Por Memória Globo

Renato Velasco/Memória Globo

Renata Rodrigues Pacheco nasceu em Lambari, Minas Gerais, em 25 de dezembro de 1974, mas foi criada no Rio de Janeiro, para onde veio ainda criança. Cursou Jornalismo na PUC nos anos 1990, e concluiu um MBA em Gestão de Negócios, em 2016. O início na Globo se deu em 1998, no 'Domingão do Faustão'. Em 2000, foi contratada como produtora de reportagem no 'Fantástico'.

Nessa trajetória, participou de reportagens que marcaram a história do programa, como o incêndio da Boate Kiss, e da criação e desenvolvimento de quadros e séries, entre os quais 'A Fantástica Volta ao Mundo' e 'Diga uma Coisa Fantástica'.

Renata Rodrigues em depoimento ao Memória Globo — Foto: Renato Velasco/Memória Globo

Quando tem uma grande reportagem, atentado, uma cobertura internacional forte, existe uma mobilização enorme dentro da equipe. Todos passam a trabalhar juntos, unidos; é uma força-tarefa absurda para botar um programa no ar.

Início da carreira

No fim dos anos 1990, a filha de Adilson Pacheco, profissional de telecomunicações, e da professora Maria Cristina Rodrigues Pacheco, foi estudar inglês em Londres e fez um estágio informal no escritório da Globo. Acompanhou o trabalho dos repórteres, entre os quais Ana Luiza Guimarães, César Tralli, Beth Lima e Geneton Moraes Neto. Era o seu primeiro contato com a emissora, um sonho realizado com a ajuda de seu tio, o jornalista Ernesto Rodrigues, então chefe do escritório na Inglaterra.

Renata voltou ao Brasil em 1998, época em que surgiu uma vaga no 'Domingão do Faustão'. Conseguiu ser contratada para pesquisar fatos que pudessem interessar à atração, que não tinha um núcleo jornalístico. Como ficava fisicamente próxima à equipe do 'Fantástico', pôde conhecer os profissionais que faziam o programa. A partir de uma conversa, se juntou a eles.

“Um dia eu vi o Cadu [Carlos Eduardo Salgueiro], que hoje é o chefe de produção do 'Fantástico', comentando com alguém que ele ia fazer a reprodução do milésimo gol do Pelé. Era uma superprodução e ele estava sobrecarregado, com muita coisa para fazer em pouco tempo. Isso em 1999. Aí eu falei: ‘Quer que eu ajude’? Não sei como, ele conseguiu formalizar uma ajuda extraoficial. Arrumei um cantinho e me aboletei lá. Não deixava de fazer o que eu tinha que cumprir para o Fausto, mas tinha tempo suficiente para ajudar no milésimo gol”, conta.

Primeira matéria

Sua primeira matéria no 'Fantástico', sugerida por ela durante uma reunião de pauta, foi acompanhar uma seita que pregava o fim do mundo, na virada de 1999 para 2000. Proposta aprovada, a jornalista viajou a Juazeiro do Norte para documentar o autoflagelo e a vigília dos seguidores do grupo religioso. A matéria foi ao ar, agradou e meses depois Renata Rodrigues acabou contratada como produtora de reportagem.

Entre os trabalhos de destaque nessa época, para a jornalista, está a criação da Cápsula do Tempo. Com o objetivo de eternizar o ano 2000, o 'Fantástico' construiu uma estrutura de madeira naval, mais durável, e inseriu nela um arquivo com desenhos, relatos e histórias de crianças sobre o tempo em que viviam. O objetivo da iniciativa é que a cápsula seja aberta em 2100.

Volta ao mundo

Quatro anos depois, ela se envolveu na produção de um quadro especialmente desafiador: 'A Fantástica Volta ao Mundo', com Zeca Camargo. A primeira dificuldade que se apresentava era a obtenção de visto para os países nos quais ele poderia ir, dependendo da opção do público. Isso exigiu diversas viagens de Renata a Brasília, para visita a embaixadas. Quando o programa acabava, ela tinha que confirmar passagens aéreas em uma companhia e cancelar em outra, assim como fazia com os hotéis, em função do país escolhido. Ao todo, foram feitos 54 voos. Além disso, durante as viagens, não havia as facilidades de comunicação atuais, o que dificultava o envio do material produzido.

A 'Operação Bola de Cristal' também mobilizou a jornalista, em 2006. Idealizado pelo editor Luiz Petry, o quadro mostrava como as pessoas podem ser enganadas por falsos videntes. Com o apoio de um mágico e de um psicoterapeuta, criou-se um personagem, interpretado pelo ator Osvaldo Mil, que faria “adivinhações” com base em informações passadas pelas próprias pessoas, sem se dar conta disso. A função de Renata Rodrigues era encontrar quem se dispusesse a ir à emissora sem saber do que se tratava. Uma plateia com pessoas de idades, gêneros e classes sociais diferentes.

Sucesso de audiência, o campeonato 'Bola Cheia e Bola Murcha', que aconteceu em 2008, fez a produtora voltar ao Maracanã, estádio que marcou o início de seu trabalho no 'Fantástico', com o milésimo gol de Pelé. O quadro criado por Tadeu Schmidt levou o programa a receber centenas de vídeos e motivou a realização de uma partida entre os jogadores bons de bola e aqueles nem tanto. “Foi um trabalho de meses, porque era gente de todos os cantos do Brasil, muita gente do interior. Eu lembro que o Tadeu teve a ideia de botá-los num ônibus de time, um ônibus antigo para o Bola Murcha e um ônibus bonitão para o Bola Cheia”, diverte-se.

