A jornalista Leilane Neubarth parece ser movida pela inquietação. A busca pela notícia já a levou a descer a uma profundidade equivalente a de um edifício de 120 andares, presa por um fio de aço, ao interior de uma mina de esmeraldas, em Santa Terezinha de Goiás; a participar do Rali Granada-Dakar a bordo de um caminhão. Embora seu rosto tenha sido sempre muito associado à apresentação de telejornais como 'Bom Dia Brasil', 'Jornal da Globo' e 'Arquivo N', da GloboNews, Leilane gosta mesmo é de ir para a rua, entrevistar, à procura do curioso, da novidade. Atualmente, Leilane Neubarth está na GloboNews, apresentando, ao lado de Daniela Lima e Camila Bomfim, o 'Conexão GloboNews'.
Leilane Neubarth já se lançou em grandes aventuras na busca pela notícia – como prender-se em um fio de aço para descer a uma profundidade equivalente a de um edifício de 120 andares no interior de uma mina de esmeraldas em Santa Terezinha de Goiás, ou participar do rally Granada-Dakar a bordo de um caminhão. Em Israel, no ano de 2002, encarou os dois lados de uma mesma questão bastante candente à época: entrevistou um dos líderes do grupo palestino Hamas, na Faixa de Gaza, e líderes ortodoxos judeus. Sob o título de Inimigos da Paz, a reportagem foi uma das seis em que procurou mostrar a delicada situação de uma região sempre à beira do conflito. Na mesma viagem, Leilane também exibiu a busca de saídas para o impasse, como a da comunidade Neve Shalom, onde independente de religião ou nacionalidade, israelenses e palestinos, judeus e muçulmanos mostram que a convivência pacífica é possível.
EXCLUSIVO MEMÓRIA GLOBO
Depoimento de Leilane Neubarth sobre participação na 21ª edição do Rali Granada-Dacar, em 02/01/1999.
Embora seu rosto tenha sido sempre muito associado à apresentação de telejornais como 'Bom Dia Brasil', 'Jornal da Globo' e 'Arquivo N', da Globo News, Leilane gosta mesmo é de ir para a rua, entrevistar, à procura do curioso, da novidade. “Apesar da preocupação com a imparcialidade jornalística sempre presente, tentei a vida inteira fazer alguma coisa mais ousada. Até que comecei a descobrir que às vezes um silêncio, um olhar para a câmera ou um sorriso já é uma maneira de colocar um pouquinho de intenção no que você está falando”. Para aprender mais, no final de 1986, declinou de um lugar na bancada do 'Jornal da Globo' para voltar à ação das reportagens. Foi parar no 'Globo Repórter' e, depois, no 'Fantástico'. O que a trouxe de volta ao estúdio, como uma das apresentadoras do 'Bom Dia Brasil', foi o pioneirismo do projeto à época, que permitia certa dose de informalidade entre os ocupantes da bancada.
Início da carreira
Carioca, nascida em 1958 e criada em Brasília, a filha do jornalista e publicitário César Teixeira e da fonoaudióloga Mara Neubarth Teixeira começou a carreira na Globo, ainda como estagiária, em 1979. “A gente trabalhava com filme, não podia errar, as câmeras eram enormes, com vídeo separado”, lembra. Antes de se formar, saiu da emissora, para viajar pelo Brasil. Recém-formada, voltou como contratada. Em 1982, com marido e com um filho pequeno, trocou Brasília pelo Rio de Janeiro, onde acreditava que teria mais chances de crescer profissionalmente. Um ano mais tarde, mudanças nos telejornais a colocaram no 'Jornal da Globo' ao lado de um time de peso: o apresentador Eliakim Araújo, os comentaristas Marcos Antonio Rocha e Jô Soares, o cartunista Chico Caruso, a editora Dilea Frate.
“Era o período do fim da ditadura, começo da abertura política, de maior liberdade de informação. Os comentaristas podiam falar à vontade, o Jô podia brincar como quisesse. Era a nata do jornalismo, e eu estava ali, com as cabeças pensantes da época.” O cabelo ondulado, que nos primeiros meses na emissora era rigorosamente submetido a uma escova, tempos mais tarde pôde aparecer no vídeo ao natural. “Acho que fui a primeiríssima. Porque cabelo mais rebelde era tido como sinônimo de personalidade rebelde. E isso talvez até fosse verdade”.
No carnaval de 1984, ela foi ao ar numa das primeiras reportagens participativas da emissora para mostrar, em plena Passarela do Samba, como é a emoção do desfile. “Eu era a repórter, mas também estava fantasiada, desfilando pela Mangueira”. Emoção maior ainda foi ver a Estação Primeira sagrar-se campeã daquele ano, com enredo sobre o compositor Braguinha.
No ano seguinte, na primeira edição do Rock in Rio, a impressão inicial de que o evento desviava a atenção dos jovens do que estava acontecendo na política do país – que assistia à última eleição indireta, com a escolha de Tancredo Neves – mudou assim que pôs os pés no local. “Observei que aquilo era uma reunião, não uma alienação.” Resultado: Leilane chegava à tarde no evento, fazia suas matérias, voltava para a emissora, editava, apresentava o jornal, e conseguia chegar a tempo para o último show de rock da noite.
Sua única passagem por outra emissora, a TV Manchete, em 1990, também teve certa dose de inquietação como motivo: queria experimentar, ver como se saía trabalhando sem contar com a infraestrutura com a qual estava acostumada. Ficou no 'Programa de Domingo' cerca de um ano.
