e Pesquisa em Engenharia (Coppe) da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), a possível entrada da Rosatom no mercado de geração de energia brasileiro é "uma grande oportunidade para o país", que precisa diversificar suas fontes e reduzir a dependência de fontes fósseis.Ainda que tenha uma matriz consistida majoritariamente de hidrelétricas, em períodos de baixa estação e seca o Brasil ainda se vê obrigado a acionar as termelétricas, baseadas em combustível fóssil.Nesse sentido, destaca-se a oferta da instalação de pequenos reatores nucleares no país. A Rosatom é pioneira no desenvolvimento dessa tecnologia. A companhia russa foi a primeira a conectar um SMR à rede energética nacional ao ligar a unidade flutuante Akademik Lomonosov à cidade de Pevek.Segundo a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), são considerados pequenos reatores modulares aqueles com potência elétrica de até 300 megawatts (MW) e capacidade de instalação variável.Na crista dos avanços tecnológicos, hoje há cerca de 50 projetos de reatores nucleares modulares em estudo e desenvolvimento em todo o mundo.Essa flexibilidade, diz Lima, é uma das grandes vantagens dos SMRs. "Diferentemente dos grandes reatores que exigem grandes investimentos iniciais e uma infraestrutura complexa, os SMRs podem ser produzidos em fábricas e instalados em locais menores e mais remotos."Além disso, diz a pesquisadora, eles possuem uma pegada de carbono menor, exigindo menos combustível para operar por mais tempo sem a necessidade de reabastecimento. Outro benefício pouco falado desses modelos é a sua segurança.Essas vantagens indicam o modelo ideal para um país como o Brasil, onde grandes distâncias aumentam os custos de transmissão de energia e a maior parte da população se encontra perto do litoral ou de um grande rio, facilitando seu posicionamento em embarcações.Esses modelos ainda podem ser usados para gerar energia para localidades específicas, que demandam muita energia, como fábricas.Do mesmo modo, tamanha flexibilidade faz com que esses reatores possam atuar para aplacar a chamada "curva do pato", momento no fim do dia em que a demanda por energia elétrica sobe e a produção de origem solar decai.Ainda assim, ressalta Lima, há desafios para a implementação dos SMRs no Brasil, desde a "falta de uma base legal sólida e regulamentação específica para o uso de pequenos reatores modulares" à falta de mão de obra especializada, que ainda precisará ser treinada no uso dessa novidade tecnológica.
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rússia, alexandre silveira, brasil, alemanha, rosatom, inb, estados unidos, frança, nuclear, energia nuclear, exclusiva, reator nuclear, agência internacional de energia atômica (aiea), angra 1, angra 2
Em 'grande oportunidade', Rosatom traz tecnologia de geração nuclear de ponta para o Brasil
20:25 10.12.2024 (atualizado: 20:57 10.12.2024) Especiais
No início de dezembro, o Ministério de Minas e Energia firmou uma parceria com a Rosatom, estatal russa de atividades nucleares. Juntas, as duas partes criaram um grupo de trabalho que até o final de 2025 apresentará um acordo final para a cooperação nuclear entre os dois países.
Segundo o ministro
Alexandre Silveira, o Brasil tem trabalhado para desenvolver uma nova política nuclear que envolve
desde a mineração de urânio no país, hoje monopolizada pela estatal
Indústrias Nucleares do Brasil (INB), e a implementação de pequenos reatores nucleares modulares (small modular reactors [SMRs]).
Hoje, o Brasil conta com a sétima maior reserva de urânio do mundo, mesmo conhecendo apenas 26% do subsolo nacional. Para Silveira, o país tem o potencial de alcançar o posto de terceira maior reserva mundial.
"Contamos com a experiência da Rosatom para uma cooperação positiva e equilibrada entre as empresas brasileiras e russas. Que o nosso objetivo conjunto gere crescimento tecnológico robusto e seguro", disse Silveira
durante o evento realizado na segunda-feira (2).
Na Rússia, as atividades nucleares, desde a mineração de urânio, ao enriquecimento, pesquisas, construção e operação de reatores nucleares, são realizadas pela estatal Rosatom.
Enquanto isso, no exterior,
a companhia russa é responsável por mais da metade dos projetos de usinas nucleares em construção.
Por aqui no Brasil, no entanto, a atuação da Rosatom ainda está concentrada em produtos nucleares, como o fornecimento de radioisótopos para medicina nuclear e de combustível nuclear.
