Por Memória Globo

Memória Globo

Viviane Sepe de Marco é jornalista por profissão e por paixão. Impulsionada pelo amor à notícia e pelo gosto por uma vida sem rotina, trocou relações públicas pelo jornalismo. E foi o frisson das redações que ditou a vida dela dali para frente. Vivi de Marco, como ficou conhecida, fez carreira em edição de telejornais. Passou pelo São Paulo Já, Bom Dia São Paulo e Jornal Nacional. A partir de 1999, levou para os Estúdios Globo a experiência que adquiriu na redação. Vivi participou da estruturação e criação do Mais Você e teve curtas passagens pelo Vídeo Show e Domingão do Faustão. Acabou fixando suas raízes ao lado de Ana Maria Braga, tornando-se diretora-geral de seu programa.

Viviane de Marco. — Foto: Globo

Filha dos advogados Luiz de Marco Neto e Maria Julia Sepe de Marco, Vivi de Marco nasceu em São Paulo, em 12 de dezembro de 1954, e garante que seu “instinto livre e solto, próprio do sagitarianos” veio de berço. Desde os tempos em que cursava Comunicação nas Faculdades Integradas Alcântara Machado (FIAM), sentia que o trabalho era parte importante da vida de uma pessoa. Por isso, a escolha da carreira que seguiria para o resto da vida tinha que juntar vocação e paixão. No último ano da graduação, em 1979, Vivi começou a trabalhar como redatora do boletim de divulgação da TV Bandeirantes e, em pouco tempo, conquistou espaço na redação. Para ela, “foi um pulo, porque estava no sangue”.

No Jornal da Band, trabalhou com produção até ser chamada para organizar o setor de jornalismo de uma nova afiliada da emissora no Maranhão. Aceitou o desafio, o que impulsionou sua carreira. “Foi uma grande escola profissional. Quando eu voltei para São Paulo, assumi o cargo de editora-chefe do Jornal da Noite, na Bandeirantes.” Editou as matérias das coberturas das Diretas Já (1983-1984), da Queda do Muro de Berlim (1989) e, por fim, da Guerra do Golfo (1991). Naquele ano, tirou licença médica após trabalho intensivo na cobertura do conflito no Oriente Médio. Enquanto estava afastada, foi convidada para trabalhar na Globo.

Zé Emílio Ambrósio estava tocando o projeto de implantação do 'São Paulo Já', lançado em julho de 1990, e se lembrou de Vivi, por ser “raçuda” e “ter experiência de trabalhar na guerrilha”, brinca a jornalista. O foco era dar força às notícias regionais. Era um projeto ambicioso. Depois desse trabalho, Vivi de Marco seguiu sua trajetória na Globo no 'SP 2'. Em um ano se tornaria editora-executiva do 'Bom Dia São Paulo', onde ficaria até 1993. Para ela, a mudança foi fundamental: “Eu desabrochei em termos de criatividade, obviamente pautada pela informação, pela notícia, mas com tempo mais flexível. Eu gostava muito de trabalhar uma pauta não só inspirada no factual.” O formato do 'Bom Dia' permitia que a equipe levasse ao ar matérias um pouco mais descontraídas. Por ocasião dos 15 anos do telejornal, por exemplo, fizeram a primeira transmissão ao vivo do Globocop, helicóptero do jornalismo da Globo: “O jornalista e apresentador Carlos Tramontina sobrevoou o rio Tietê, mostrando seu estado, e chamamos uma matéria sobre o processo de despoluição”. A edição foi ao ar em abril de 1992. A rotina de editora-executiva começava com a leitura do material preparado pela equipe da madrugada, para elaboração das manchetes do dia, e terminava com o fechamento do texto, ao lado dos âncoras.

