Por Memória Globo

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Lillian Witte Fibe nasceu em São Paulo, na capital, no dia 21 de outubro de 1953. É filha de Mario Fibe, contador, e Evalda Witte Fibe, que trabalhava em serviços administrativos de escritório. O casal teve três filhos.Ingressou na Faculdade de Jornalismo da USP em 1972, começando a trabalhar logo no ano seguinte, aos 19 anos. Depois, com o tempo, fez alguns cursos de extensão universitária em economia, como um curso de mercado de capitais na Bolsa de Nova York, e um curso de política monetária no Banco Central, na época em que trabalhou em Brasília. Em sua primeira experiência como jornalista, na Folha de S. Paulo, trabalhou na editoria de Educação por três meses, onde tinha como chefe Perseu Abramo, sobrinho de Cláudio Abramo, então diretor do jornal. Permaneceu pouco mais de dois anos no Folha. Em seguida, o editor de Economia do jornal a convidou a acompanhá-lo e trabalhar na Gazeta Mercantil. Foi o início de uma grande identificação da jornalista com a economia.

Lillian Witte Fibe — Foto: Globo

Na Gazeta Mercantil, trabalhou na editoria de Finanças até formar-se na USP, quando pediu para ser transferida para Brasília. Era ainda a época da ditadura, e a intenção da jornalista era acompanhar mais de perto o funcionamento do governo e de seus principais órgãos administrativos, como o Conselho Monetário Nacional, o Banco Central e o Ministério da Fazenda.

Em Brasília, Lillian Witte Fibe morou por três anos, até 1979, trabalhando inicialmente como repórter setorista do ministro Mário Henrique Simonsen. Ainda durante sua passagem por Brasília, trabalhou por um ano também no Jornal do Brasil, até voltar à Gazeta Mercantil, quando o jornal começava a associar-se à TV Bandeirantes, produzindo programas de economia e de entrevistas na emissora.

Sua carreira na televisão começou na Gazeta Mercantil, em 1982, através da TV Bandeirantes. Menos de um ano depois, recebeu um convite de Dante Matiussi, na época editor regional na Globo de São Paulo, para ser repórter de Economia do Jornal da Globo. Pela primeira vez, fez reportagens para um telejornal. Pouco tempo depois, estreou como repórter de Economia também no 'Jornal Nacional', além de fazer comentários ocasionais no 'SPTV' e no 'Globo Rural', a pedido de Humberto Pereira.

Nos dois anos seguintes, os altos índices de inflação e a desvalorização do dinheiro colocaram a economia em pauta no noticiário brasileiro. Era preciso explicar e contextualizar os temas econômicos, transformando-os em reportagens, função que Lillian Witte Fibe cumpriu nos telejornais de rede em seus primeiros anos na Globo de São Paulo. “Nós estávamos às vésperas do Plano Cruzado, um caos em matéria de desvalorização de dinheiro. Nós recebíamos o salário, e no dia seguinte o valor era diferente. Você nunca sabia quanto custava o famoso pãozinho. Eu lembro que eu fazia muita matéria sobre cesta básica, contando algum caso no caixa do supermercado. Mas eu também fiz muita matéria nessa época sobre o custo de dinheiro, matéria em que nós conseguíamos traduzir as informações econômicas para uma linguagem popular”, conta a jornalista.

Em 1986, quando o Plano Cruzado foi anunciado pelo governo, Lillian já estava de volta à Gazeta Mercantil. Na emissora, estreou o programa de entrevistas Crítica e Autocrítica, permanecendo ligada à Gazeta Mercantil até o ano seguinte.

Voltou à Globo, a convite de Woile Guimarães, então editor de telejornais locais, no início de 1987, para fazer o quadro 'Globo Economia'. Quando o quadro foi inserido no 'Jornal da Globo', passou a ser comentarista fixa do telejornal. Em 1989, outro marco na carreira: em meio à transição presidencial e as graves crises financeiras que atormentaram o país, Lillian Witte Fibe passou a também fazer comentários no 'Jornal Nacional'. Na mesma época, participou do programa 'Palanque Eletrônico' ao lado de Joelmir Betting e Alexandre Garcia, entrevistando todos os candidatos à Presidência da República.

