Por Memória Globo

Bob Paulino/Memória Globo

Filha do químico Roberto Henrique Belluomini e da dona de casa Vera Vaz Belluomini, Roberta Vaz teve sua primeira experiência profissional na TV Bandeirantes, como estagiária. Morou por um breve período no exterior e, na volta ao Brasil, após passar também pelo SBT, entrou para a Globo. Sempre no 'Fantástico' e em São Paulo, foi produtora de reportagem, chefe de produção, editora executiva e, atualmente, é chefe de redação. Nessa trajetória, participou de coberturas de destaque, como o acidente com o avião da Gol, o sequestro da jovem Eloá, o incêndio da Boate Kiss, e contribuiu para a criação de quadros fixos, como o 'Tá Limpo', que popularizou o Dr. Bactéria.

Roberta Vaz em sua mesa de trabalho — Foto: Bob Paulino/Memória Globo

O que me encantou quando vim para cá é o quanto no Fantástico a gente precisa ser diferente dos outros. Você tem que fazer com que a sua criatividade, o seu repertório, trabalhem para ser diferente em um programa que é a maior revista brasileira em televisão aberta

Aos 35 anos, Roberta Vaz chegou ao 'Fantástico' como produtora de reportagem, em São Paulo. Foi indicada por Alberto Villas, com quem já havia trabalhado na Bandeirantes e SBT. Uma de suas primeiras experiências foi gravar o quadro 'Repórter Por Um Dia', com a jogadora de basquete Hortência. Durante a gravação, percebeu que tudo estava em suas mãos: definir as locações, os entrevistados e dirigir a atleta, repórter de primeira viagem. “No início, você fica assustada com tanta estrutura, com tanta facilidade para fazer as coisas, com a vontade com que as pessoas compram e realizam ideias. Leva um ano para você perceber: ‘Agora eu posso trabalhar mais minha criatividade, posso trabalhar mais o conteúdo, pensar em coisas grandiosas’”, afirma.

Com essa perspectiva, Roberta propôs a criação, em 2005, do quadro 'Tá Limpo', que popularizou o médico Roberto Figueiredo como o Dr. Bactéria. Uma matéria inicial com ele sobre os perigos da proliferação de bactérias em churrascos teve tanta repercussão que a direção do 'Fantástico' decidiu abordar o tema várias vezes.

Chefe de produção

Quatro anos após ser contratada, a jornalista foi promovida a chefe de produção. Passou a coordenar o trabalho de produtores e repórteres, sendo também a ponte com os editores de texto. Antes da promoção, participou de coberturas marcantes em sua carreira, como a série de ataques do PCC em São Paulo, em 2006, quando uma das linhas de apuração foi mostrar como a facção criminosa surgiu e o que ela queria.

Logo depois, envolveu-se com a apuração das causas e consequências do acidente com o avião da Gol. Para comprovar que havia de fato uma área sem comunicação com as torres de controle, no espaço aéreo do Planalto Central, o 'Fantástico' alugou um jato Legacy, idêntico ao que se envolveu no acidente, e fez o mesmo trajeto. O investimento permitiu que o programa apresentasse, mais uma vez, um ângulo exclusivo da notícia.

Editora executiva

A jornalista recebeu uma nova promoção em 2011: tornou-se editora executiva, assumindo a função de Alberto Villas, que havia saído da Globo. Nesse período, houve acontecimentos especialmente importantes que mobilizaram a equipe. O incêndio na Boate Kiss, em Santa Maria (RS), em 2013, teve ampla cobertura no próprio domingo do acidente e, depois, foi tema de reportagens como a que mostrou uma réplica da boate, confeccionada nos Estúdios Globo, para denunciar as dificuldades de sair do local.

O acidente aéreo que vitimou o candidato à presidência Eduardo Campos, em 2014, também envolveu muitos profissionais. O produtor Rodrigo Vaz morava em Santos, soube da queda do avião e chegou ao local antes de qualquer outro repórter, após conversar por telefone com Roberta. “Depois começa a chegar bombeiro, polícia, aí eles cercam e você não entra mais. Mas ele se enfiou lá antes e de lá não saiu, ficou escondido e a gente conseguiu fazer uma cobertura com imagens inéditas”, conta.

O rompimento da barragem da Samarco em Mariana (MG), em 2015, mostrou mais uma vez a capacidade da equipe do 'Fantástico' de levar ao público um conteúdo exclusivo. O produtor Alan Ferreira conseguiu acesso à área da barragem quando ninguém da imprensa havia ido lá. No mesmo ano, um outro fato importante: o atentado terrorista em Paris.Todos os profissionais trabalharam durante o sábado e o domingo para que o programa pudesse trazer novos enfoques, como o relato de brasileiros no local.

Abuso na ginástica

Em 2018, a repórter Joana de Assis, da área de Esportes, levou até Roberta Vaz o resultado de um esforço de meses de investigação que revelou abusos sexuais cometidos pelo técnico da seleção olímpica de ginástica contra atletas menores de idade. Um furo de reportagem que gerou muitas consequências, entre as quais a demissão do treinador. “Ao lado da Joana, a gente colocou um dos melhores editores do 'Fantástico', o Wagner Suzuki, um cara muito cuidadoso, com experiência em matérias investigativas, que não deixa ponta solta, sabe exatamente quem procurar. Ele me mandou o texto sete da noite, a gente arrematou com o Renato Ribeiro e a Silvia Faria dando uma olhada. No outro dia, ainda houve alguns acertos, até ficar pronto”, detalha.

Chefe de redação

Com a mudança na direção do 'Fantástico', que passou às mãos de Bruno Bernardes, e o retorno de Álvaro Pereira Júnior à reportagem, Roberta Vaz assumiu em 2018 o seu lugar, tornando-se a chefe de redação em São Paulo. “Estou tendo que substituir um cara que é uma potência jornalística, sou agora uma das principais pessoas a fechar o programa. Uma enorme e nova responsabilidade. Uma coisa vai complementando a outra, como editora executiva você faz um pouco a mais do que fazia na chefia de produção, e assim por diante. Juntei tudo o que fazia em um pacote só e ganho todos os dias novas experiências”, avalia.

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