''São Paulo Já – 1ª edição

Quando saiu do 'Bom Dia', Vivi foi para o 'São Paulo Já – 1ª edição', exibido apenas no estado, entre 1990 e 1996, no horário do 'Jornal Hoje'. Foi justamente neste telejornal que a editora começou a desenvolver, aos poucos, um formato mais voltado para a família – uma característica que foi, posteriormente, incorporada ao Hoje. “A gente buscava assuntos que interessassem da dona de casa ao jovem que estava fazendo vestibular. E o jornal se firmou”, lembra. Nessa época, o SP Já exibiu uma notícia que incluía receita culinária. E foi um sucesso de audiência. Como lembra Vivi, a colheita de cogumelos em Sorocaba, interior paulista, havia sido farta, e os supermercados estavam vendendo o alimento por preços baixos. Vivi de Marco teve uma ideia: “E se a gente descobrisse como faz esse cogumelo em conserva, como é vendido no supermercado?” A equipe decidiu segurar a matéria para o dia seguinte e gravar o passo a passo da receita, em uma cozinha fora do estúdio. A matéria teve muita audiência, o que permitiu que notícia aliada à culinária ganhasse mais espaço no telejornal dali em diante. Quando o 'São Paulo Já' acabou, em 1996, o 'Jornal Hoje' adotou esse estilo descontraído de abordar as notícias.

'Jornal Nacional'

Em 1995, Vivi de Marco recebeu um convite para trabalhar como editora da praça paulista do 'Jornal Nacional'. Ali, segundo ela, ficava claro o trabalho de um bom editor: cuidado com a decupagem do material bruto e a fina capacidade de síntese. O principal desafio era fazer a notícia caber no tempo estipulado, respeitando os espaços para o silêncio e a lágrima. E destacou a experiência de ter trabalhado em parceria com repórteres, como Ernesto Paglia, Graziela Azevedo e Marcos Uchoa.

Enquanto trabalhou no 'JN', participou da cobertura do caso da Favela Naval. Em março de 1997, o telejornal exibiu uma reportagem especial que mostrava um grupo de policiais extorquindo dinheiro e espancando pessoas em uma blitz, durante três dias, em Diadema, na Grande São Paulo. Vivi de Marco, ao lado do repórter Marcelo Rezende, teve o primeiro contato com o material bruto e comenta que “era praticamente inédito expor a corrupção e a violência policial na televisão”. As imagens compradas de um cinegrafista amador incluíam cenas fortes, como o assassinato de um rapaz de 29 anos pelos oficiais. “O editor tem que ter coragem para lidar com situações fortes”, destaca.

“Era a responsabilidade de falar para o país inteiro o que de mais importante havia acontecido no dia. São Paulo é uma praça muito ativa. Tínhamos de colocar toda a informação em um tempo curto, mas sempre com clareza. O rigor da informação e a emoção são o condimento deste veículo.”

Em 1998, Vivi de Marco decidiu deixar o 'JN' para acompanhar o marido em um projeto nos Estados Unidos. Permaneceu por lá durante um ano como editora do canal de notícias CBS, cujo sinal era retransmitido no Brasil pelo SBT, mas na TV a Cabo.

Foi nos Estados Unidos que recebeu a ligação de Amauri Soares, então diretor de jornalismo da Globo São Paulo, com a informação de que Ana Maria Braga estava deixando a Record, e que a Globo precisava dela para ajudar a criar o novo programa. Vivi de Marco uniu o útil ao agradável. Em 1999, a parceria com a CBS dava sinal de que não ia durar muito tempo; além disso, Vivi sempre fora apaixonada por culinária e programa de variedades. Aceitou a proposta e levou sua experiência em jornalismo para ajudar a encontrar o tom certo do 'Mais Você'. Começou como editora-chefe, responsável pela produção de conteúdo do programa.

Seu primeiro encontro com Ana Maria Braga se deu nos corredores da Globo de São Paulo, já localizada no bairro de Vila Cordeiro. “Ela me recebeu com alegria e felicidade. Começamos a trabalhar e discutir ideias. Fomos experimentando e fazendo pilotos. Fui me encantando com a ausência de um formato definido. Foi um rompimento com a forma”. O 'Mais Você' trazia uma estrela e seu fiel escudeiro, o Louro José, de outra emissora. A princípio, quando exibido à tarde, o programa tinha ênfase em culinária e artesanato. Com o tempo, principalmente após a passagem para o horário da manhã, em 2000, as matérias jornalísticas voltadas para moda, beleza, comportamento, saúde e trabalho ganharam mais espaço.

Para a estreia, a equipe gravou pilotos durante dois meses, até encontrar um formato que agradasse a todos. E, em 18 de outubro, às 13h40, o Brasil recebia Ana Maria Braga em casa.

