Luiz Gleiser é filho mais velho do cirurgião dentista Isaac Gleiser e da professora Haluza Gleiser, é irmão do físico Marcelo Gleiser.
Matriculou-se no curso de Jornalismo da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e no de Economia na Faculdade Cândido Mendes no final dos anos 1960. Logo em seguida, porém, mudou-se para a Europa, onde passou a estudar cinema, sociologia e linguística. Também estudou Medicina durante dois anos. De volta ao Brasil, formou-se em Jornalismo, 11 anos após ter iniciado o curso, e emendou no mestrado, concluído em um ano e meio, na Escola de Comunicação da UFRJ.
Iniciou sua carreira profissional no final dos anos 1960. Chegou a trabalhar na televisão, ainda em 1967, na Globo, como figurante da novela 'Anastácia, a Mulher sem Destino', de Glória Magadan. Durante os dois anos em que viveu em Paris, na França, trabalhou como fotógrafo e repórter para a revista 'O Cruzeiro' e para o 'Jornal do Brasil'. Também em Paris teve sua primeira experiência escrevendo um programa radiofônico diário, para a Rádio Jornal do Brasil.
De volta ao Brasil, começou a trabalhar como produtor executivo na Rádio JB. Naquela época, também estavam na rádio jornalistas como Renato Machado – ao lado de quem trabalhou no programa 'Breakfast Special' –, Sérgio Chapelin e Eliakim Araújo, além da escritora Ana Maria Machado, então diretora de radiojornalismo, com quem Gleiser trabalhava em programas jornalísticos especiais, como as Retrospectivas do Ano. Participou da criação de programas inovadores como o '60 Minutos de Música Contemporânea', diário, e o 'Jazz & Blues', semanal. Também foi contratado pelo Jornal do Brasil, como repórter do suplemento de cultura.
Em meados de 1970, o grupo responsável pela Rádio JB e pelo Jornal do Brasil ganhou uma concessão para explorar um canal de televisão. Para a implantação do que deveria ser a TV JB, alguns profissionais ganharam bolsas de estudo na Europa. Entre eles, Luiz Gleiser, que seguiu para a Alemanha, onde estudou televisão durante dois anos. Nesse período, problemas entre a direção do grupo e o governo Geisel fizeram com que o projeto da nova emissora de TV fosse abortado. De volta ao Brasil, e não se animando com a perspectiva de continuar no rádio, Luiz Gleiser começou a dar aulas de televisão no que viria a ser a Faculdade da Cidade.
Em seguida, foi convidado a trabalhar na TV Educativa, onde criou e escreveu seu primeiro programa de televisão, o 'Nossa Ciência'. Anos depois, o programa criado por Gleiser passou a ser produzido pela Fundação Roberto Marinho e exibido pela Globo, com o nome de 'Globo Ciência'. Antes disso, ainda na TVE, Luiz Gleiser também trabalhou em programas como 'Plim-Plim, o Mágico de Papel' e o seriado 'Tio Maneco', com Flávio Migliaccio. Naquela época, trabalhavam na emissora profissionais como Jacy Campos, Maurício Sherman e Jorge Loureiro.
No início dos anos 1980, por intermédio da jornalista Alice-Maria, começou a trabalhar na equipe do programa 'Globo Repórter', então sob o comando de Paulo Gil Soares, ao lado de Eduardo Coutinho e Jotair Assad. Em seguida, trabalhou como freelancer no projeto da Globo de cobertura nacional das eleições de 1982, como editor de imagens em reportagens dos jornalistas Caco Barcellos e Carlos Tramontina, entre outros.
Após nova temporada na Europa, Luiz Gleiser começou a trabalhar na TV Manchete. Foi chefe da editoria Internacional e, em 1984, dirigiu a cobertura das Olimpíadas de Los Angeles. Logo depois, chegou a diretor de programação.
Foi contratado pela Globo em 1985, como editor de criação da divisão de Novos Formatos, responsável pelo desenho da produção dos programas e por sua viabilidade. Trabalhou diretamente com os autores da Casa de Criação Janete Clair, recém-criada por Dias Gomes com a função de selecionar e elaborar roteiros para a teledramaturgia da Globo.
Na Casa de Criação, junto com Euclydes Marinho, Nelson Motta e Patricya Travassos, Luiz Gleiser escreveu o musical 'Cida, a Gata Roqueira', protagonizado por Claudia Raia, com Evandro Mesquita, Rita Lee e Tim Maia e dirigido por Roberto Talma. Logo em seguida, Gleiser e Euclydes Marinho, amigos desde a época da faculdade, assinaram 'Negro Léo', episódio do 'Caso Especial' baseado no livro homônimo de Chico Anysio, com Milton Gonçalves, dirigido por Paulo Ubiratan.
Também é dessa época a participação de Gleiser na criação coletiva da sinopse da novela 'Roda de Fogo', de Lauro César Muniz, outro autor que fez parte da Casa de Criação.