No evento com o ministério, a companhia russa destacou que há um potencial de desenvolver 1,1 gigawatt (GW) de geração nuclear até 2035, sendo 0,6 GW na modalidade onshore com 12 reatores e 0,5 GW offshore com dez reatores, ou seja, dentro da tecnologia pioneira de SMRs.
Desde que iniciou seu programa nuclear, o Brasil vem estabelecendo parcerias com nações ocidentais como Estados Unidos, Reino Unido, Alemanha e França para avançar na produção da energia atômica e no sonho já alcançado de dominar o ciclo de enriquecimento de urânio.
Em dois episódios famosos da história nuclear brasileira, o Brasil foi passado para trás pelos supostos parceiros. No primeiro, a mando do presidente da Comissão de Energia Atômica dos Estados Unidos, Lewis Strauss, militares britânicos apreenderam centrífugas de enriquecimento de urânio produzidas na Alemanha logo antes de serem enviadas ao Brasil.
No outro, 20 anos mais tarde, a Alemanha vendeu ao Brasil um processo experimental de enriquecimento de urânio, via tecnologia jet nozzle. Pesquisas iniciais apontavam a inviabilidade da tecnologia e, não podendo continuar as pesquisas em seu próprio solo, os alemães as terceirizaram para o Brasil descobrir por si mesmo a ineficiência do método.
Da mesma forma, esses países estão representados no desenvolvimento das usinas nucleares brasileiras. Angra 1 foi construída pela norte-americana Westinghouse, enquanto Angra 2 pela alemã Siemens KWU.
Para Inayá Lima, coordenadora do Programa de Engenharia Nuclear (PEN) do Instituto Alberto Luiz Coimbra de Pós-Graduação e Pesquisa em Engenharia (Coppe) da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), a possível entrada da Rosatom no mercado de geração de energia brasileiro é "uma grande oportunidade para o país", que precisa diversificar suas fontes e reduzir a dependência de fontes fósseis.
Ainda que tenha uma matriz consistida majoritariamente de hidrelétricas, em períodos de baixa estação e seca o Brasil ainda se vê obrigado a acionar as termelétricas, baseadas em combustível fóssil.
"A Rosatom, com sua vasta experiência em tecnologia nuclear e segurança, pode trazer ao Brasil não só expertise técnica, mas também soluções de energia nuclear mais eficientes e sustentáveis", destaca a pesquisadora.
Nesse sentido, destaca-se a oferta da instalação de pequenos reatores nucleares no país. A Rosatom é pioneira no desenvolvimento dessa tecnologia. A companhia russa foi a primeira a conectar um SMR à rede energética nacional ao ligar a unidade flutuante Akademik Lomonosov à cidade de Pevek.
Segundo a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), são considerados pequenos reatores modulares aqueles com potência elétrica de até 300 megawatts (MW) e capacidade de instalação variável.
Na crista dos avanços tecnológicos, hoje há cerca de 50 projetos de reatores nucleares modulares em estudo e desenvolvimento em todo o mundo.
Essa flexibilidade, diz Lima, é uma das grandes vantagens dos SMRs. "Diferentemente dos grandes reatores que exigem grandes investimentos iniciais e uma infraestrutura complexa, os SMRs podem ser produzidos em fábricas e instalados em locais menores e mais remotos."
Além disso, diz a pesquisadora, eles possuem uma pegada de carbono menor, exigindo menos combustível para operar por mais tempo sem a necessidade de reabastecimento. Outro benefício pouco falado desses modelos é a sua segurança.
"Eles são projetados com sistemas passivos de segurança, o que significa que, em caso de falha, a própria arquitetura do reator pode evitar acidentes graves sem depender de intervenção humana ou energia elétrica externa."
Essas vantagens indicam o modelo ideal para um país como o Brasil, onde grandes distâncias aumentam os custos de transmissão de energia e a maior parte da população se encontra perto do litoral ou de um grande rio, facilitando seu posicionamento em embarcações.
Esses modelos ainda podem ser usados para gerar energia para localidades específicas, que demandam muita energia, como fábricas.
Do mesmo modo, tamanha flexibilidade faz com que esses reatores possam atuar para aplacar a chamada "curva do pato", momento no fim do dia em que a demanda por energia elétrica sobe e a produção de origem solar decai.
Ainda assim, ressalta Lima, há desafios para a implementação dos SMRs no Brasil, desde a "falta de uma base legal sólida e regulamentação específica para o uso de pequenos reatores modulares" à falta de mão de obra especializada, que ainda precisará ser treinada no uso dessa novidade tecnológica.
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