Em 2001, quando o programa passou para a faixa das oito horas da manhã, a equipe enfrentou outro desafio: dialogar com o público masculino que permanecia diante da TV após o término do 'Bom Dia Brasil'. “O clichê levava a pensar em um programa feminino. E eu me lembro de ir à banca de jornal comprar revistas masculinas para vasculhar esse universo. A gente aprendeu alguns truques, falando coisas como: ‘Olha o que o seu marido gosta’, cochichando com a mulher sobre um universo que interessa também ao homem”. O importante era surpreender.

“Ana Maria estreou com tudo o que tinha direito: rabo de cavalo, luvinha, o louro. Houve um perfeito entrosamento dos dois lados.”

Em março de 2008, a produção foi transferida de São Paulo para os Estúdios Globo, antigo Projac, no Rio de Janeiro. E no dia 13 de abril de 2009, a equipe ganhou um novo cenário, uma casa construída em meio à Mata Atlântica, apelidada de Casa de Cristal, por causa de suas paredes de vidro.

Justamente naquele ano, Vivi de Marco deixaria o 'Mais Você' para um breve período como editora no 'Vídeo Show', seguido de uma experiência de outro semestre no 'Domingão do Faustão', como diretora. Ela recebeu o convite do próprio Faustão quando passava pelos corredores da emissora. Aceitou, mas permaneceu por pouco tempo. Em meados de 2010, ela estava de volta ao 'Mais Você', agora como diretora-geral.

Nesta terceira fase do programa, os assuntos que vão ao ar passam a ser idealizados em duas reuniões: a de camarim e a de pauta. Essa última reúne praticamente a equipe inteira do 'Mais Você', independentemente das áreas de atuação. Se alguém tiver uma boa ideia, Vivi garante, está valendo. As sugestões de pautas vêm de eventos do cotidiano, notícias, assim como cenas de novela e dramas da ficção.

A jornalista acredita que Ana Maria Braga consegue se conectar com as pessoas e, por isso, a cobertura de algumas tragédias e acontecimentos de grande peso no Brasil e no mundo passaram a ser comentadas no 'Mais Você'. Segundo Vivi, a apresentadora consegue explicar, em uma linguagem simples, aquilo que os telejornais de rede não destrincharam, por conta do tempo curto.

Vivi de Marco, Ana Maria Braga, Louro José e Boninho — Foto: Joao Miguel Junior/Globo

O 'Mais Você' já cobriu três Copas do Mundo, por exemplo, mostrando os bastidores e fazendo transmissões ao vivo. Vivi de Marco também destaca as viagens de Ana Maria Braga para ancorar o programa em espaços não convencionais, como quando a apresentadora esteve perto do Papa Bento XVI, em sua visita a Aparecida do Norte, em 2007.

Nas enchentes de Santa Catarina, em novembro de 2008, Ana Maria foi a Blumenau mostrar o drama e os esforços de voluntários no atendimento aos desabrigados. Vivi de Marco lembra que a apresentadora percorreu de helicóptero as áreas mais atingidas e entrou, ao vivo, no dia seguinte.

A TV pode emocionar de diversas maneiras, pela risada, pela alegria, pela vontade de comer uma comida gostosa. Mas a gente também mostra histórias reais e acredita que a força do veículo pode ajudar a diminuir as dores.

Um dos maiores orgulhos profissionais de Vivi é ver que ideias e informações apresentadas no programa são capazes de mudar a vida dos telespectadores. Vivi de Marco conta que a equipe se esforça diariamente para ler todos os e-mails com sugestões e encontra muitos casos de pessoas que levaram adiante seus sonhos com o incentivo do programa. Muitos se tornaram empresários, fazendo da culinária uma forma rentável de ganhar a vida. O famoso “acorda menina” motiva muitas pessoas. “Essas histórias de superação são nosso combustível no dia a dia”.

EXCLUSIVO MEMÓRIA GLOBO

Webdoc sobre o nascimento do Louro José no programa Mais Você, com depoimentos exclusivos ao Memória Globo.

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Webdoc com depoimentos exclusivos ao Memória Globo, sobre a história de dona Lázara e sua filha Cleusa, que conseguiram abrir o próprio negócio através de receitas ensinadas no Mais Você.

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Webdoc sobre a chegada da poodle Belinha no programa Mais Você, com depoimentos exclusivos ao Memória Globo.

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FONTE:

Depoimentos concedido ao Memória Globo em 12/09/2014 e 29/07/2019.
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