Um ano e um mês após assinar contrato com a emissora, Luiz Gleiser foi convidado por Daniel Filho, então diretor da Central Globo de Produção, para substituir Nilton Travesso e ocupar um dos cinco cargos de diretor executivo de entretenimento. Na época, também eram diretores executivos Roberto Talma, Paulo Ubiratan, Walter Lacet e Paulo Afonso Grisolli.
Como diretor executivo, Luiz Gleiser foi o responsável por diversas atrações da grade de programação da Globo, entre as quais: a novela 'Direito de Amar', de Walther Negrão, o programa 'Video Show', então apresentado por Marcelo Tas e, em seguida, por Miguel Falabella e Cissa Guimarães, e o 'Globo de Ouro', apresentado por Isabela Garcia e César Filho, entre outros. Em 1987, Luiz Gleiser escreveu, com Nelson Motta e Euclydes Marinho, um musical em homenagem aos 60 anos de vida do maestro Tom Jobim, e dirigido por Roberto Talma.
Antonio Brasileiro, exibido em maio daquele ano, foi premiado pelo Festival de Filme e Vídeo de Nova York como melhor musical de 1987. Vinte anos depois, em janeiro de 2007, Gleiser voltaria a dirigir um programa homenageando Tom Jobim, desta vez 'Tom Jobim – Eu Sei que Vou te Amar', episódio especial do 'Som Brasil' celebrando o que seria o octagésimo aniversário do maestro, escrito por Geraldinho Carneiro.
A parceria com o diretor Roberto Talma continuou, e os dois trabalharam juntos em uma série de musicais de sucesso da Globo, como 'Pagode', que reuniu talentos do gênero no antigo Teatro Fênix. Ainda na década de 1990, Gleiser comandou as transmissões da Globo de diversas atrações musicais, como a apresentação de David Bowie no Rio de Janeiro e 'Rio Show Especial', com uma série de shows realizados no Riocentro, além de trazer de volta a série 'Concertos Internacionais', apresentada a cada edição por grandes nomes do elenco da Globo.
Em 1991, Luiz Gleiser foi convocado para participar, como diretor-geral de programação, do desenho e do lançamento dos quatro canais originais da Globosat, Telecine, GNT, Multishow e Top Sport, mais tarde Sportv. Entre os programas que ajudou a criar, estavam o 'Manhattan Connection', idealizado por Lucas Mendes, que dividia a bancada com os jornalistas Paulo Francis, Nelson Motta e Caio Blinder, e o 'Esporte Real', com Armando Nogueira.
Em 1995, apesar da experiência bem-sucedida no lançamento da TV por assinatura, Luiz Gleiser deixou a Globosat. Transferiu-se para a TV Bandeirantes, onde foi convidado a ocupar o cargo de diretor de programação. Passou ainda pela TVA, como diretor-geral de programação, até, em 1998, ser convidado para ajudar Daniel Filho na criação da Globo Filmes, onde assumiu a direção executiva.
Voltou a trabalhar na produção da Globo em 1999, como diretor de núcleo. Sua primeira tarefa no cargo foi a criação do programa que marcaria a estreia da apresentadora Ana Maria Braga na emissora, o 'Mais Você'. Em seguida, entre junho de 2000 e março de 2001, assumiu a direção do 'Domingão do Faustão'. Em 2002, foi o diretor do infantil 'Xuxa no Mundo da Imaginação'.
Luiz Gleiser foi um dos responsáveis pelo lançamento e pela direção da primeira edição do 'Big Brother Brasil', em janeiro de 2002. Comandou, ainda naquele ano, outro reality show da emissora, o 'Fama', dirigindo também a segunda edição, o 'Fama Bis'. Em 2004, coordenou e dirigiu as 25 horas de celebração ao vivo dos 450 anos da fundação de São Paulo. Em 2005, foi o diretor do megashow que comemorou o aniversário de 40 anos da Globo.
Outros programas sob a direção do Núcleo Luiz Gleiser são o 'Som Brasil' e a TV Xuxa. Em 2012, o núcleo de produção do diretor foi responsável pela estreia do 'Na Moral', apresentado por Pedro Bial. Dirigiu ainda para a TV Globo a transmissão das apresentações de Paul McCartney, Elton John e The Police no Brasil.
Depois, Gleiser dirigiu as três edições do Festival Promessas (música evangélica), duas do Sintonize (sertaneja), duas do SWU e duas do Lollapalooza (ambos rock), além de duas temporadas do especial musical 'Sai Do Chão' e os 'Criança Esperança' de 2013 e 2014. Gleiser atuou ainda com o Esporte nos shows de realização dos três sorteios mundiais da Copa 2014.
FONTE:
Depoimento concedido ao Memória Globo por Luiz Gleiser em 24/09/2007. |