O italiano Pietro Mario Francesco Bogianchini nasceu em 29 de junho de 1939, pouco antes da eclosão da Segunda Guerra Mundial, em setembro daquele mesmo ano. Veio com os pais para o Brasil em 1947 e logo começou a despertar para o mundo artístico. Ingressou em uma escola de teatro em 1958, e, no ano seguinte, quando foi inaugurada a TV Continental, viu abrir uma oportunidade para tornar-se profissional. Além de trabalhos na nova emissora, interpretou alguns papéis na TV Tupi, como a novela Gabriela, Cravo e Canela e o Grande Teatro Tupi. Naquela época, os recursos para grandes produções eram escassos, sendo comum a exibição de filmes estrangeiros. Foi assim que Pietro Mario – nome artístico adotado pelo ator – fez seus primeiros contatos com a dublagem.
Acervo pessoal Pietro Mario
CAPITÃO FURACÃO
1ª maquiagem de Pietro Mario para o Capitão Furacão. Acervo pessoal Pietro Mario
Com o
anúncio da inauguração da nova TV Globo, Pietro Mario foi selecionado para
compor o primeiro elenco de dramaturgia. Foi quando surgiu a ideia de fazer um
programa juvenil, colocando-o como apresentador. Assim surgiu Capitão Furacão,
cuja produção foi entregue a Hélio Tys. “Quando
inauguramos a emissora, no primeiro dia, eu contei a minha história. Hélio Tys
escreveu um pequeno monólogo contando a história do Capitão Furacão, que ele
havia enfrentado a tempestade. Havia sonoplastia, fazia-se uma encenação. A
repercussão do programa foi de imediato. No dia seguinte já havia uma multidão
de crianças na porta do estúdio, trazendo desenhos, modelinhos de maquetes, de
navios, até mesmo de casquinha de noz. E nós, diante daquela coisa assim tão
surpreendente, não tínhamos ainda onde guardar todo aquele material. Nós
tínhamos a nossa mesinha, num canto, e juntávamos todos os desenhos, modelinhos”.
O
sucesso do programa durou mais de cinco anos. Cercado de crianças, Capitão
Furacão, um oficial da marinha mercante, lia as cartas enviadas por
telespectadores e contava suas histórias do mar. Também fazia jogos, e apresentava
filmes curtos e desenhos animados – que, com o passar dos anos, foram ganhando
mais espaço na programação.
A partir do segundo ano, a atriz-mirim Elizangela, juntou-se ao elenco como fiel assistente do Capitão e líder dos grumetes dinâmicos, uma banda infantil, em que cada criança tinha o nome de um peixe. Além disso, os telespectadores poderiam se tornar grumetes – apelido dado aos fãs. Para isso, bastava enviar uma fotografia e a etiqueta de algum patrocinador, que recebia uma carteirinha de grumete trazia o nome oficial do sócio, sua foto e seu endereço, além da assinatura do capitão.
NA FRENTE DAS TELAS E POR TRÁS DE PERSONAGENS
Pietro
Mario teve também uma extensa atuação em novelas. Desde O Espigão (1974),
de Dias Gomes, até Deus Salve o Rei (2018), de Daniel Adjafre, atuou em
mais de 20 produções, além de seriados e programas como Linha Direta e Você
Decide. Mas talvez a atuação em que mais tenha se destacado foi a dublagem,
algo que exercitou desde o início da carreira.
“Em
princípio dublava revoltado. Eu estava começando minha carreira, com meus 18
anos. Estava atuando muito bem, com muitos trabalhos a serem realizados, saindo
com textos debaixo do braço, todos feitos ao vivo e, de repente, por força das
circunstâncias, me vi forçado a dublar”, conta ele, que emprestava a voz a
atores estrangeiros na extinta TV Tupi. Ao longo de sua carreira, exercitou
esse talento com alguns outros personagens célebres, como o mestre Yoda, da
trilogia Guerra nas Estrelas, e o Capitão Caverna, do desenho animado de mesmo
nome.
O ator
morreu em 31 de agosto de 2020 devido a uma parada cardiovascular.