Memoria Globo

Silvia Faria respirava notícia 24 horas por dia, sete dias na semana. “A notícia é o alimento da minha vida, então eu faço isso com prazer”. Escolheu dedicar-se ao jornalismo econômico desde os tempos de faculdade, mas, ao longo da carreira, enveredou por outras áreas, tendo coordenado os mais diversos tipos de coberturas. Entrou na Globo em 2001, como chefe de redação de Brasília, depois de ter passado por grandes veículos de comunicação: Folha de S. Paulo, O Globo, O Estado de S. Paulo e revista Época. Em 2004, assumiu o cargo de diretora de jornalismo de Brasília e, em 2012, de diretora de jornalismo da Globo, onde ficou até dezembro de 2020.

Jornalista tem que viver do seu trabalho, saber o que pode fazer para ser respeitado. Ser uma pessoa criteriosa, isenta, imparcial.

Silvia Faria em entrevista ao Memória Globo, 2018 — Foto: Fabricio Motta/ Memoria Globo

Trajetória

Silvia Correa de Faria nasceu em Astolfo Dutra, Minas Gerais. Filha do funcionário público Waldemiro Correa de Faria e da dona de casa Marília de Dirceu Oliveira Faria, formou-se em jornalismo pela Universidade de Brasília e fez MBA em gestão empresarial na Fundação Dom Cabral. Começou a trabalhar, como estagiária, no Jornal de Brasília em 1978, enquanto cursava a universidade. Seu primeiro emprego foi na Folha de S. Paulo, onde permaneceu entre 1980 e 1986, tendo se dedicado, desde o começo da carreira, ao jornalismo econômico.

Eu sempre fui repórter de economia. Você começa com agricultura, depois passa pela indústria, que é um pouco mais complexo, só depois pelo mercado financeiro. Fui aprendendo aos poucos.

Em 1987, foi convidada a trabalhar na sucursal brasiliense do jornal O Globo, como repórter especial, onde ficou por dois anos. Em 1989, a jornalista cobriu o Plano Verão, implementado pelo ministro da Fazenda Maílson da Nóbrega durante o governo Sarney. Sobre as dificuldades do exercício do trabalho jornalístico em Brasília, Silvia é enfática ao se reportar à experiência no jornal O Globo no início da sua carreira.

Após sua saída de O Globo, teve uma passagem rápida pelo boletim semanal Relatório Reservado antes de voltar para a Folha. Até que decidiu partir para uma nova experiência: conhecer o governo por dentro. Foi porta-voz da então ministra Zélia Cardoso de Mello por cinco meses, durante o Plano Collor, até a saída dela, em maio de 1991. Em seguida, retornou para O Globo.

Silvia Faria continuaria na busca pela ampliação de seus conhecimentos na área econômica: foi trabalhar no Banco Central. “Eu queria entender os mecanismos da autoridade monetária. Fui para o Banco Central num período muito trabalhoso. Passei por todas as crises: da Rússia, do México, da Argentina, dos Tigres Asiáticos, inclusive a nossa depois”. Ficou pouco mais de dois anos no Banco, entre 1997 e 1999, até ser chamada para dirigir o jornal O Estado de S. Paulo, onde ficou até 2001. De lá, partiu para uma rápida experiência na revista Época.

Do impresso à TV

Em outubro de 2001, assumiu o cargo de chefe de redação da Globo em Brasília, a convite de Luiz Cláudio Latgé, diretor regional. “Eu não sabia o que era uma passagem, o que era um off, essas terminologias de TV. Imagina, viver em jornal, em revista, e, de repente, cair na televisão. É tudo muito diferente”. Como chefe de redação em Brasília, acompanhou acontecimentos importantes da história do país, como a campanha eleitoral de 2002, que levou à presidência Luiz Inácio Lula da Silva, e a posse.

Em meados de 2004, Silvia assumiu a direção de jornalismo de Brasília, tendo liderado a cobertura do Mensalão, desde as primeiras notícias, em maio de 2005, até o fim do julgamento, em março de 2014. “Trabalhei ativamente, inclusive na apuração”. Silvia também comandou transformações expressivas nos telejornais locais Bom Dia DF, DF1 e DF2, com a mudança de âncoras, criação de quadros, presença de comentaristas e troca de cenários.

O Bom Dia DF, por exemplo, que tinha 30 minutos de duração, passou a ter 45. Como é muito cedo, requer muita estrutura para a informação ao vivo. Essa é a primeira característica de um jornal matutino. Como é longo e aborda muitos assuntos comunitários, requer comentaristas, entrevistas em estúdio. São recursos para explicar melhor a informação.