'Fantástico'
Depois da passagem pela Manchete, aceitou o chamado do jornalista Carlos Amorim para voltar à Globo. Mais precisamente para o 'Fantástico'.
“Fiz matérias ótimas no 'Fantástico', gostei muito”, conta. Uma delas a levou à Cuba, onde crianças, vítimas do acidente nuclear de Chernobyl, estavam, nos anos 1990, sob tratamento médico. “Aquelas crianças também iam à Cuba em busca de calor físico e humano. Como todos os latinos, os cubanos são extremamente carinhosos, calorosos, e a despedida, no final do tratamento – onde nossa matéria também terminava – era muito sofrida. Fico arrepiada só de lembrar como foi emocionante. Choramos eu, a menininha russa, o cinegrafista, a enfermeira negra.” Também nessa época, o Fantástico introduzia novidades, como o uso de computação gráfica. Numa reportagem em que fazia uma passagem falando, por exemplo, sobre a necessidade do uso de protetor solar, e os riscos de enfrentar o sol sem ele, graças a esse recurso, Leilane tinha o rosto transformado num pimentão. “A brincadeira rendeu até materinhas na mídia impressa”, lembra.
'Bom Dia Brasil'
Outras inovações a fizeram mudar de ideia e voltar à bancada de um telejornal. Dessa vez, o matutino 'Bom Dia Brasil'. “Quando saí do 'Jornal da Globo', eu havia jurado que não voltava para a apresentação de um jornal ao vivo diário. Por quê? Porque exige que você esteja perfeita – inteligente, articulada, bonita – cinco dias por semana. Não pode ter filho doente, ter brigado com marido, a empregada não pode ter faltado. É uma exigência muito grande”. Mas quando Evandro Carlos de Andrade, em 1996, a convidou para um projeto novo, de um jornalismo com maior liberdade, tudo aquilo teve um peso menor em sua resposta. Mesmo com o agravante de ter que chegar à emissora às 5h da manhã, aceitou na hora. E passou a apresentar o 'Bom Dia Brasil' ao lado de Renato Machado, Ricardo Boechat, Sandra Moreyra. Era um projeto de vanguarda, com uma apresentação inteiramente nova, colunistas, a participação de outros estados e outras inovações. “O 'Bom Dia' serviu como um balão de ensaio, que influenciou todo o jornalismo. Com um formato menos rígido, trouxe a troca de comentários, a conversa entre os apresentadores, que não eram mais tão estanques. Foi inovador”.
No 'Bom Dia Brasil', responsável pelas entrevistas da coluna 'Abrindo o Jogo', Leilane teve bons momentos. Como a conversa franca com o ex-senador Antonio Carlos Magalhães, o ACM, a quem ela perguntava de onde vinha aquele apelido de Toninho Malvadeza. Ou ainda com o ator Paulo José, falando sobre com era conviver com a doença de Parkinson. “Essas entrevistas saíram do ar quando o programa precisou ser encurtado para 30 minutos de duração”.
Em 1999, a participação no rally Granada-Dakar também foi dupla: como competidora, pilotando um caminhão, e como jornalista. Era a 21ª edição desse famoso circuito. “Depois de 17 horas por dia no caminhão, arrumando pneu, equipamento e não sei mais o quê, tinha que escrever um boletim, passar audiotape”. Neles, Leilane mostrava as durezas de competir no deserto, o cotidiano no acampamento, o que se fazia quando não se estava pilotando. “Era difícil: não tem banho, o banheiro é uma moita a céu aberto, quando tem moita. Fiquei exausta”. No final, além de ter sido a primeira latino-americana participando da corrida, teve a alegria de conquistar o terceiro lugar em sua categoria – experiências reunidas em seu livro 'Faróis de Milha', publicado pela editora Objetiva, em 2000.
Ainda que tenha preferência por matérias de aventura, Leilane participou de coberturas de eventos como eleições presidenciais, Olimpíadas e desfiles de escola de samba no Carnaval. Leilane também fez matérias para o jornalismo local como a série 'O Rio que Queremos', em 2009, quando abordou em várias reportagens temas considerados essenciais pelos cariocas para se ter uma cidade com melhor qualidade de vida.
GloboNews
Em 2009, Leilane passou a apresentar o 'Jornal da GloboNews - Edição das 18h'. Com a sua experiência, também faz coberturas ao vivo de acontecimentos históricos, como foram os casos do julgamento do Mensalão e da morte do governador e candidato à presidência da República Eduardo Campos.
Leilane Neubarth mostra os bastidores da Edição das 18h e celebra os 10 anos do jornal.
Em outubro de 2019, quando o programa completou dez anos, a jornalista apresentou momentos de destaque em sua trajetória na bancada do jornal.
Com a pandemia de Covid-19, a jornalista foi afastada do trabalho presencial, em março de 2020, por ser considerada grupo de risco. Em julho de 2021, Leilane Neubarth, já vacinada contra a nova doença, assumiu mais um desafio no canal: passou a fazer parte da bancada do 'Conexão GloboNews'. Exibido de segunda a sexta, das 9h às 13h, o telejornal tem apresentação dividida em três cidades. Enquanto Leilane entra do Rio de Janeiro, Daniela Lima apresenta de São Paulo e Camila Bomfim, de Brasília.
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