Por Memória Globo

Memoria Globo

Jornalista com passagens pelo jornal 'Última Hora' e pela revista 'Cláudia', começou a trabalhar na televisão como ator, fazendo pequenos trabalhos nos teleteatros dos anos 1950. Estreou como autor em 1958, na TV Tupi, escrevendo para o programa 'Grande Teatro Tupi'.

Contratado pela TV Record em 1964, passou a escrever novelas adaptadas de textos radiofônicos. Ao lado de Roberto Freire, lançou 'Renúncia', baseada na radionovela de Oduvaldo Vianna, e que inaugurou o horário de novelas daquela emissora. Escreveu ainda 'Marcados pelo Amor' e 'Banzo', ambas em 1964; 'Somos Todos Irmãos, de 1966'; e 'Os Miseráveis', adaptação do romance de Victor Hugo, em 1967.

Em setembro de 1967, Walther Negrão voltou à TV Tupi, onde trabalhou como ator na novela 'Os Rebeldes', de Geraldo Vietri. No ano seguinte, ao lado de Geraldo Vietri, escreveu a novela 'Antônio Maria', que foi um sucesso de público e de crítica. Em 1969, foi autor de 'Nino, o Italianinho', novamente junto com Geraldo Vietri, que também produziu e dirigiu a novela.

Trabalhei nos bastidores de televisão, fui desde contrarregra até editor – não editei na máquina, mas editava o texto do capítulo, junto com o editor de imagem –, por isso tenho uma visão das dificuldades do veículo. Quando leio algo interessante para ser adaptado, já vejo se aquilo vai criar mais problema do que solução, e se é mais fácil inventar uma história do que aproveitar aquela já escrita. Por outro lado, nós autores já temos uma visão cinematográfica, a capacidade de síntese, de pegar para transpor o que realmente interessa em termos de conflitos humanos. Podemos simplificar cenas complicadas de serem realizadas".
Depoimento - Walther Negrão: Início na Globo (1969)

Depoimento - Walther Negrão: Início na Globo (1969)

Na Globo

Walther Negrão foi contratado pela Globo ainda em 1969, colaborando com Hedy Maia e Sérgio Cardoso na adaptação do romance 'A Cabana do Pai Tomás', de Harriet Beecher Stowe. Inicialmente gravada em São Paulo, a novela teve sua produção transferida para a sede da emissora no Rio de Janeiro após um incêndio no estúdio paulista. Em 1970, escreveu sua primeira novela original para a Globo: 'A Próxima Atração', dirigida por Régis Cardoso. No ano seguinte, retornou para a TV Record e escreveu a novela 'Editora Mayo, Bom Dia'.

De volta à Globo, em 1972, Walther Negrão escreveu uma das suas tramas de maior sucesso: 'O Primeiro Amor'. Estrelada por Sérgio Cardoso e Rosamaria Murtinho, a novela foi dirigida por Walter Campos e Régis Cardoso e exibida no horário das 19h. O sucesso de O 'Primeiro Amor' deu origem ao seriado 'Shazan, Xerife & Cia'. – criado a partir de dois personagens da novela –, que ficou no ar de 1972 a 1974. Dirigido ao público infantil, o seriado usava elementos circenses e mensagens educativas, tendo como eixo central as aventuras dos mecânicos Shazan (Paulo José) e Xerife (Flávio Migliaccio). Um dos destaques da cenografia era a “camicleta”, mistura de caminhão e bicicleta, cheia de geringonças acopladas.

Inventei o Shazan e Xerife para as crianças, o Xerife principalmente, e também para as mães e para as avós pois ele era um órfão na verdade. Fiz uma análise e criei a turma do Rafa de motocicleta que seria o antagonista natural da bicicleta. Eram uns vilões light".