“A política econômica estava fervendo de novo, o público demandava muito, ninguém entendia nada que estava acontecendo com o seu dinheiro, com o seu emprego, com seus parcos valores, num país com uma distribuição de renda péssimo, enfim, tudo isso que nós sabemos. Aí nós começamos os comentários, mas não fui só eu, o Joelmir também entrava com matérias ambientalizadas. Se o assunto fosse sobre pão, nós íamos à padaria. Se o assunto era sobre dinheiro, nós íamos ao banco. Salário, a nós procurávamos ilustrar ou procurámos ambientalizar numa fábrica ou em algum outro lugar onde ficasse caracterizado que tinha muito trabalhador e ficava legal”.

Globo Economia: Estreia (1987)

Globo Economia: Estreia (1987)

No ano seguinte, em 1990, cobriu a posse do presidente Fernando Collor e o anúncio do novo plano econômico, realizando uma entrevista de grande repercussão com a então ministra da Fazenda Zélia Cardoso de Mello.

“Eu chego na sucursal cedinho nesse dia que a Zélia daria essa entrevista. Se não me engano, antes dela, o Magri deu uma entrevista para gente, que vinha a ser o ministro do Trabalho na época, também para o Monforte e para mim. E eu vejo a Zélia ali na sala da diretoria da sucursal da Globo em Brasília, falando assim: ‘Sabe o que a gente fez? A gente falou assim: ‘meu senhor, o senhor vai na padaria com esse dinheiro, com esse trocadinho? Não, dá aqui esse trocadinho para gente, esse dinheiro aqui é nosso. O governo fez isso, o governo pegou o dinheiro das pessoas para ir na padaria’. E ela dava risada. Ela achava que tinha feito uma coisa engraçada, não sei se era endorfina do poder, eu não entendi, eu não sei o que era aquilo. Uma blusinha branca e um colarzinho de pérola… Eu a vejo na minha frente achando muito engraçado ter pego o dinheiro das pessoas na padaria. Tudo bem, eu só escutei e fiquei quieta e fui para o estúdio e aí a entrevista começou. O Monforte e eu começamos a conversar com ela sobre o plano e, para a minha perplexidade, ela não sabia nada sobre o plano, como está aí gravado nos anais”.

Pouco tempo depois, Lillian Witte Fibe desligou-se da Globo, para assumir como âncora e editora-chefe o 'Jornal do SBT' entre os anos de 1991 e 1993. Seu retorno à Globo deu-se nesse mesmo ano, para ancorar o novo 'Jornal da Globo'.

Inteiramente produzido e editado em São Paulo, o 'Jornal da Globo' foi o primeiro telejornal em rede a ser gerado daquele Estado. Na nova fase do telejornal, a partir de 1993, Lillian Witte Fibe era a âncora e a editora-chefe, e Amauri Soares e Fabbio Perez eram os editores-executivos. No ano seguinte, novamente uma intensa cobertura econômica, motivada pela implantação do Plano Real, concebido pelo então ministro da Fazenda Fernando Henrique Cardoso.

Com a entrada de Evandro Carlos de Andrade no comando do jornalismo da Globo, e as mudanças que se seguiram, Lillian Witte Fibe passou a ocupar, em 1996, a bancada do 'Jornal Nacional', apresentando o principal telejornal da emissora ao lado de William Bonner. A seguir, assumiu também a editoria de Economia do 'JN', até deixar o telejornal em 1998. Entre 1996 e 1998, contribui também para o programa 'Espaço Aberto', da GloboNews, dirigido então por Mônica Labarthe. Em 1998, retornou para o 'Jornal da Globo', em São Paulo, onde permaneceu até o ano de 2000.

A partir de 2000, deixou a televisão e passou a ancorar o 'O Jornal da Lillian', no portal Terra. Entre 2004 e 2006, tornou-se âncora do UOL News. Em 2008, de volta à televisão, estreou como apresentadora do programa 'Roda Viva', na TV Cultura, onde permaneceu até 2009.

Entre 2005 e 2016, Lillian Witte Fibe participou, ao lado de Lucia Hippolito (substituída, em 2013, por Cristina Serra), Cristiana Lôbo e Ana Maria Tahan do quadro 'As Meninas' do Jô, no 'Programa do Jô', na TV Globo. Com humor, as jornalistas comentavam os fatos marcantes do noticiário e os bastidores da vida política e econômica do país.

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