Caso Nardoni

No mesmo ano, uma entrevista em tom bem diferente, triste, mobilizou Renata Rodrigues. Ana Carolina, mãe de Isabela Nardoni, aceitou falar ao 'Fantástico' sobre o assassinato de sua filha. Foi difícil convencê-la, a jornalista Patrícia Poeta teve bastante habilidade para tratar a questão, que acabou emocionando tanto Renata quanto Patrícia, mães de filhos de idades próximas a de Isabela.

O desejo de abordar o universo feminino fez com que a produtora sugerisse, no final de 2008, a realização de um quadro em que mulheres ajudassem umas às outras em questões que julgassem importantes. A ideia, compartilhada com a jornalista Renata Ceribelli, foi concretizada com a criação da 'Liga das Mulheres', no ano seguinte. “A gente abriu um espaço na internet, com um e-mail específico para o quadro, e anunciamos no programa que quem tivesse problemas que a Liga pudesse solucionar poderia mandar mensagens. Foi um escândalo! O número de e-mails que recebemos superlotou a caixa”, diz.

Em fevereiro de 2012, pensando em retratar o Brasil em seus diversos sotaques, o quadro 'Diga uma Coisa Fantástica' permitiu que Renata Rodrigues conhecesse todas as capitais. Um púlpito móvel foi montado em cada cidade, com um megafone, sem que as pessoas soubessem que estavam sendo filmadas pelo 'Fantástico'. Quem desejasse poderia subir e falar, sem tema definido. “Houve muita declaração de amor, protestos, muito pedido de emprego, gente falava poesia. A gente costurou diferentes sotaques, o editor disso era um cara brilhante, o Renato Nogueira, que deu uma uniformidade aos depoimentos”.

Boate Kiss

O incêndio da Boate Kiss, em 2013, fez com que a produtora largasse a sua folga e voltasse para a emissora, pela dimensão da tragédia. O programa planejado para o domingo foi inteiramente alterado para dar lugar à cobertura do acontecimento. Na semana seguinte, Renata Rodrigues esteve em permanente contato com uma equipe dos Estúdios Globo para que uma reprodução fiel da boate fosse feita e permitisse aos telespectadores entender como era o ambiente em que estavam os frequentadores.

Também com a ajuda de profissionais dos Estúdios Globo, e com base em um trabalho primoroso de pesquisa, realizou-se em 2013 a matéria 'A Casa de 1973', para a comemoração dos 40 anos do 'Fantástico. Reproduziu-se fielmente uma residência com móveis, brinquedos e decoração do ano em que o programa começou a ser exibido. Coube à produtora encontrar uma casa onde fosse possível viabilizar tudo isso e uma família que concordasse em viver um fim de semana como pessoas do início da década de 1970.

Novo quadro feminino

Em 2015, Renata Rodrigues trabalhou em mais uma série que tinha o universo feminino como objeto. Em 'Mulher 5.0', a atriz e apresentadora Ana Furtado conversava com mulheres de 50 anos sobre questões importantes para elas, e coube à produtora encontrar personagens interessantes. No ano seguinte, ela teve o esporte como uma de suas prioridades, produzindo entrevistas e ajudando a estruturar o cenário para o trabalho de Tadeu Schmidt e Poliana Abritta no Parque Olímpico, durante a Olimpíada do Rio.

A partir de 2018, Renata passou a trabalhar com o 'Fant 360', projeto em que o 'Fantástico' faz gravações em 360 graus, para que o telespectador veja as imagens de uma perspectiva diferente, por todos os ângulos. A repórter Renata Ceribelli viaja com uma equipe treinada para isso, que inclui cinegrafista e técnico, além da produção. “Nessa nova temporada, eu fui para as Maldivas. A Renata fez mergulho, parasailing, seabob, a gente mostrou os bangalôs que ficam como palafitas no mar. Voltei de lá dizendo que fui realmente ao paraíso”, afirma.

Trabalhos em outros programas

Com pouco tempo de contratada, a produtora foi convidada a fazer parte da equipe que produziu o programa 'TV Anos 50', com Pedro Bial. Entre suas atribuições, quando o Google ainda engatinhava, era encontrar os primeiros jornalistas a atuarem em TV, tarefa que exigiu dias e dias de pesquisa na Biblioteca Nacional, no Rio. Ela não só descobriu o nome de um desses profissionais – Carlos Spera – como conseguiu acesso a latas de filme que sua esposa guardava.

A produtora participou também do núcleo de eleições em 2002 e 2006, que realizou debates entre os candidatos; da 'Caravana JN' (de ônibus), em 2006, e do 'JN no Ar' (de avião), em 2010, produzindo a ancoragem nas cidades visitadas; e de uma temporada do 'Globo Mar', quando fez quatro viagens, uma delas de 15 dias, em um barco em alto-mar, para mostrar como era a pesca de tubarão.

“A equipe do Globo Mar era guerreira. Eram vários guerreiros no mar, enfrentando as adversidades. Mas, vou te falar, prefiro estar em terra firme.”

Posteriormente, Renata assumiu o cargo de supervisora executiva de produção do 'Fantástico' e hoje em dia é coordenadora de produção internacional do programa.

FONTE:

Depoimento de Renata Rodrigues ao Memória Globo em 17/05/2018
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