Por Memória Globo

Renato Velasco/Memória Globo

Mônica Sanches decidiu ser jornalista para contar as histórias das pessoas. Aos 16 anos, passou a distribuir donativos na Freguesia do Ó, zona norte de São Paulo, por meio da Pastoral do Menor, e começou a se deparar com realidades chocantes: “Você vê a fome na sua cara. Ali, comecei a querer ser repórter. Me deu vontade pelo ideal de justiça social”.

Nascida em São Paulo, em 14 de agosto de 1965, Mônica Sanches Galves formou-se em jornalismo na USP, Universidade de São Paulo. Filha do alfaiate, Ginez Galves Flores, e da dona de casa Aparecida Isabel Sanches Galves, conseguiu o primeiro estágio em jornalismo graças ao pai. ”Um dos clientes dele era o João Saad, o dono da TV Bandeirantes. Ele vinha acompanhando a minha trajetória”, lembra ela, que fez estágio para Serginho Groisman, redator da Band FM na época.

Na TV Bandeirantes, a jornalista apresentou o programa 'Dia a Dia'. Nesta época, ainda era estagiária. Em seguida, foi para o 'Jornal do SBT', na emissora de Silvio Santos. Após breve retorno à Bandeirantes, foi morar no Mato Grosso do Sul. Lá, trabalhou na TV Morena, afiliada da Globo. “Foram seis meses em que eu voei de tudo: ultraleve, monomotor, bimotor, jatinho. Tive histórias de correr na fronteira, fazer matéria de censo de jacaré para o 'Fantástico' ”.

Chegada na Globo

Mônica tornou-se repórter da Globo do Rio, em 1992. A jornalista começou no 'RJTV – 2ª edição' e chegou a ter uma coluna de cultura, que ia ao ar às sextas-feiras, chamada 'Espaço Cultural'. Ela se juntou à equipe comandada pela editora regional, Olga Curado, e pela editora-chefe do 'RJTV – 2ª edição', Liliane Yusim, que contava com os repórteres Sônia Bridi, Marcelo Canellas, Roberto Kovalick, Ari Peixoto, Angela Lindenberg, Sandra Moreyra e André Luiz Azevedo. “ 'O RJTV- 2 ª' edição é um jornal sempre emocionante de fazer, porque ele é bem quente”, garante ela, que também passou a fazer matérias para o 'RJTV – 1ª edição', 'Jornal Nacional', 'Bom Dia Brasil', 'Bom Dia Rio', 'Jornal Hoje' e 'Fantástico'.

'Jornal Nacional': reportagem de Mônica Sanches sobre a homenagem da Associação Brasileira de Propaganda pelos 80 anos do jornal O Globo, com discurso de Roberto Irineu Marinho. 'Jornal Nacional', 24/04/2006.

'Jornal Nacional': reportagem de Mônica Sanches sobre a homenagem da Associação Brasileira de Propaganda pelos 80 anos do jornal O Globo, com discurso de Roberto Irineu Marinho. 'Jornal Nacional', 24/04/2006.

Formada em balé pela companhia paulista Ballet Stagium, a repórter esteve à frente da série sobre os 100 anos do Theatro Municipal do Rio de Janeiro para a GloboNews. “É uma história que se mistura muito com a da cidade”. A jornalista, que faz matérias para o canal desde 1996, já entrevistou cerca de 500 personalidades de artes, cultura, saúde e medicina, moda e decoração para o programa 'Almanaque'. Entre os entrevistados, estão estrelas nacionais como Marieta Severo, Antonio Fagundes, e Fernanda Montenegro, e os astros internacionais Antonio Bandeiras e Roman Polanski.

Uma das primeiras coberturas feita pela jornalista foi a Conferência Mundial sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, a Rio-92. As equipes da emissora foram divididas entre o Riocentro, sede da conferência, e o Aterro do Flamengo, onde ocorreu o Fórum Global. Mônica fez a matéria ao vivo do Fórum e entrevistou integrantes de movimentos sociais e organizações não governamentais, membros da sociedade civil e acadêmicos. Em seguida, a repórter cobriu a morte da atriz Daniela Perez, filha de Glória Perez, autora de teledramaturgia da Globo; e a Chacina de Vigário Geral, quando cerca de 21 moradores da favela carioca foram assassinados.

Apesar de estar de folga no dia da morte de Ayrton Senna, em 1994, a repórter se deslocou para a redação e fez matérias sobre a repercussão do acidente para o 'Fantástico'. Mônica também fez a cobertura da visita do Papa João Paulo II ao Rio, em 1997. A jornalista sobrevoou de helicóptero o Aterro do Flamengo e mostrou, ao vivo, a missa do pontífice em frente ao Monumento dos Pracinhas. Em seguida, fez para o 'Jornal Nacional' a matéria Amigos da Escola realizada em Arneiroz, sertão do Ceará, em 1999, que ganhou o 'Prêmio Ayrton Senna', na categoria Destaque. A reportagem mostrava cartas e donativos que escolas do Rio de Janeiro mandavam para as escolas de Arneiroz.

