Por Memória Globo

Arley Alves/Globo

Marcelo Rezende formou-se em Desenho Mecânico, mas nunca exerceu a profissão. Começou sua carreira profissional no jornalismo esportivo, aos 17 anos, quando foi levado pelo primo e chefe de copidesque do Jornal dos Sports à redação do jornal. Marcelo Rezende ficou menos de um ano no Jornal dos Sports e foi para a Rádio Globo, onde permaneceu até 1972. Após sua saída da Rádio Globo, foi convidado por Otávio Nami para integrar a equipe de O Globo, na editoria de Esportes. Ficou como repórter esportivo do jornal até 1981. Neste ano, foi trabalhar na revista Placar, da Editora Abril, exercendo as funções de repórter e  chefe de redação.

Eu acredito que a responsabilidade do jornalismo é um reflexo correto, como um eco da sociedade.

Marcelo Rezende tornou-se repórter da Globo em 1987. Convidado por Telmo Zanini, então chefe de redação do departamento de Esportes, inicialmente trabalhou no 'Globo Esporte'. Fazia matérias sobre futebol para o 'Jornal Nacional' e participava das transmissões de jogos esportivos. A última atuação de Marcelo Rezende na área de esporte da Globo foi em 1989, em uma transmissão de uma partida de futebol ao lado de Galvão Bueno, Pelé e Chico Anysio.

Marcelo Rezende — Foto: Acervo Globo

No ano de 1989, Marcelo Rezende deixou a reportagem esportiva e passou a trabalhar na editoria Rio. Após ter realizado a cobertura da morte do empresário José Carlos Diniz Filho, planejada pelo amante da mulher, o repórter passou a dedicar-se exclusivamente a reportagens investigativas. Segundo Marcelo Rezende, esta foi a orientação de Alice-Maria e Armando Nogueira após a exibição das primeiras matérias sobre o caso no 'Jornal Nacional'.

Reportagens marcantes

Uma das primeiras reportagens marcantes realizadas por Marcelo Rezende foi a prisão de três sequestradores, que faziam parte do grupo que sequestrou o empresário Roberto Medina, no Rio de Janeiro, em 1990. A partir da informação de que a divisão de entorpecentes da Polícia Civil, chefiada pelo delegado Elson Campello, tinha localizado os três líderes no Paraguai, a equipe de reportagem da Globo, liderada pelo repórter, com o cinegrafista José Lucio Rodrigues e o operador de videotape Luís Roberto Pinto, viajou para o Paraguai junto com policiais brasileiros, e cercaram os sequestradores no aeroporto de Assunção. Por falta de acerto prévio entre as autoridades dos dois países, a polícia do Paraguai acabou prendendo os policiais e os jornalistas, que ficaram detidos por dois dias.

Outro momento importante em sua carreira foi localizar, em 1993, o homem que planejou e executou o plano para retirar Paulo César Farias do Brasil, o chileno José Ramon Irribarra Moreno, que estava em Buenos Aires. A reportagem foi levada ao ar pelo 'Fantástico'.

Entre 19 e 21 de março de 1996, uma série especial realizada pelo repórter foi exibida pelo 'Jornal Nacional'. Marcelo Rezende identificou hospitais que realizavam transfusões com sangue contaminado. Após a exibição das reportagens, mais de 300 postos foram fechados no País. No ano seguinte, Marcelo Rezende realizou as reportagens do espancamento e assassinato de moradores e frequentadores da Favela Naval, em Diadema, São Paulo e, no mês seguinte, o escândalo da venda de arbitragem na Confederação Brasileira de Futebol (CBF). Ambas também exibidas pelo 'Jornal Nacional'.

A reportagem sobre a violência em Diadema demorou cinco dias para ser concluída. Marcelo Rezende recebeu uma fita de vídeo com as imagens da violência policial, enviou-as para a perícia para reconhecer sua autenticidade, reuniu uma equipe e deram início à investigação. Essa reportagem lhe rendeu o Prêmio Líbero Badaró na categoria telejornalismo em 1997.

Linha Direta

Em dezembro de 1998, Marcelo Rezende realizou um dos trabalhos mais polêmicos de sua carreira até então. Entrevistou Francisco de Assis Pereira, conhecido como o “maníaco do parque”, que confessou ter matado 11 mulheres na cidade de São Paulo. A entrevista foi exibida no 'Fantástico'. A reportagem foi um programa piloto para ser exibido no ano seguinte, o 'Linha Direta', que estreou na programação da emissora em maio de 1999. Era uma segunda versão do 'Linha Direta' exibido em 1990, apresentado por Hélio Costa. O programa fazia a reconstituição de crimes, unindo jornalismo investigativo, depoimentos e dramaturgia, com o objetivo de auxiliar na solução de casos policiais.

Marcelo Rezende no programa Linha Direta — Foto: Arley Alves/Globo

A criação da segunda versão foi de Marcelo Rezende, Roberto Talma, que editou a entrevista com o “maníaco do parque” para o 'Fantástico', e Haroldo Machado. Foi o primeiro programa realizado em parceria entre o Jornalismo e a Produção. Exibido às quintas-feiras à noite, era inicialmente apresentado por Marcelo Rezende, com direção geral de Milton Abirached. Em agosto de 2000, o repórter deixou o de integrar a equipe. Após afastar-se do 'Linha Direta', Marcelo Rezende manteve a função de repórter especial de investigação e em janeiro de 2001 deu início à investigação sobre a corrupção no futebol brasileiro. No ano seguinte, o jornalista desligou-se da Globo. Trabalhou em três outras emissoras – Record, Bandeirantes e Rede TV, onde apresentou o telejornal Rede TV! News. Entre os anos de 2004 e 2005 e a partir de 2012 até 2017, Marcelo Rezende apresentou o 'Cidade Alerta', na Record.

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Marcelo Rezende morreu no dia 16 de setembro de 2017, vítima de falência múltipla dos órgãos em consequência de um câncer.

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