Para Miguel Athayde, o ofício do jornalista é prestar serviço à sociedade. Uma tarefa que envolve dedicação, trabalho árduo e criatividade. Sua principal escola foi o 'Bom Dia Brasil', cujo DNA é “o desejo de ser criativo, inovador, fazer diferente e ir além”. Sempre nos bastidores da produção da notícia, Athayde acredita que o sucesso é resultado do trabalho em equipe. Ele entrou na Globo em 1994 e participou de diversas coberturas importantes nacionais e internacionais, como o desabamento do Palace II (1994), os atentados de 11 de setembro (2001) e a Tsunami na Ásia (2004). Passou por diversas funções até tornar-se diretor regional de Jornalismo no Rio de Janeiro, em 2013. Desde 2018, é diretor de jornalismo da GloboNews.
Início da carreira
Miguel Cançado Austregésilo Athayde é filho do diplomata Antonio Carlos Austregésilo de Athayde e de Maria Ângela Lopes Cançado, funcionária aposentada da Fundação Oswaldo Cruz. Herdou do pai o gosto pelo jornalismo. Antes de entrar para o Itamaraty, Carlos Athayde era repórter, tendo passado pelo Jornal do Brasil, Jornal do Commercio e O Dia. Quando pequeno, Miguel Athayde costumava visitar redações de jornal. Na juventude, decidiu prestar vestibular para Comunicação Social e fez Jornalismo na Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC).
Não demorou muito para que arrumasse um estágio na antiga TVE (atual TV Brasil), onde atuou na área de esporte. Trocou a TVE pela rádio CBN e, depois, pelo Jornal do Brasil, onde ficou na editoria de Cidade. No final de 1994, Miguel decidiu buscar uma chance na Globo. Conseguiu uma oportunidade na apuração de matérias da Editoria Rio, onde permaneceu por alguns meses. No início do ano seguinte, foi efetivado como produtor do 'Bom Dia Rio'. Depois, passou pelo 'RJ-TV 1'ª e '2ª edição'.
Naquela época, percebeu que sua paixão no jornalismo era a área cultural, uma afinidade que também vinha de berço. Em entrevista ao Memória Globo ele conta que seu pai fora “adido cultural em Buenos Aires, e a casa era sempre uma grande festa. Então, na minha memória afetiva, há vários encontros com pessoas da área cultural. Isso acabou me formando”. Não foi por coincidência que, em 1996, tornou-se produtor cultural local, um cargo recém-criado, que tinha como função distribuir conteúdos sobre a vida cultural do Rio de Janeiro para jornais locais e de rede.
Em 1997, Sandra Moreyra, então editora-executiva do 'Bom Dia Brasil', com quem já havia trabalhado, convidou Miguel Athayde para produzir matérias para o telejornal matutino, que acabara de passar por uma reformulação, capitaneada pelo editor-chefe Renato Machado e pela jornalista Rosa Magalhães. Athayde lembra que aceitou o desafio com entusiasmo, porque o programa “chamava atenção de todo mundo pela criatividade de transmitir as notícias, com uma linguagem nova”. Sob coordenação de Renato Machado, um dos mentores do jornalista, o 'Bom Dia' adotou linguagem coloquial, para se aproximar do público. Em 2001, Miguel foi convidado para ser editor de texto do 'Bom Dia Brasil'. Nesta função, trabalhou em coberturas importantes, como os atentados terroristas de 11 de setembro, nos Estados Unidos.
Queda do Palace II
A cobertura da queda do edifício Palace II, em fevereiro de 1998 foi um destes casos. Athayde lembra que conseguiu informações privilegiadas porque morava muito próximo ao local da tragédia que deixou 176 famílias desabrigadas, na Zona Oeste do Rio de Janeiro. Ele voltava da cobertura da madrugada do carnaval carioca quando percebeu o que ocorria nas cercanias. Voltou à redação e passou a se dedicar à cobertura.
Atentados de 11 de setembro
Naquele 11 de setembro de 2001, quando as torres gêmeas ne Nova York foram atingidas, no maior atentado terrorista do século, o horário do plantão era do 'Jornal Hoje', mas a equipe inteira do 'Bom Dia 'contribuiu com a apuração, enviando material para todos os telejornais. A preparação para o 'Bom Dia Brasil' da manhã seguinte envolveu todos os editores e comentaristas. Athayde lembra: “No fim do jornal, todo mundo se abraçava pela edição histórica que a gente tinha colocado no ar. Foi um dos momentos mais notáveis da nossa carreira”.
Editor-executivo
Em 2002, Miguel Athayde foi convidado por Renato Machado a se tornar editor-executivo do 'Bom Dia Brasil', cargo que aceitou com bastante surpresa e onde permaneceu durante dez anos. Ele era um jovem de 29 anos.
A dedicação ao telejornal o levou aos principais eventos esportivos da década. A começar pela Olimpíada de Atenas, em 2004. Athayde embarcou para a Grécia ao lado do repórter Maurício Torres, que faria a cobertura do bloco de Esporte. Dois anos depois, em 2006, foi à Alemanha cobrir a Copa do Mundo de futebol. Dois anos depois, foi à Pequim, participar dos bastidores da cobertura da Globo dos Jogos Olímpicos. Também participou da cobertura da Copa do Mundo na África do Sul, em 2010.
