Mauro Faccio Gonçalves nasceu em 18 de janeiro de 1934, em Sete Lagoas, Minas Gerais. Ainda em sua cidade natal, começou a representar, fazendo participações em dramas no teatro. Aos 23 anos, foi para Belo Horizonte estudar arquitetura, mas abandonou o curso no ano seguinte para se dedicar a programas de humor e novelas da Rádio Inconfidência. Também trabalhou na TV Itacolomi, uma emissora mineira, e, paralelamente, como bancário. Foi a convite do humorista Manoel da Nóbrega, criador do programa 'Praça da Alegria', que Mauro Gonçalves se mudou para o Rio, em 1963.
No Rio, esteve em humorísticos na TV Excelsior, TV Rio e TV Record. Depois, participou do 'Café sem Concerto', na TV Tupi. Foi neste programa que encarnou pela primeira vez Zacarias, personagem que, mais tarde, seria um dos quatro protagonistas do humorístico 'Os Trapalhões'. A princípio, Zacarias era um garçom esquisito que aprontava grandes confusões. O personagem chamou a atenção de Renato Aragão, o Didi, criador dos 'Trapalhões', grupo que existia desde 1966, na TV Excelsior – quando o programa ainda se chamava 'Adoráveis Trapalhões' e contava, além do próprio Renato Aragão, com Manfried Santana (Dedé), Wanderley Cardoso, Ivon Curi e Ted Boy Marino. Com a saída de alguns integrantes, entraram no grupo Antônio Carlos Bernardes (Mussum) e, em 1974, Mauro Gonçalves. Com membros diferentes, o grupo passara pela TV Excelsior, TV Record e TV Tupi – nesta, Mauro Gonçalves juntou-se aos 'Trapalhões', fechando a formação consagrada do quarteto: Didi, Dedé, Mussum e Zacarias. A partir daí, Mauro Faccio Gonçalves ficaria conhecido como Zacarias.
Início na Globo
Em 1976, os 'Trapalhões' foram contratados pela Globo e deixaram a TV Tupi. Eles estrearam na emissora em dois programas especiais, exibidos em janeiro e fevereiro de 1977. Logo em seguida, em março, criaram um programa próprio, 'Os Trapalhões', que ficou no ar até 1994. Durante este tempo, o programa passou por algumas poucas alterações – tendo sido as mais significativas a presença do público assistindo aos esquetes (1982), a utilização de gravações externas (1983), a transmissão ao vivo do programa (1988) e a inserção de quadros de personagens fixos, como 'Trapa Hotel' (1990), 'Vila Vintém' (1992), 'Agência Trapa Tudo' (1992) e 'Nos Cafundós do Brejo' (1993) –, mas manteve como base os esquetes isolados protagonizados pelo quarteto.
Os Trapalhões: O arqueiro
Em entrevistas, Mauro Gonçalves contava que Zacarias havia sido inspirado em um tipo folclórico de sua cidade natal – um sujeito tímido, mas meio engraçado, que fazia muito sucesso com as crianças. Por seu jeito ingênuo e infantil, o personagem foi aquele que mais ficou identificado com as crianças entre todos os trapalhões. O programa ficou no ar com edições inéditas até 1994 – quando, depois da morte de Antônio Carlos Bernardes (o Mussum) e Zacarias, o quarteto já era apenas uma dupla. De 1994 até o ano seguinte, foram exibidos programas com os melhores momentos desde 1977.
Os Trapalhões: Quem é o pai?
Em 1982, Silvio Santos, dono do SBT, chegou a tentar a contratação do grupo, sem sucesso. Entre 1983 e 1984, o grupo passou por uma crise que quase os levou à separação. Renato Aragão chegou a fazer um filme sozinho, 'O Trapalhão na Arca de Noé' (1983), de Del Rangel, enquanto os três colegas fizeram, sem ele, o filme 'Atrapalhando a Suate' (1983), de Victor Lustosa e Dedé Santana. Seis meses após terem anunciado a separação, eles se reconciliaram e voltaram a gravar juntos. No carnaval de 1988, o grupo foi homenageado no tema do samba-enredo da escola Unidos do Cabuçu.
Durante sua passagem pela Globo, Zacarias também participou dos programas especiais da campanha 'Criança Esperança', promovida pela emissora e pelo Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), em prol dos direitos da infância e da adolescência. A campanha foi lançada no programa especial em homenagem aos 20 anos de carreira dos Trapalhões, exibido pela Globo em 28 de dezembro de 1986.
Cinema
Paralelamente, o comediante também atuava no cinema. Seus três primeiros filmes – 'Tô na Tua, Ô Bicho' (1971), de Raul Araújo, 'O Fraco do Sexo Forte' (1973), de Osíris Parcifal de Figueroa, e 'Deu a Louca na Mulheres' (1977), de Roberto Machado –, não eram destinados ao público infantil. A partir de 1978, no entanto, com Os Trapalhões na Guerra dos Planetas, de Adriano Stuart, fez mais de 20 filmes com os três colegas de grupo, sempre com enorme sucesso entre as crianças. Seu último filme, Uma Escola Atrapalhada, de Del Rangel, também contou com os Trapalhões e estreou em 1990.
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