Por Memória Globo

Renato Velasco/Memória Globo

Wagner Moura é considerado um dos mais talentosos atores de sua geração, com trabalhos apreciados pela crítica na televisão, teatro e cinema. Muito requisitado, é um profissional absolutamente seletivo. Só assina contrato por obra fechada, jurou para si que não iria mais emendar um trabalho em outro e, agora, começa a dar passos sólidos em uma carreira internacional. Conquistou o público como o Capitão Nascimento, do filme 'Tropa de Elite', e, na televisão, estreou como o mocinho Gustavo de 'A Lua me Disse'. E fez grande sucesso com o vilão Olavo, em 'Paraíso Tropical'.

Wagner Moura na novela 'Paraiso Tropical' — Foto: João Miguel Júnior/Globo

Sucesso no cinema

"Pede pra sair! Pede pra sair!” Essa é, provavelmente, a fala mais famosa do cinema brasileiro nos anos 2000. Seu autor, o Capitão Nascimento, protagonista de 'Tropa de Elite', de José Padilha (2007), teve uma presença tão forte, tão marcante, que também estrelou a continuação do blockbuster brasileiro. E 'Tropa de Elite 2: O Inimigo Agora é Outro' (do mesmo diretor, 2010) não decepcionou. Muito pelo contrário; fez uma carreira ainda mais brilhante que o filme original: arrebatou o maior público da história do cinema nacional, com 11 milhões de espectadores, e ainda foi escolhido como o representante do Brasil candidato à indicação do Oscar de melhor filme estrangeiro em 2011. Uma série de fatores contribuiu para essa história de sucesso, e certamente um deles tem nome e sobrenome: Wagner Moura.

Ele já era considerado um dos mais talentosos atores de sua geração. Havia feito trabalhos apreciados pela crítica na televisão, teatro e cinema. Wagner Moura é um ator muito requisitado. E absolutamente seletivo. Só assina contrato por obra fechada, jurou para si que não iria mais emendar um trabalho em outro e, agora, começa a dar passos sólidos em uma carreira internacional. No final de 2011, por exemplo, ele estava no Canadá, rodando uma produção internacional, o longa 'Elysium', do diretor sul-africano Neill Blomkamp, o mesmo de Distrito 9. Em 2015, virou estrela internacional ao interpretar o traficante colombiano Pablo Escobar, na série para uma plataforma de streaming, 'Narcos'.

Na televisão, estreou como o mocinho Gustavo de 'A Lua me Disse', onde fez par romântico com Adriana Esteves, no papel de Heloísa. E fez grande sucesso com o vilão Olavo, em Paraíso 'Tropical'.

Na Globo

O sucesso que Wagner fez no cinema, colheu na televisão também. Ele havia feito um filme com Antonio Fagundes, 'Deus é Brasileiro', de Cacá Diegues (2003), que acabou com um convite de Fagundes para que Moura vivesse o filho de Bino, em 'Carga Pesada'. Fez, ainda, o seriado 'Sexo Frágil' e, logo em seguida, foi convocado para protagonizar sua primeira novela na Globo, 'A Lua Me Disse', de Maria Carmem Barbosa e Miguel Falabella, em 2005. “A primeira coisa que eu fiz na Globo foi uma participação na 'Grande Família'. Eu estava louco para fazer, queria muito aparecer na televisão, que minha mãe me visse ali. E logo na 'Grande Família', um negócio ótimo. Já 'A Lua Me Disse' é algo do qual me orgulho de ter feito e agradeço às pessoas. Porque aquela novela foi muito importante para muitos atores que estão lá no Nordeste. Sou um nordestino, não era exatamente o arquétipo do cara bonito que poderia ocupar aquele lugar. E, depois, quando Lázaro Ramos também começou a pegar papéis importantes na novela, que além de nordestino, é negro, aquilo teve uma importância política grande para a televisão e para a autoestima dos caras que estão em Salvador, Paraíba, nos outros estados. Foi uma das melhores experiências que tive como ator”, acredita.

Adriana Esteves e Wagner Moura em 'A Lua Me Disse', 2005 — Foto: João Miguel Júnior/Globo

Wagner Moura voltou para a telinha, em 2005 no quadro 'Sitcom.br', exibido pelo 'Fantástico'. No ano seguinte, se destacou, vivendo o presidente Juscelino Kubitschek, em 'JK', minissérie de Maria Adelaide Amaral e Alcides Nogueira. Mas foi como Olavo, em 'Paraíso Tropical', novela de Gilberto Braga e Ricardo Linhares, em 2007, que o ator “estourou” na televisão. Na trama, viveu um executivo mau-caráter e protagonizou cenas memoráveis ao lado de Camila Pitanga, intérprete da prostituta Bebel.

