Por Memória Globo

Paulo Jabur/Memória Globo

A imagem de Nathalia Timberg costuma ser associada às famosas vilãs que interpretou na TV. A razão de tantos papéis como antagonista, ela explica: “Eu dou um registro forte aos personagens, tanto na voz, quanto na imagem. E como o vilão precisa ser forte, isso pesa na escolha, não é?” São mulheres más que ficaram na memória do público. “O antagonista, quando é bom, leva a trama, porque se não há obstáculos a transpor, as coisas não acontecem, a história não avança”, analisa. Uma seleção de vilãs nota dez: na novela de Ivani Ribeiro, 'As Bruxas' (1970), da Tupi, ela foi Bagmor, a tia que enlouquece a sobrinha para roubar-lhe a herança. Na mesma emissora, viveu a poderosa Eleonora, em 'Rosa dos Ventos' (1973), de Teixeira Filho, em que disputava com a heroína Juliana (Wanda Stefânia) o amor do professor Antônio Carlos (Adriano Reys). Já na Globo, em 'A Sucessora' (1978), de Manoel Carlos, ela criou um clima sombrio na casa onde era governanta para afastar a heroína (Susana Vieira) do marido (Rubens de Falco).

O que me fascina é ser intérprete. O teatro vem de uma experiência desde pequena, das brincadeiras. O que me incomodava era ter que me exibir, mas meu corpo é o meu meio de expressão, eu sou o instrumento – e a obra não existe sem a exibição.

EXCLUSIVO MEMÓRIA GLOBO

Entrevista exclusiva da atriz Nathalia Timberg ao Memória Globo sobre sua origem.

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Entrevista exclusiva da atriz Nathalia Timberg ao Memória Globo sobre a descoberta da vocação.

Entrevista exclusiva da atriz Nathalia Timberg ao Memória Globo sobre a descoberta da vocação.

Início da carreira

Nathalia Timberg nasceu na cidade do Rio de Janeiro, em 5 de agosto de 1929. Filha de pai holandês e de mãe belga, estudou Belas Artes na antiga Universidade do Brasil, hoje Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Reconhecida por sua vasta carreira no teatro e na TV, foi no cinema, no entanto, que teve sua primeira experiência artística: aos seis anos, fez uma ponta na primeira filmagem – que se perdeu – de 'O Grito da Mocidade', de Raul Roulien (1936).

O início foi no teatro infantil de Olavo de Barros. Em 1948, no Teatro Universitário, movimento estudantil carioca nascido na Escola Nacional de Música. Pela atuação em 'A Dama da Madrugada', de Alejandro Casona, ganhou como prêmio do governo francês uma bolsa de estudos em Paris, onde estudou artes cênicas entre 1951 e 1954.

Nathalia Timberg em 'Escalada', 1975 — Foto: Acervo Globo

A atriz voltou ao Brasil aos 25 anos. E sob a direção de Bibi Ferreira, estreou como profissional na peça 'Senhora dos Afogados', de Nelson Rodrigues, encenada pela companhia no Theatro Municipal do Rio de Janeiro. Assumiu, em seguida, uma vaga no Teatro Brasileiro de Comédia (TBC), em São Paulo, onde permaneceu até 1962, atuando em peças como 'O Pagador de Promessas', de Dias Gomes, sob a direção de Flávio Rangel. Em 1964, recebeu o primeiro dos muitos prêmios Molière de sua carreira pela atuação como a artista Beatrice Stella Campbell em 'Meu Querido Mentiroso', de Jerome Kilty, dirigida por Antonio do Cabo. Voltaria a ganhar o mesmo prêmio em 1988, com a mesma peça, desta vez sob a direção de Wolf Maya.

Televisão

A TV entrou na sua vida em 1956, quando ela já era uma consagrada atriz de teatro. A porta foi aberta com o Grande Teatro Tupi. Ao ser contratada pela Globo, em 1965, trabalhou no primeiro telejornal da emissora, o Tele Globo, onde apresentava um quadro no qual lia crônicas. No mesmo ano, já estava escalada para a primeira novela na emissora: 'Um Rosto de Mulher', de Daniel Más, em que contracenou com atores como Cláudio Marzo, Emiliano Queiroz e Marília Pêra.

Grandes personagens

A atriz Nathalia Timberg é lembrada, sobretudo, pelas vilãs que interpretou. Em 'O Dono do Mundo' (1991), de Gilberto Braga e Ricardo Linhares, a personagem Constância Eugênia é tão inescrupulosa quanto o filho e principal vilão da novela, o médico Felipe Barreto (Antonio Fagundes). “Cheguei a ter gastrite por causa dela. Agora, me valeu um dos prêmios mais bonitos que já recebi: um homem, na rua, me disse: ‘Ai, que mulher horrorosa! Parabéns’”, lembra. Outra grande vilã vivida pela atriz foi a maquiavélica dona Idalina, sogra do barão Sobral, vivido por Reginaldo Faria, em 'Força de um Desejo' (1999), trama assinada por Gilberto Braga e Alcides Nogueira.

O Dono do Mundo: A rivalidade entre Olga e Constância

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Nathalia Timberg em 'Força de um Desejo', 1999 — Foto: Nelson Di Rago/Globo

Mas nem só as vilãs marcaram a carreira da atriz. Em 1964, interpretou seu primeiro grande sucesso em telenovelas, na famosa 'O Direito de Nascer', de Blasco Ibañes, exibida pela Tupi: a freira Maria Helena de Juncal. A veneração do público era tanta que realidade e ficção se misturavam, nas ruas. “Certa vez, uma senhora pediu para eu benzer um terço”, lembra.

Na lista dos grandes personagens, também há a doce e desmemoriada Cecília, que criava elegantes figurinos para suas bonecas na primeira versão de 'Ti-Ti-Ti' (1986), de Cassiano Gabus Mendes. No ano seguinte, mudou-se para TV Manchete e trabalhou em 'Pantanal' (1990), de Benedito Ruy Barbosa. Na novela, interpretou Mariana, sogra de José Inocêncio (Cláudio Marzo) e avó materna de Joventino (Marcos Winter).

Participou, ainda, de minisséries, seriados e especiais da Globo. Entre as minisséries, destacam-se 'Desejo' (1990), de Gloria Perez; 'JK' (2006), de Maria Adelaide Amaral e Alcides Nogueira; e 'Queridos Amigos' (2008), de Maria Adelaide Amaral. Em 2011, viveu Vitória Drumond, uma empresária durona, porém justa, na novela 'Insensato Coração', de Gilberto Braga. 'Em Amor à Vida' (2013), a atriz deu voz à Bernarda, uma senhora que encontrou o amor na terceira idade, quando começou a namorar Lutero (Ary Fontoura). Em 'Babilônia' (2015), Nathalia fez par romântico com Fernanda Montenegro. As duas deram vida à Estela e Teresa, respectivamente. Dois anos depois, atuou em 'O Outro Lado do Paraíso', de Walcyr Carrasco. Na novela interpretou Beatriz, uma mulher internada pela neta em uma clínica psiquiatra e se torna amiga e mentora da protagonista Clara, papel de Bianca Bin.

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