Pedro Augusto Romeiro Roza nasceu em 14 de junho de 1947. Formou-se em Economia e em Direito, mas acabou enveredando profissionalmente pela área então conhecida como tecnologia da informação. Neste setor, começou sua carreira em uma curta experiência nas Páginas Amarelas.
Entrou na emissora em 1980 e já em 1982 se tornou diretor da Central Globo de Engenharia de Sistemas, onde montou o primeiro sistema de apuração das eleições. Posteriormente, Pedro Roza assumiu o cargo de diretor de desenvolvimento de negócios da Globo.com.
Começo da carreira
No fim dos anos 1960, como não havia no Brasil um curso de formação de profissionais de tecnologia da informação, foi para o Serviço Federal de Processamento de Dados (Serpro) fazer especialização. Ficou dois anos por lá e voltou para as Páginas Amarelas, onde permaneceu por 11 anos. Antes de ingressar na Globo, prestou consultoria para o antigo Banerj, o Banco do Estado do Rio de Janeiro.
A ida para emissora, em 1980, se deu por intermédio do então superintendente administrativo e financeiro da empresa, Miguel Pires Gonçalves, que Pedro Roza conhecia pessoal e profissionalmente. Entrou como assessor da Superintendência Executiva (SUEX), com atribuições variadas. O primeiro grande projeto com o qual se envolveu foi a negociação de contratos da Globo com suas afiliadas.
Outro projeto do qual participou foi o da construção da torre de transmissão da emissora na Avenida Paulista, em São Paulo. Houve atrasos na obra e a torre só foi concluída em 1983. Entre as razões do atraso, havia a impossibilidade de os operários trabalharem em épocas de muito vento, pois a torre balançava perigosamente no alto. Além disso, em diversas ocasiões, foi preciso parar o trânsito na Avenida Paulista para continuar o trabalho. Durante o período de construção da torre, pela própria natureza do projeto, Pedro Roza teve grande contato com a área de engenharia da Globo.
Desde o momento em que ingressou na Globo, Pedro Roza também se envolveu com a área de produção. Entre suas atribuições: racionalizar e otimizar processos e controlar custos das operações – isso não apenas no que dizia respeito à produção de programas de TV, mas também com relação às grandes coberturas jornalísticas, como a Copa do Mundo de 1982, na Espanha. Neste caso, também se envolvia em questões de negociação de transporte, hospedagem e infraestrutura para os funcionários.
Central Globo de Engenharia de Sistemas
Em 1982, assumiu o cargo de diretor da Central Globo de Engenharia de Sistemas. Na época, ele não tinha a intenção de se transferir para aquele setor, mas acabou convencido e ficou na área por mais de 15 anos. No novo cargo, suas atribuições se ramificavam em duas atividades complementares: desenvolvimento, implantação e manutenção dos sistemas de computador que suportavam as operações da empresa; e otimização e reengenharia de processos.
Naquele início de década de 1980, segundo Pedro Roza, as áreas mais bem servidas da empresa em tecnologia da informação eram o então Centro de Documentação (Cedoc), atual Acervo, e o setor comercial.
Entre 1983 e 1985, houve um esforço intenso para desenvolver e implantar um novo sistema comercial, além de introduzir sistemas nas áreas fins da empresa, como jornalismo, programação e produção. Com isso, foi ajudando os funcionários a desempenhar de forma mais eficiente determinadas tarefas. Boa parte desse processo foi feito com a ajuda dos próprios funcionários, a partir de suas demandas, de acordo com o que eles mostravam ser necessário para o seu trabalho.
Na área de jornalismo, Pedro Roza enfrentou dificuldades específicas para desenvolver sistemas de tecnologia da informação. Isso porque, diferentemente do que acontecia em outros setores da empresa, o jornalismo tinha – como tem até hoje – um processo de produção contínuo, que começa na definição da pauta e segue até a exibição do telejornal. Assim, era inviável informatizar apenas uma parte do processo, de modo que foi preciso implantar um sistema totalmente integrado no jornalismo da Globo.
Fora do Rio, também houve um trabalho de implantação de novos sistemas, principalmente nas unidades da Globo em São Paulo, Belo Horizonte, Brasília e Recife – mas o mesmo ocorreu, em graus diferentes, nas diversas afiliadas da emissora. Para que a operação das afiliadas funcionasse perfeitamente, a informatização compreendia, principalmente, três áreas: a comercial, para que a afiliada e a rede pudessem comprar e vender programas entre si; a de programação, para que fosse possível mudar a programação nacional para local no momento exato; e a de jornalismo.
Em 1982, sob a coordenação de Pedro Roza, a Globo montou o seu primeiro sistema de apuração das eleições. No dia 15 de novembro, ocorreriam as primeiras eleições diretas para governador após o regime militar, em um pleito que envolveu também a escolha de senadores, deputados estaduais e federais, prefeitos e vereadores. As eleições traziam, naquele ano, uma novidade: o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) decidiu informatizar a fase final da apuração.
Em 1984, a área de engenharia de sistemas desenvolveu uma novidade que seria usada nas transmissões da Olimpíada de Los Angeles daquele ano – e em todas as coberturas esportivas dali em diante. Tratava-se de um sistema que contabilizava números, como a quantidade de passes ou de chutes a gol em um jogo de futebol. Os primeiros sistemas implantados, no entanto, contemplavam números ligados ao vôlei.
Em 1985, Pedro Roza teve uma participação na experiência da Tele Monte Carlo, emissora italiana que foi comprada pela Globo. Ele acompanhou o processo de compra, bem como as tentativas de implantação de sistemas feitas por lá.
Globo.com
Pedro Roza também ajudou a desenvolver as primeiras operações ligadas à internet na Globo, em 1995, inclusive com o lançamento do primeiro website da emissora. Em 1998, por ocasião da Copa do Mundo da França, a empresa fez o seu primeiro site comercial, no qual foi vendida publicidade. Para fazer o site da Copa, uma equipe se valeu do esforço de diversos braços do Grupo Globo (TV Globo, jornal O Globo, Globosat, etc), que produziam material usado pela internet. Esta equipe seria o embrião do portal Globo.com, que entraria no ar em 2000, e do qual Pedro Roza seria o diretor.
Posteriomente, Pedro Roza assumiu o cargo de diretor de desenvolvimento de negócios da Globo. Nesta área, participou das negociações da parceria com a Telecom Itália, e no desenvolvimento de projetos para novas mídias. Foi o último cargo dele na emissora.
Roza morreu em 2004, aos 57 anos, vítima de um atropelamento.
FONTE:
Depoimento de Pedro Roza ao Memória Globo em 28/05/2001 |