Wagner Moura e Camila Pitanga em 'Paraíso Tropical', 2007. — Foto: João Miguel Júnior/Globo

Por sua atuação na novela 'Paraíso Tropical', arrebatou inúmeros prêmios naquele ano, como melhor ator: Prêmio Tudo de Bom, do jornal O Dia, Prêmio Qualidade Brasil, Prêmio Quem, Prêmio Extra de Televisão, Prêmio Melhores do Ano, Troféu APCA, Troféu Imprensa e Prêmio Contigo, além do Prêmio Faz Diferença, do jornal O Globo. “Eu era um ator conhecido, tinha feito cinema, mas virei um ator realmente popular quando fiz 'Paraíso Tropical' e, logo depois, 'Tropa de Elite'. Então, foram duas coisas que me colocaram em um lugar de muita exposição”, lembra.

'Paraíso Tropical' (2007): Bebel (Camila Pitanga) e Olavo (Wagner Moura)

'Paraíso Tropical' (2007): Bebel (Camila Pitanga) e Olavo (Wagner Moura)

'Paraíso Tropical' (2007): Final de Olavo (Wagner Moura)

'Paraíso Tropical' (2007): Final de Olavo (Wagner Moura)

Jornalista na Bahia

Wagner Maniçoba de Moura nasceu em Salvador. Seu pai era sargento da Aeronáutica e, por isso, a família morou em vários lugares. Inclusive no Rio de Janeiro. Mas foi mesmo na capital baiana que ele cresceu e iniciou sua vida profissional, primeiro no jornalismo, após cursar Comunicação na Universidade Federal da Bahia. “Trabalhei no Correio da Bahia. E cheguei a ter uma assessoria de imprensa, que divulgava projetos de cultura. Mas rapidamente faliu, porque eu trabalhava muito para meus amigos de dança e teatro, que não tinham dinheiro para pagar”, ri. O teatro, porém, falou mais alto que o jornalismo: “Quando eu tinha 12, 13 anos, foi terrível, eu não me enquadrei bem na escola. Não me sentia aceito pelas outras crianças. Meu apelido era ‘Óvni’ – era estranho. Eu tinha uma amiga, também meio outsider, e começamos a fazer teatro. Eu, que era muito quieto, nas peças fazia direito. Fomos fazer parte de um grupo de teatro amador e, imediatamente, entendi que aquelas eram as pessoas que tinham a ver comigo. Passei rapidamente da condição de óvni a uma pessoa conhecida na escola, que agitava as coisas. Montei até uma banda. Na faculdade, fui fazendo teatro, me envolvendo e, daqui a pouco, estava trabalhando no teatro profissional da Bahia, ganhando um pouco de dinheiro com aquilo, fazendo comerciais também”, conta.

O divisor de águas no início da carreira de Wagner Moura foi a peça 'A Máquina', em 2000, em que atuou ao lado de atores como Lázaro Ramos e Vladimir Brichta. A peça excursionou por várias cidades e fez muito sucesso no Rio e em São Paulo, tornando-os atores conhecidos e possibilitando convites para atuar na televisão. Wagner Moura, no entanto, aproveitou o sucesso repentino para, como diz, “surfar na onda da retomada do cinema nacional”. Fez 'O Homem do Ano', de José Henrique Fonseca, 'Carandiru', de Hector Babenco, e 'Deus é Brasileiro', todos em 2003. Em 2005, reviveu 'A Máquina' na tela grande, com direção de João Falcão, e Cidade Baixa, de Sérgio Machado.

Wagner Moura também se dedicou a alguns projetos de teatro, após anos sem pisar nos palcos. Em 2008, por exemplo, viveu 'Hamlet', na montagem dirigida por Aderbal Freire Filho. E voltou a dedicar algum tempo à sua banda 'Sua Mãe', com amigos dos tempos de faculdade, na Bahia. Ele é o vocalista e já se apresentou em programas como 'Altas Horas', de Serginho Groisman. Em 2012, cantou ao lado dos músicos Marcelo Bonfá e Dado Villa-Lobos num tributo ao líder do grupo Legião Urbana, Renato Russo, morto em 1996.

Em setembro de 2013, entrou em cartaz nos cinemas brasileiros o filme 'Elysium', estreia do ator em Hollywood. Em 2015, ao interpretar Pablo Escobar na série 'Narcos', o ator ficou mundialmente conhecido. No filme 'Marighella' (2021), estrelado por Seu Jorge, foi diretor e roteirista. No ano seguinte integrou a equipe de dubladores de 'O Gato de Botas: O Último Pedido', mais um trabalho internacional. Seja no teatro, no cinema ou televisão, Wagner Moura vai construindo uma carreira de atuações de destaque, colecionando sucessos. E continua sendo apontado, sempre, como um dos mais talentosos e virtuosos atores de sua geração.

Fontes

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