Em 1973, Walther Negrão escreveu 'Cavalo de Aço', dirigida por Walter Avancini. A novela começou discutindo o tema da reforma agrária, porém sofreu seguidas intervenções da censura e teve a trama sucessivamente modificada. Primeiro, foi transformada em uma história de amor. Em seguida, houve nova mudança: a partir de uma campanha antidrogas do Governo Federal, passou a retratar o tráfico de entorpecentes. Após nova intervenção, a saída encontrada pelo autor foi a morte do vilão Max, interpretado por Ziembinski, e a transformação definitiva da novela em trama policial, o que acabou rendendo grande audiência.

No ano seguinte, Walther Negrão escreveu 'SuperManoela', com a direção de Reynaldo Boury, em que contava a história da empregada doméstica Manoela, interpretada por Marília Pêra. Em 1975, transferiu-se novamente para a TV Tupi, onde lançou a novela 'Ovelha Negra', ao lado de Chico de Assis, seu parceiro nas duas obras seguintes: 'Xeque Mate' (1976) e 'Cinderela 77' (1977). Na Tupi, escreveu também 'Roda de Fogo', em 1978.

Walther Negrão voltou à Globo em 1980, como roteirista da novela 'Chega Mais', escrita pelo cronista Carlos Eduardo Novaes. Em seguida, foi convocado para conduzir a trama de 'As Três Marias', inspirada no romance de Rachel de Queiroz, inicialmente escrita por Wilson Rocha. Voltaria a ser escalado para dar sequência a uma novela em 1981, em 'O Amor é Nosso', de Roberto Freire e Wilson Aguiar Filho.

Em 1981, Negrão retomou sua produção individual e assinou 'Picnic Classe C', adaptação de uma coletânea de contos e crônicas de Oswaldo Molles, para a série Tele-romance, da TV Cultura. Em 1983, com a colaboração de Amílcar Monteiro Claro, escreveu a novela 'Pão-Pão, Beijo-Beijo', na qual apresentou uma nova dupla de personagens criados para o público infantil: Ciro (Cláudio Marzo) e Soró (Arnaud Rodrigues). Na novela seguinte, 'Livre para Voar' (1984), viriam Pardal e Gibi, vividos por Tony Ramos e Fernando Almeida.

Em seguida, Walther Negrão foi chamado para supervisionar De 'Quina pra Lua' (1985), escrita por Alcides Nogueira a partir de um argumento de Benedito Ruy Barbosa. Seguiram-se, então, 'Direito de Amar' (1987), 'Fera Radical' (1988), que teve a colaboração de Luiz Carlos Fusco e Ricardo Linhares, e 'Top Model' (1989), que o autor escreveu em parceria com Antonio Calmon.

Cláudio Marzo, Maria Cláudia, Edwin Luisi, Elizabeth Savala, Cássio Gabus Mendes e Élida L'Astorina em Pão-Pão, Beijo-Beijo, 1983 — Foto: Nelson Di Rago/Globo

Minisséries

Em 1991, Walther Negrão escreveu sua primeira minissérie na Globo: 'O Sorriso do Lagarto', adaptada da obra de João Ubaldo Ribeiro, em parceria com Geraldo Carneiro. No ano seguinte, voltou às novelas com 'Despedida de Solteiro', dirigida por Reynaldo Boury, Carlos Manga Junior e Cláudio Cavalcanti. A seguir, em 1994, assinou outra minissérie, 'A Madona de Cedro', adaptação da obra de Antonio Callado, em parceria com Charles Peixoto e Nelson Nadotti. Ainda no ano de 1994, Walther Negrão escreveu 'Tropicaliente, cuja trama central girava em torno de uma colônia de pescadores. Gravada em Fortaleza, a novela teve a direção de Gonzaga Blota, Rogério Gomes e Marcelo Travesso. No elenco, Silvia Pfeifer, Herson Capri, Francisco Cuoco, Selton Mello, entre outros.

Tropicaliente: Ramiro reencontra Letícia

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Em seguida, escreveu 'Anjo de Mim' (1996), com a colaboração de Elizabeth Jhin, Ângela Carneiro e Vinícius Vianna. A novela abordava o tema do espiritismo, a partir das regressões a vidas passadas, e contava no elenco com nomes como Tony Ramos, Tássia Camargo e Herson Capri.