A jornalista relembra com entusiasmo do trabalho como redatora e tradutora na cobertura dos atentados de 11 de setembro de 2001, nos Estados Unidos.

Lembro do Carlos Henrique Schroder, no telefone, querendo segurar o canal na nossa mão mais um pouco. Ele tinha que devolver o sinal para a programação. Mas ele brigou, o jornalismo ficou com o sinal, e a queda da segunda torre foi transmitida ao vivo. Como eu fui professora de inglês, tinha morado nos Estados Unidos, ajudei a editoria Internacional

Em 2008, Mônica Sanches dividiu com a jornalista Sandra Moreyra a apresentação da série '1808 – A Corte no Brasil', em comemoração aos 200 anos da chegada da família real, exibida no 'Jornal Nacional'. O trabalho rendeu 17 programas no formato de documentários para a GloboNews e matérias no 'Jornal da Globo', 'Bom Dia Brasil' e 'Jornal Hoje'. Antes de começar a produzir as reportagens, Mônica fez um curso no Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro (IHGB) sobre os 200 anos da vinda da Corte para o Brasil, em 2007. “Acho que ninguém fez um material tão bacana quanto o nosso. Virou um DVD que foi distribuído pela Prefeitura do Rio de Janeiro para as escolas e as bibliotecas do município. Até hoje é um material didático bastante usado”, diz sobre a série que recebeu o 'Prêmio Imprensa Embratel de Jornalismo Cultural'.

'RJTV 1ª Edição': reportagem de Mônica Sanches sobre o Rio de Janeiro no começo do século XIX, 'RJTV 1ª Edição', 29/11/2007.

'RJTV 1ª Edição': reportagem de Mônica Sanches sobre o Rio de Janeiro no começo do século XIX, 'RJTV 1ª Edição', 29/11/2007.

Mônica destaca outra série de reportagens: 35 anos da Ponte Rio-Niterói para o 'Bom Dia Brasil'. Durante duas semanas, ela explorou as estruturas da ponte e os novos mecanismos adotados para garantir a segurança, e mostrou flagrantes do dia a dia da população que, diariamente, atravessa a Baía de Guanabara. Na equipe, também estavam o cinegrafista, Toninho Marins, o produtor, Cláudio Renato, o editor de imagens, Marco Aníbal Cruz, e os editores, Ivo Cardozo e Fátima Baptista. A série ganhou o prêmio 'ABCR (Associação Brasileira de Concessionárias de Rodovias)', na categoria televisão.

Em junho de 2009, o acidente com o voo da Air France Rio-Paris no Oceano Atlântico, nas proximidades de Fernando de Noronha, causando 228 mortes, chocou o país. Mônica Sanches foi uma das jornalistas escaladas para cobrir a tragédia ao vivo do Aeroporto Internacional do Rio de Janeiro, de onde tinha partido o avião. Ela também entrevistou as famílias das vítimas que foram reunidas no Hotel Guanabara, centro da cidade. “Foi muito triste. Eu tinha entrevistado o maestro, Silvio Barbato, que estava nesse voo, há pouquíssimo tempo para o 'Almanaque' ”. Poucos meses depois, a repórter cobriu outra tragédia: o deslizamento do Morro do Bumba, comunidade localizada em Niterói. O desastre, que matou 48 pessoas, deixou sete pessoas desaparecidas e mais de 200 famílias desabrigadas.

A visita do presidente norte-americano Barack Obama, em 2011, ao Rio de Janeiro, também foi um dos momentos registrados por Mônica. Após ouvir discurso de Obama na Cidade de Deus, ela lembra que o presidente jogou bola e ainda foi assediado. “As mulheres gritavam ‘gostoso’ e ele acenava. (…) Toda a imprensa passou mal de tanto rir”.

'Fantástico': abertura da revista eletrônica sobre a visita de Barack Obama ao Brasil e reportagem de Mônica Sanches sobre o passeio do presidente americano e sua família à Cidade de Deus, na Zona Oeste do Rio de Janeiro, 'Fantástico', 20/03/2011.

'Fantástico': abertura da revista eletrônica sobre a visita de Barack Obama ao Brasil e reportagem de Mônica Sanches sobre o passeio do presidente americano e sua família à Cidade de Deus, na Zona Oeste do Rio de Janeiro, 'Fantástico', 20/03/2011.

