Por Memória Globo

Memória Globo

Desde cedo Pedro Rogério esteve em contato com o ambiente literário: seu pai, também jornalista, era dono de uma das maiores bibliotecas particulares de Minas Gerais, com cerca de 20 mil livros. Tendo crescido cercado por livros, Pedro se define como 'outsider': "Eu não tenho curso universitário. Eu fiz o clássico, e depois não fiz mais nada. Naquela época, não se exigia diploma ao jornalista; exigia a atividade, ele tendo a atividade, ele conseguia o registro profissional. E assim eu obtive meu registro profissional". Pedro trabalhou nos jornais Última Hora e O Globo e, em 1978, iniciou sua trajetória na Globo.

Pedro Rogério — Foto: Frame de vídeo/Globo

Início da carreira

Pedro Rogério Couto Moreira nasceu em Belo Horizonte, Minas Gerais, em 16 de dezembro de 1946, filho de Vivaldi Moreira e Ibrantina Brandão Couto Moreira. Desde a infância, conviveu no ambiente literário: seu pai detinha uma das maiores bibliotecas particulares de Minas Geais; e seus tios, Edison e Pedro Paulo, eram donos da Livraria Itatiaia, onde Pedro Rogério trabalhou como balconista e travou contato com diversos escritores mineiros da época.

Começou sua carreira de jornalista no final da década de 1960, em São Paulo, como redator da Última Hora. Já no Rio de Janeiro, escreveu também para A Notícia. Trabalhou durante oito anos em O Globo, então sob o comando de Evandro Carlos de Andrade. Cumpriu diversas funções no jornal: foi redator, depois secretário gráfico, copidesque e chegou a subsecretário de redação.

Central Globo de Produção de Notícias

Pedro Rogério começou a trabalhar na Globo em 1978, como repórter de política. A primeira grande cobertura de que participou foi, ainda naquele ano, a das eleições para o Senado Federal e a Câmara dos Deputados. Na Globo, fez algumas reportagens na editoria Rio e participou da equipe da Central de Produção de Notícias (CPN), área criada para coordenar a produção de reportagens para os principais telejornais da emissora.

“O CPN era um pouco, vamos dizer assim, uma praça de guerra. Éramos uma espécie de ‘pilotos’. Tem uma chuva, enchente, manda o Pedro para lá ou manda fulano”.

EXCLUSIVO MEMÓRIA GLOBO

Webdoc sobre a cobertura da Abertura Política com entrevistas exclusivas do Memória Globo.

Webdoc sobre a cobertura da Abertura Política com entrevistas exclusivas do Memória Globo.

No final da década de 1970, a Globo ampliou a atuação de seus escritórios e sucursais, e o 'Jornal Nacional' passou a apresentar reportagens com temáticas regionais produzidas nos diferentes estados do país. Nessa época, o diretor de jornalismo Armando Nogueira destacou o repórter Pedro Rogério e o cinegrafista José Carlos Azevedo para cobrir a região da Amazônia. Os dois montariam um escritório na cidade de Belém, no Pará, e passariam a produzir várias matérias para os telejornais da emissora, mostrando a vida dos garimpeiros na corrida pelo ouro, em Serra Pelada, e a situação precária de rodovias como a BR-364, que liga Cuiabá a Porto Velho.

“Enfrentávamos a umidade avassaladora das florestas, além das altas temperaturas. Nós fomos para a Amazônia, não com equipamento eletrônico, mas com filme; o velho e bom filme. Então, os filmes que nós produzíamos lá nas reportagens, mandávamos de avião. Dependendo da urgência, ia para Brasília, que estava mais próximo, era revelado, editado e depois seguia para o Rio ou São Paulo. Eu e o Zé Carlos preparávamos a logística, dependendo da região que nós estivéssemos. Nunca tivemos problema com filme. O filme na Amazônia nunca velou e nunca tivemos um problema de som. E ainda tínhamos uma certa qualidade artística que o filme permite, muito bonita. Enfim, procurávamos inserir a Amazônia no cotidiano brasileiro. O telespectador passou a ter olhos e ouvidos para a Amazônia por obra do Armando Nogueira.”

Em relação à rodovia 364, a Cuiabá-Porto Velho, Pedro Rogério e José Carlos Azevedo produziram uma série de reportagens para o 'Jornal Nacional' e 'Jornal Hoje', mostrando o drama das chuvas naquela estrada sem pavimentação:

"Eram quilômetros de caminhões atolados, de motoristas chorando, às vezes, sem comida, tinham que andar na mata para pegar água no igarapé longe. Fizemos cenas incríveis de helicóptero, mostrando aquele panorama desolador, aqueles atoleiros incríveis e qual foi a nossa alegria? Depois das reportagens, o governo federal mandou asfaltar a rodovia.”

