Por Memória Globo

Walter Clark Bueno  era o filho mais velho de Milton Nascimento Bueno, técnico em eletrônica, e da dona de casa Lúcia Clark. Sua irmã se chamava Lilian Clark. A família se mudou para o Rio de Janeiro quando Walter tinha seis anos. Aos 16, começou a trabalhar – como auxiliar e secretário do radialista Luís Quirino – na Rádio Tamoio, de Assis Chateaubriand. Em seguida, passou a trabalhar em publicidade, contratado pela agência Interamericana. Iniciou sua carreira na televisão em setembro de 1956, contratado pela TV Rio para o cargo de assessor comercial. Passou por diversas funções e chegou a ser o principal executivo da antiga emissora, de onde saiu quase dez anos mais tarde, para assumir a direção da TV Globo, em dezembro de 1965.

Contratado por Roberto Marinho, Walter Clark tornou-se primeiro diretor-executivo – responsável por reestruturar o setor comercial e, sobretudo, reformular a programação –, depois diretor-geral da Globo. Inaugurada oito meses antes, em abril de 1965, até então a emissora apresentava modestos pontos de audiência no Rio de Janeiro, ficando atrás da TV Rio, da TV Excelsior e da TV Tupi.

Walter Clark nos bastidores do Jornal Nacional, 1977 — Foto: Ronald dos Santos Fonseca/Agência O Globo

Enchente de 1966

A virada da Globo foi iniciada ainda em fevereiro de 1966, quando, por determinação de Walter Clark, a emissora interrompeu sua programação durante três dias para realizar a cobertura completa das enchentes que então atingiram a cidade do Rio de Janeiro. Graças a uma campanha de assistência à população desabrigada, batizada 'SOS Globo', a Globo, que já vinha apresentando sensíveis melhoras nos seus índices de audiência, ganhou definitivamente a simpatia do público carioca.

Boni

Walter Clark foi o responsável pela contratação – para o cargo de superintendente de produção e programação –, em março de 1967, de José Bonifácio de Oliveira Sobrinho, o Boni, com quem trabalhara na TV Rio e que o ajudaria a implantar o modelo de programação que levou a Globo ao posto de líder de audiência no país. Juntos, trouxeram para a emissora a noção de continuidade e foi deles a ideia de levar ao ar um programa jornalístico intercalando duas novelas, na faixa de programação considerada o horário nobre. Também foi obra dos executivos a estruturação do núcleo de novelas da Globo e a criação de diversos programas de grande sucesso, como o 'Fantástico' (1973) e o 'Globo Repórter' (1973), entre outros.

Walter Clark privilegiou, ainda, a linha de shows da emissora, valorizando eventos como o 'Festival Internacional da Canção' (1967), o FIC, cujas edições eram transmitidas ao vivo do ginásio do Maracanãzinho, no Rio de Janeiro, e criando programas como o 'Globo de Ouro' (1966), baseado em 'Astros do Disco', um antigo sucesso da TV Rio.

Saída da Globo e carreira como produtor de cinema

Walter Clark deixou a Globo em maio de 1977. Afastado da televisão, teve uma breve carreira como produtor de cinema, produzindo alguns clássicos como 'Bye Bye Brazil' (1979), de Cacá Diegues, e 'Eu Te Amo' (1980), de Arnaldo Jabor, cujas sequências foram filmadas no interior do apartamento do próprio Walter Clark. Também tiveram sua produção – em associação com Luiz Carlos Barreto – os filmes 'A Estrela Sobe' (1974), de Bruno Barreto, 'Guerra Conjugal' (1975), de Joaquim Pedro de Andrade, e 'O Crime do Zé Bigorna' (1977), de Anselmo Duarte e Lauro César Muniz.

Voltou a trabalhar na televisão, em 1981, como diretor-geral da Rede Bandeirantes, cargo que ocuparia até o ano seguinte. Em 1988, trabalhou novamente na TV Rio, e escreveu – com o jornalista Gabriel Priolli – sua autobiografia, 'O Campeão de Audiência', publicada em 1991. Entre 1991 e 1992, presidiu a Fundação Roquette Pinto.

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Walter Clark foi casado quatro vezes e teve cinco filhos. Morreu aos 60 anos, em 24 de março de 1997, no Rio de Janeiro, vítima de um infarto decorrente de uma crise de hipertensão.

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