Em 2013, Mônica participou da equipe que cobriu a Jornada Mundial da Juventude. A repórter foi escalada para fazer matéria sobre a celebração da Missa de Envio, realizada pelo Papa Francisco na praia de Copacabana. “Fui uma privilegiada. Ouvi o Papa falar coisas incríveis”. Neste mesmo ano, a jornalista viajou aos Estados Unidos para uma entrevista exclusiva com o cantor Bon Jovi, que se apresentou no Rock in Rio. “Ele foi super simpático, muito bacana. Fui até Atlanta e consegui uma exclusiva no hotel”.

Coube a Monica Sanches fazer reportagens para a série 50 anos do Golpe de 64, exibida no Jornal Nacional, em 2014. Matérias sobre a vida da população na economia pré-golpe, os políticos que apoiaram o Golpe Militar e tiveram os direitos cassados, os dias que antecederam o fim do governo do presidente João Goulart foram temas, entre outros, abordados na série.

Além de grandes reportagens e entrevistas, a jornalista, que já fez 12 coberturas do réveillon do Rio de Janeiro, acredita que é “a pessoa que mais vivos fez de Copacabana”. “É um perrengue para chegar e outro para sair. Mas eu adoro essa energia. Acho uma festa única no mundo”.

Ao longo de 2022, Mônica participou ativamente de séries de reportagens sobre o bicentenário da Independência do Brasil, nos telejornais da TV Globo e também na GloboNews.

Mônica Sanches em reportagem sobre a participação das mulheres na Independência do Brasil, exibida no 'Bom dia Brasil' em 02/09/2022

Mônica Sanches em reportagem sobre a participação das mulheres na Independência do Brasil, exibida no 'Bom dia Brasil' em 02/09/2022

Fez também para o 'Fantástico' a série '1822, uma conquista dos brasileiros'.

Mônica Sanches apresenta o segundo episódio da série '1822 - Uma conquista dos brasileiros', que trata do Dia da Independência. 'Fantástico', 21/08/2022

Mônica Sanches apresenta o segundo episódio da série '1822 - Uma conquista dos brasileiros', que trata do Dia da Independência. 'Fantástico', 21/08/2022

Na TV Globo também teve oportunidade de participar de um produto de ficção. Foi uma das colaboradoras dos autores Thereza Falcão e Alessandro Marson na novela 'Nos Tempos do Imperador', que foi ao ar entre agosto de 2021 e fevereiro de 2022. A atração foi indicada ao Emmy Internacional em 2022 na categoria Melhor Novela.

A jornalista deixou a emissora em abril de 2023.

Fonte:

Mais do memoriaglobo
Projeto Resgate

Malhação reestreou em maio de 2001 com uma trama mais dramática que o habitual e investindo mais nas campanhas de responsabilidade social.

'Malhação Múltipla Escolha 2001' estreia no Globoplay  - Foto: (Memoria Globo)
Projeto Resgate do Globoplay

Adaptação de obra homônima de Antonio Callado, 'A Madona de Cedro' relata o drama de um homem religioso que contraria seus valores morais em nome do amor.

O roubo de uma obra de arte movimenta 'A Madona de Cedro' - Foto: (Jorge Baumann/Globo)
Dia de alegria!

A atriz Adriana Esteves nasceu no Rio de Janeiro. Estreou na Globo em um quadro do 'Domingão do Faustão', em 1989. No mesmo ano estreou em sua primeira novela, 'Top Model'.

Parabéns, Adriana Esteves! - Foto: (Ique Esteves/Globo)
O telejornal que acorda com o país

Com uma linguagem leve e informal, o telejornal informa as primeiras notícias do Brasil e do mundo para um público que acorda ainda de madrugada.

'Hora 1' completa 10 anos apostando no dinamismo e credibilidade  - Foto: (Arte/Memória Globo)
Fundador da TV Globo

O jornalista e empresário Roberto Marinho nasceu no Rio de Janeiro, em 3 de dezembro de 1904. Foi diretor-redator-chefe do jornal O Globo, aos 26 anos. Criou a TV Globo em 1965 e, em 1991, a Globosat, produtora de conteúdo para canais de TV por assinatura. Morreu em 2003, aos 98 anos.

Roberto Marinho nasceu há 120 anos: relembre a vida do jornalista e empresário - Foto: (Acervo Roberto Marinho)
"Quem cultiva a semente do amor..."

A novela exalta o poder feminino por meio da trajetória de Maria da Paz e traz uma história contemporânea de amor, coragem e esperança.

Relembre Maria da Paz, 'A Dona do Pedaço' - Foto: (João Miguel Júnior/Globo)
Projeto Fragmentos do Globoplay

A novela celebrava o centenário de morte de José de Alencar e se baseava em três obras do autor: A Viuvinha, Til e O Sertanejo.

'Sinhazinha Flô' teve Bete Mendes como protagonista  - Foto: (Nelson Di Rago/Globo)