Reportagem de Pedro Rogério sobre as precárias condições de vida e trabalho no garimpo de Serra Pelada. 'Jornal Nacional', 07/05/1980.

Reportagem de Pedro Rogério sobre as precárias condições de vida e trabalho no garimpo de Serra Pelada. 'Jornal Nacional', 07/05/1980.

Reportagem de Pedro Rogério mostrando os danos causados pela chuva na BR-364, que liga Cuiabá a Porto Velho. 'Jornal Nacional', 17/04/1981.

Reportagem de Pedro Rogério mostrando os danos causados pela chuva na BR-364, que liga Cuiabá a Porto Velho. 'Jornal Nacional', 17/04/1981.

Posse de Tancredo Neves

Em seguida, Pedro Rogério foi convocado para reforçar a equipe de jornalistas na sucursal de Brasília. Na capital federal, cobriu as atividades do gabinete da Presidência durante o governo Figueiredo, chegando a acompanhá-lo em várias viagens oficiais. Participou, ainda, de outras coberturas marcantes da década de 1980, como a da primeira visita do papa João Paulo II ao Brasil, em 1980.

Reportagens de Ricardo Pereira e Pedro Rogério sobre a visita de João Paulo II a Salvador, onde uma menina enfrentou a multidão para entregar um presente ao Papa, Jornal Nacional, 07/07/1980.

Reportagens de Ricardo Pereira e Pedro Rogério sobre a visita de João Paulo II a Salvador, onde uma menina enfrentou a multidão para entregar um presente ao Papa, Jornal Nacional, 07/07/1980.

Reportagem de Pedro Rogério sobre os preparativos de Marituba, no Pará – cidade brasileira com o maior índice de hanseníase – para receber a visita do Papa João Paulo II, 'Jornal da Globo,' 07/07/1980.

Reportagem de Pedro Rogério sobre os preparativos de Marituba, no Pará – cidade brasileira com o maior índice de hanseníase – para receber a visita do Papa João Paulo II, 'Jornal da Globo,' 07/07/1980.

Nos anos 1980, também foram marcantes as coberturas das eleições de 1982 e a da eleição, seguida da doença e da morte do presidente Tancredo Neves, em 1985.

"Havia uma festa na véspera da posse do Tancredo e lá eu fiquei sabendo que o presidente estava prestes a ser internado. Eu fiquei sabendo por meio de um amigo, o Gilberto Amaral, colunista social, que me contou em particular porque ele era amigo de um dos médicos que estavam atendendo o Tancredo. Aí eu liguei para o Brito (Antônio) e ele não sabia. O Brito já era porta-voz do Tancredo, mas não tinha esta informação. ‘Brito, aconteceu isso, eu estava na casa de Israel Pinheiro ( deputado federal, na época) e escutei isso lá’. Lamentavelmente era verdade. Então, essa foi uma cobertura muito importante.”

Em reportagem para o 'Jornal Amanhã', Pedro Rogério entrevista políticos sobre o fim do AI-5, 01/01/1979.

Em reportagem para o 'Jornal Amanhã', Pedro Rogério entrevista políticos sobre o fim do AI-5, 01/01/1979.

Jornal da Globo: Estreia (1979)

Jornal da Globo: Estreia (1979)

Na área de Esporte, o jornalista fez parte da equipe enviada para a cobertura da Copa do Mundo da Espanha, em 1982.

O jogador Zico sendo entrevistado por Pedro Rogério no café da manhã, 1983. — Foto: Lúcio Marreiro/Agência O Globo.

Pedro Rogério deixou a Globo em 1986. Ainda em Brasília, foi trabalhar com o jornalista Carlos Henrique, então diretor da sucursal do SBT. Após a experiência na televisão, o repórter passou ainda pela Rádio Globo e pela Radiobrás. Também trabalhou como diretor de marketing do Senado Federal.

Pedro Rogério publicou em 1997 seu primeiro livro, 'Hidrografia Sentimental', no qual relata as histórias do trabalho como repórter na Amazônia entre os anos de 1980 e 1982. Em maio de 2002, tomou posse na cadeira de número 38 da Academia Mineira de Letras, lugar que pertenceu a seu pai, o jornalista Vivaldi Moreira. É autor, ainda, de títulos como 'Almanaque do Pedrim', 'Bela Noite para Voar', 'Jornal Amoroso' e 'Jornal Amoroso – Edição Vespertina'.

FONTE:

Depoimento concedido ao Memória Globo por Pedro Rogério em 18/02/2004
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