Em 1998, com a colaboração de Elizabeth Jhin, Márcia Prates e Júlio Fischer, Walther Negrão escreveu 'Era uma Vez…', novela que fazia referência a diversos clássicos da literatura infantil e do cinema. No elenco, estavam Elias Gleiser, Cláudio Marzo, Andréa Beltrão e Drica Moraes, entre outros. No ano seguinte, assinaria 'Vila Madalena', novela ambientada no bairro paulista que contava a trajetória de um ex-detento, Solano Xavier, injustamente condenado. Interpretado por Edson Celulari, o personagem – após cumprir pena de sete anos de prisão – procura retomar sua vida.

Em 2004, foi autor de 'Como uma Onda', uma trama contemporânea dirigida por Dennis Carvalho e Vinicius Coimbra, com Alinne Moraes, Henry Castelli, Débora Duarte e Herson Capri, entre outros. A novela foi a primeira na Globo a ter um ator português como protagonista: Ricardo Pereira. Em seguida, Walther Negrão escreveu 'Desejo Proibido' (2007). Com Eva Wilma, Lima Duarte e grande elenco, a novela é ambientada na década de 1930, na fictícia Passaperto, e conta a história de padre Miguel (Murilo Rosa) e Laura (Fernanda Vasconcelos).

Com Maria Adelaide Amaral como parceira titular adaptou, em 2003, 'A Casa das Sete Mulheres', romance de Letícia Wierzchowski, em formato de minissérie. A trama girava em torno de sete mulheres da família do líder da Farroupilha, Bento Gonçalves, que passam a conviver juntas enquanto os homens da família estão em conflito com as tropas do império. Com representações de importantes personagens históricos, 'A Casa das Sete Mulheres' ganhou diversos prêmios, entre eles o Grande Prêmio da Crítica, concedido pela Associação Paulista de Críticos de Arte e o Prêmio INTE, o Oscar da Indústria Televisiva Latina, nas categorias melhor minissérie, melhor ator (Thiago Lacerda) e melhor diretor (Jayme Monjardim).

A Casa das Sete Mulheres: Manuela (Camila Morgado), Dona Ana Joaquina (Bete Mendes), Dona Maria (Nívea Maria), Perpétua (Daniela Escobar), Caetana (Eliane Giardini), Mariana (Samara Felippo) e Rosário (Mariana Ximenes). — Foto: Acervo/Globo

Em 2010, estreou sua 21ª novela na Globo, 'Araguaia'. A trama, ambientada às margens do rio Araguaia, na região Centro-Oeste do Brasil, foi indicada ao Emmy Internacional em 2011, na categoria melhor telenovela, mas não levou o prêmio.

Em 2013, Negrão assinou mais uma novela: 'Flor do Caribe', exibida às 18h, na TV Globo. Tendo como uma de suas marcas as tramas litorâneas e ensolaradas, em 2016, escreveu 'Sol Nascente', também para o horário das 18h. Para a obra, contou com a parceria de Suzana Pires e Júlio Fischer, os dois parceiros assumiram a novela quando Negrão precisou se ausentar para tratar um problema de saúde. Em seus mais de quarenta anos na Globo, Walther Negrão escreveu muitos sucessos, sendo 24 telenovelas, 3 minisséries e 2 seriados.

EXCLUSIVO MEMÓRIA GLOBO

Depoimento:  Walther Negrão: Inovações em novelas

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Webdoc sobre o programa Shazan, Xerife & Cia com entrevistas exclusivas do Memória Globo.

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Entrevista exclusiva do autor Walther Negrão ao Memória Globo, em 18/04/2001, sobre a censura à novela Cavalo de Aço.

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Webdoc sobre a novela Top Model com entrevistas exclusivas do Memória Globo.

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Webdoc sobre a minissérie A Casa das Sete Mulheres com entrevistas exclusivas do Memória Globo.

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