Por Memória Globo

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Luis Horta Barbosa Erlanger formou-se em jornalismo pela Escola de Comunicação da Universidade Federal do Rio de Janeiro. Apesar do desejo de ser repórter, o início da vida profissional do jornalista foi como assistente de editoração da Editora Jorge Zahar.

Em meados da década de 1970, entrou como estagiário do jornal O Globo e trabalhou diretamente com Iran Frejat. No ano seguinte, já com o diploma em mãos, pediu uma oportunidade ao ex-chefe e foi contratado como repórter de geral, função que desempenhou até 1982. Nesse ano, foi escalado para cobrir as eleições para governador do Rio de Janeiro. Por orientação de Evandro Carlos de Andrade, diretor do jornal O Globo, fez a cobertura da campanha do candidato Leonel Brizola.

Luis Erlanger em entrevista ao Memória Globo, 2007. — Foto: Acervo/Globo

Após a eleição de Brizola, Erlanger passou a integrar a equipe da editoria de Política do jornal. Em 1984, mudou-se para Brasília e recebeu a incumbência de cobrir o candidato a presidente da República Tancredo Neves, que participaria da eleição indireta no Congresso, em janeiro do ano seguinte. O resultado daquela cobertura foi inesperado e marcou a trajetória profissional de Erlanger. Apesar de indireta, a eleição de Tancredo Neves foi um marco para o país, pois ele seria o primeiro presidente civil após mais de 20 anos. No entanto, Tancredo não assumiu o governo, foi internado na véspera da posse, tendo falecido um mês depois, vítima de infecção generalizada. Erlanger acompanhou toda a agonia do presidente e do país.

“O Tancredo Neves é eleito, fica doente e vai parar em São Paulo, para onde foram Jorge Bastos Moreno e Tereza Cruvinel. Era uma loucura, dia e noite no hospital, virando noite. E aí o Evandro disse o seguinte: ‘ Manda o Erlanger, ele fica cobrindo a volta de um e de outro, e depois ele volta para o Rio’. Aí eu fui para São Paulo. Eram três para cobrir o Tancredo. Acaba o Fantástico, o Antonio Britto, porta voz da presidência, ficava no hospital e a sala de imprensa era em um anexo. Aí, de repente falam: ‘O Britto está saindo’. A gente atravessou a rua, eu me lembro que eu olhei para a cara do Britto, todos nós, eu falei: ‘Morreu, né?’, ele fez assim [balança a cabeça positivamente]. Foi um dos leads mais difíceis da minha vida”.

De repórter, Erlanger tornou-se chefe de redação da editoria de Política em Brasília. Quatro anos depois, em 1988, convidado por Evandro Carlos de Andrade, voltou para a sucursal carioca do jornal para assumir o cargo de editor de Política. Cerca de dois anos depois, no entanto, voltou à Brasília como diretor da sucursal. Desse período, Erlanger destaca a cobertura do processo de impeachment de Fernando Collor, e toda a crise política que assolou o país.

No final de 1992, voltou para o Rio de Janeiro como subeditor chefe do jornal, trabalhando ao lado de Merval Pereira. Durante um período de licença de Merval, Erlanger ficou como editor-chefe do veículo, cargo que acabou assumindo posteriormente. Ao longo dos anos que passou pelo jornal O Globo, o jornalista acompanhou transformações importantes como a informatização da redação. Durante o período em que esteve em Brasília, foi gestor do processo de informatização do jornal.

Em 1995, o diretor de redação de O Globo, Evandro Carlos de Andrade, assumiu a Direção da Central Globo de Jornalismo da Rede Globo, a CGJ, e convidou Erlanger para integrar sua equipe na televisão. Após anos de trabalho na imprensa escrita, Erlanger decidiu aceitar o desafio de atuar como jornalista em um novo veículo. Entrou para a Rede Globo como diretor editorial da CGJ.

Evandro Carlos de Andrade implementou mudanças no perfil editorial do jornalismo da Rede Globo. Uma das primeiras alterações que Erlanger acompanhou foi a saída de CidMoreira e Sérgio Chapelin da apresentação do Jornal Nacional, em março de 1996. A ideia era dar mais credibilidade às notícias veiculadas pelo telejornal, na medida em que jornalistas profissionais estariam diretamente envolvidos com a edição do telejornal. Evandro Carlos de Andrade também reforçou o jornalismo comunitário dos telejornais locais, iniciativa acompanhada por Erlanger.

“Antigamente, a discussão da Previdência Social seria uma entrevista com o ministro da Previdência. Hoje, nós vamos nos postos da Previdência para mostrar que a Previdência não está funcionando. Quer dizer, as discussões dos grandes temas nacionais, eles só se dão no plenário do Congresso, ou dentro de um ministério, ou dentro do Palácio do Planalto, quando ali for o fórum inevitável. Mas se você tem como abordar todos os mesmos problemas políticos, institucionais, sociais, estando na rua, onde a coisa efetivamente acontece, essa que é, ao meu ver, a principal mudança do Jornal Nacional ”

Entre os destaques da cobertura jornalística da Globo nesse período, estão os furos de reportagem, como as imagens da barbárie promovida pela PM na Favela Naval, em São Paulo, e o massacre dos sem-terra em Eldorado dos Carajás, no Pará. O jornalismo investigativo também ganhou força na emissora após 1995. Um marco dessa fase foi a denúncia de contrabando envolvendo as Forças Armadas, em junho de 1997.

Em março de 2000, a convite de Marluce Dias da Silva, Erlanger deixou a redação para assumir o cargo de diretor da Central Globo de Comunicação. Em março de 2011, a CGCom começou a implementar um novo modelo de atuação, com a estruturação de seis diretorias: Identidade Visual; Planejamento e Gestão; Comunicação Corporativa; Produção Editorial; Responsabilidade Social e Relações Públicas; e Propaganda e Design.

“‘A gente se vê por aqui’ foi um slogan muito pensado. A gente quer ser uma janela que abra horizontes, mostre novas realidades, permita que a pessoa viaje no mundo da ficção. E a gente também é espelho porque a sociedade se reflete, se vê, se reconhece. Ao mesmo tempo, a gente é um ponto de encontro, as famílias se reúnem em volta da televisão. Então, quando a gente usa esse slogan, “A gente se vê por aqui”, tenta passar de se ver por aqui mesmo, se ver através daqui.”

Em janeiro de 2013, assumiu o cargo de diretor da nova Central Globo de Análise e Controle de Qualidade, uma ampliação da antiga Central Globo de Controle de Qualidade, que era ocupada por Durval Honório. A Central Globo de Comunicação passou a ser comandada pelo publicitário Sérgio Valente. Em abril de 2014, Erlanger lançou o livro de ficção Antes que eu morra, um thriler policial. Em agosto do mesmo ano deixou a Globo para “buscar novos desafios na área cultural”.

EXCLUSIVO MEMÓRIA GLOBO

Webdoc sobre a série jornalística “Caminhos do Brasil”, de Miriam Leitão, com entrevistas exclusivas do Memória Globo.

Webdoc sobre a série jornalística “Caminhos do Brasil”, de Miriam Leitão, com entrevistas exclusivas do Memória Globo.

Webdoc sobre a cobertura da Copa da França (1998) com entrevistas exclusivas do Memória Globo.

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