Na sua gestão à frente de Brasília, ganhou destaque o Globo Esporte local: “A cidade de Brasília tem características que permitem explorar outros esportes que não só futebol. Tem esporte amador; é a cidade onde mais se tem corrida de rua, trilhas para bicicleta, aproveita-se muito o lago para fazer esportes náuticos”.

De chefe de redação à diretora de Jornalismo

A partir de dezembro de 2011, além de fazer a supervisão dos telejornais de rede, a jornalista ficou responsável pelo controle editorial dos noticiários locais de Brasília, Belo Horizonte e Recife, assim como dos programas 'Globo Repórter', 'Profissão Repórter' e 'Globo Mar'. Já no mês seguinte, foi convidada a ocupar o cargo de diretora executiva da Central Globo de Jornalismo, com base no Rio de Janeiro, coordenando coberturas importantes, como o julgamento dos acusados pelo esquema do Mensalão no STF.

Com a sucessão de Octávio Florisbal por Carlos Henrique Schroder na direção-geral da Globo, Silvia Faria assumiu, em setembro de 2012, a direção de Jornalismo da emissora, no lugar de Ali Kamel, que passou a responder pela direção-geral de Jornalismo e Esportes.

Depoimento - Silvia Faria: Incêndio na Boate Kiss (2013)

Depoimento - Silvia Faria: Incêndio na Boate Kiss (2013)

Nessa função, o grande desafio é estar sempre pronta para qualquer coisa que aconteça em qualquer lugar do mundo. Não se trata de um desafio de conteúdo, é um desafio de operação.

A greve dos caminhoneiros, que parou o país em maio de 2018, foi outro desafio para a diretora de Jornalismo. A paralisação e os bloqueios de rodovias em 24 estados e no Distrito Federal causaram indisponibilidade de alimentos e remédios, escassez e alta de preços da gasolina. “A gente conseguiu corresponder ao desafio de ficar dez horas ininterruptas no ar, ao vivo. Derrubamos a grade, desde o programa da Ana Maria Braga, pela manhã, até o final do Video Show, à tarde. Foi uma mobilização emocionante, sempre com orientação editorial para não causar pânico. Cobrimos com imparcialidade, tentando mostrar o que estava acontecendo sem dar muita opinião”, destaca.

Para Silvia, a greve dos caminhoneiros foi um exemplo de mobilização das equipes da Globo por todo o país: “Não tinha nada programado, ninguém estava sabendo que no dia seguinte essa greve ia parar o país como parou por vários dias seguidos. Foi um show de cobertura. Dá muita satisfação saber que as pessoas conseguem se organizar e corresponder rapidamente a demandas urgentes como essa”.

Outra grande cobertura coordenada por Silvia Faria foi a da operação Lava Jato, que teve início em março de 2014. A jornalista destaca o cuidado na documentação e checagem das informações: “Tudo que é dito, é documentado. Temos o maior banco de dados da Lava Jato do Brasil. Todo documento que chega é decupado e arquivado. Além disso, tudo que a gente faz é checado com muita seriedade, a gente não faz denúncia se não tiver 100% de certeza”.

Silvia Faria em entrevista ao Memória Globo, 2018 — Foto: Memória Globo

Como diretora de Jornalismo, Silvia Faria também era responsável pela coordenação e planejamento das campanhas presidenciais, para governador, senador, deputado federal e estadual. Além de coordenar a cobertura das equipes de jornalismo nas cinco emissoras próprias da Globo (Rio, São Paulo, Recife, Brasília e Belo Horizonte), acompanhava as coberturas jornalísticas das 117 emissoras afiliadas. Sua rotina de trabalho era intensa.

Eu acordo às 5h40 da manhã, vejo as mensagens trocadas nos grupos de redes sociais de todas as equipes. Faço a leitura dos jornais para conversar com os editores, tanto da GloboNews, do G1, quanto dos jornais de rede. Aí o 'Bom Dia' sai do ar, eu vou para a emissora e só vou encerrar presencialmente depois do 'Jornal Nacional'. Eu gosto de acompanhar tudo isso, tem muito da minha personalidade trabalhar com a notícia. A notícia é o alimento da minha vida, então eu faço isso com prazer.

Silvia Faria deixou a Globo em 31 de dezembro de 2020, sendo substituída na função por Ricardo Villela, então diretor-executivo de jornalismo. Em seu último ano na empresa, Silvia se dedicou às coberturas da pandemia e das eleições municipais.

Fonte:

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