Na década em que permaneceu como editor-executivo, o 'Bom Dia Brasil' passou a dar mais espaço para grandes reportagens. Foi assim que surgiu a série de Marcelo Canellas, 'Terra do Meio', exibida em dezembro de 2007. “Eu pensei: ‘sabe de uma coisa? Eu vou atrair os repórteres das antigas e estes mais novos que têm paixão pela grande reportagem para o 'Bom Dia Brasil'”, conta.
Na madrugada do dia 5 de abril de 2010, as chuvas fortes que castigaram o Rio de Janeiro e Niterói mobilizaram o Jornalismo da Globo. Miguel Athayde lembra que acordou mais cedo naquele dia por causa do barulho da chuva e mal conseguiu andar na rua, a caminho do trabalho, porque a cidade estava inundada. A edição começou às 7h15 e seguiu até a hora do almoço, quando quem assumiu foi a equipe do 'RJTV 1ª edição'.
Carnaval
O carnaval sempre encantou Miguel Athayde. Ao longo de dez anos no 'Bom Dia', ele pôs em prática vários projetos especiais sobre a folia e o samba, como a série 'Carnaval do Céu', com reportagens de Marcos Uchôa, exibida em 2008. O projeto foi gravado com vários sambistas numa roda de samba no alto do Pão de Açúcar. Ele diz que era um “presente para o telespectador e também para a memória da cidade”. Anos depois, em 2011, Miguel propôs integrar jornalismo e a bateria da escola de samba São Clemente, em série especial, produzida com Ivo Meirelles. A ideia era dar ouvidos aos batuques e às melodias, de um outro ponto de vista: “Uni o carnaval, a bateria e o jornalismo. Pensei em fazer uma série de reportagens sobre como é que funciona a bateria, queria contar para as pessoas como uma bateria é”.
Editor-chefe
Em 2011, Miguel Athayde se tornou editor-chefe do 'Bom Dia Brasil', substituiria Renato Machado, que iria para Londres, ser correspondente. Foi responsável por coordenar a cobertura do casamento real britânico entre o Príncipe William e Kate Middleton . A cerimônia foi transmitida ao vivo pelo 'Bom Dia Brasil', direto da Inglaterra. Os apresentadores Renata Vasconcellos e Renato Machado receberam, no estúdio, o embaixador Marcos Azambuja, a consultora de moda Glória Kalil e o bispo anglicano Filadelfo Oliveira Neto. Athayde comenta que este tipo de cobertura é interessante porque “a gente acaba convidando pessoas de diversas áreas, que enriquecem a nossa maneira de enxergar as coisas”. Para o jornalista, a pauta do casamento real “mexe com o imaginário de todo mundo. Não é só uma brincadeira de conto de fadas, é a história da humanidade ali em jogo”.
Assim que assumiu o cargo de editor-chefe do 'Bom Dia', Miguel Athayde lembra que propôs à jornalista Miriam Leitão a produção de uma série de reportagens sobre os governos populistas da América Latina. A jornalista aceitou e partiu para a Venezuela apenas com um repórter-cinematográfico, contando com um produtor no Rio de Janeiro. “Ela conseguiu, por esforço próprio e da produtora, uma entrevista exclusiva com o Hugo Chávez, a primeira concedida a um jornalista brasileiro”. A entrevista fez tanto sucesso que foi editada para o 'Jornal Nacional'.
Diretor regional de Jornalismo
No final de 2011, Miguel Athayde foi convidado a assumir a chefia da redação da Editoria Rio, que consistia em cuidar do material local para os telejornais da rede, contribuindo também para o 'Globo Repórter' e 'Fantástico'. O jornalista conta que a saída do 'Bom Dia' o pegou de surpresa: “Eu era editor-chefe do 'Bom Dia' há pouco tempo, mas o convite me encheu de entusiasmo porque o Rio de Janeiro tinha pela frente uma agenda muito intensa, um calendário esportivo muito entusiasmante”.
Entre os desafios estavam atuar nos bastidores de grandes coberturas que o Rio de Janeiro sediaria, como o evento Rio + 20 (2012), Jornada Mundial da Juventude (2013), Copa do Mundo de 2014, Olimpíadas de 2016. O jornalista acha que é “bacana trabalhar numa época tão importante para a história do Rio de Janeiro, uma tarefa dificílima, mas com uma equipe muito competente, vibrante”.
Em menos de um ano como chefe de redação da Editoria Rio, Miguel Athayde foi convidado por Ali Kamel para ser diretor regional de Jornalismo do Rio de Janeiro. A partir de então passou a cuidar não apenas dos jornais de rede, mas também dos locais. Um dos grandes desafios de sua carreira.
GloboNews
Em janeiro de 2018, Miguel Athayde aceitou outro grande desafio na carreira: a direção-geral da GloboNews. O jornalista assumiu a missão de investir cada vez mais em notícia, aumentando, aos poucos, o tempo dos programas ao vivo na programação. Sob seu comando, o 'Jornal das Dez' foi reformulado e passou a ser apresentado de Brasília, por Heraldo Pereira; São Paulo ganhou mais um telejornal com nome de peso: o 'Em Ponto', com José Roberto Burnier. Além disso, Miguel conduziu a criação do 'Central das Eleições', em 2018, que promoveu debates com candidatos à presidência em verdadeiras sabatinas.
Diretor-executivo
Em janeiro de 2024, Miguel Athayde passou a ocupar o cargo de diretor-executivo de jornalismo, substituindo Ricardo Villela.
Miguel Athayde
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