Por Memória Globo, Memória Globo

Acervo/Globo

Lauro César Muniz começou a trabalhar na Globo em 1972, escrevendo o seriado Shazan, Xerife & Cia., depois de experiências como autor de teleteatros e de novelas nas TVs Excelsior e Tupi. No ano seguinte, escreveu sua primeira novela na emissora: Carinhoso. Escalada, em 1975, foi a sua primeira novela das 20h. Nos anos 1970, destacou-se ao inovar em narrativas e abordar temas polêmicos. Depois de um período na TV Bandeirantes, retornou à Globo em 1983, para escrever os 17 capítulos finais de Sol de Verão, substituindo o autor Manoel Carlos – que havia ficado muito abalado com a morte do ator Jardel Filho, que interpretava Heitor, personagem principal daquela novela. A partir de 1992, Lauro César Muniz passou a supervisionar alguns trabalhos para a emissora. Em 2005, tornou-se diretor do núcleo de dramaturgia da Record. Dez anos depois, fez uma breve passagem pela Globo, mas não realizou projetos.

Início da carreira e o teatro

Lauro César Martins Amaral Muniz é filho do comerciante de algodão Renato Amaral Muniz e da professora Clotilde Martins Amaral Muniz. Seu primeiro contato com o teatro foi através do circo, das esquetes e das pantomimas escritas e encenadas pelo palhaço Arrelia. Participou de um grupo de teatro amador e, aos 17 anos, venceu um concurso com a peça Este Ovo É Um Galo, sobre a Revolução Constitucionalista de 1932.

Graduou-se primeiro em Engenharia Civil. Morando em São Paulo, conheceu Augusto Boal e passou a frequentar o Teatro de Arena. Por sugestão daquele diretor, entrou para a primeira turma do Curso de Dramaturgia da Escola de Arte Dramática da Universidade de São Paulo (USP), formando-se em 1962. Na USP, conheceu Décio de Almeida Prado, Anatol Rosenfeld, Sábato Magaldi e Alfredo Mesquita. Em 1963, terminou de escrever a comédia O Santo Milagroso, sua estreia como autor profissional, que foi encenada com grande sucesso pela companhia de Cacilda Becker. Recebeu o Prêmio Revelação de Autor da Associação Paulista de Críticos Teatrais daquele ano. O Santo Milagroso chegou ao cinema três anos depois, por intermédio do diretor Dionísio Azevedo.

Lauro César Muniz com 18 anos — Foto: Acervo pessoal/Lauro César Muniz

Ainda naquela década, o autor escreveu e montou profissionalmente mais quatro peças de teatro: A Morte do Imortal (1966), A Infidelidade ao Alcance de Todos (1966), O Líder (1968) e A Comédia Atômica (1969).

Estreia na TV

Após experiências bem-sucedidas com teleteatro – A Bruxa (1961), Bar de Esquina (1961), A Estátua (1962), Terra de Cegos (1966) –, Lauro César Muniz estreou como novelista na TV Excelsior, em 1966, com Ninguém Crê em Mim. Seu nome fora sugerido à emissora por Dionísio Azevedo, que dividiria outros trabalhos com o autor, como uma adaptação de O morro dos ventos uivantes, de Emily Brontë, realizada em 1968. Escreveu também novelas para a TV Tupi – Estrelas no Chão (1967) – e para a TV Record – a adaptação de As Pupilas do Senhor Reitor (1970) e Os Deuses Estão Mortos (1971).

Lauro César Muniz começou a trabalhar na Globo em 1972, escrevendo o seriado Shazan, Xerife & Cia., baseado nos dois personagens criados por Walther Negrão e vividos pelos atores Paulo José e Flávio Migliaccio. Três meses depois, foi convocado por José Bonifácio de Oliveira Sobrinho, o Boni, para substituir o autor Bráulio Pedroso, que adoecera durante as filmagens de O Bofe.

Carinhoso

No ano seguinte, escreveu sua primeira novela na emissora: Carinhoso, que era inspirada em Sabrina, um filme dirigido por Billy Wilder em 1954. A novela apresentava um triângulo amoroso vivido por Cecília (Regina Duarte), Humberto (Cláudio Marzo) e Eduardo (Marcos Paulo). Em seguida, a partir de uma sugestão feita por Daniel Filho, escreveu Corrida do Ouro, em que teve a colaboração de Gilberto Braga.

Em 1974, o autor escreveu O Crime do Zé Bigorna, episódio do Caso Especial de grande repercussão, que acabou se transformando em filme, em 1977, e servindo de inspiração para a novela O Salvador da Pátria, exibida em 1989.

Escalada

Escalada, em 1975, foi a sua primeira novela das 20h. A trama, que contava a história do caixeiro-viajante Antônio Dias, interpretado por Tarcísio Meira, era inspirada na trajetória profissional do seu pai. No ano seguinte, Lauro César Muniz escreveu O Casarão, cuja história era contada em três tempos distintos, entre 1900 e 1976, apresentados simultaneamente. O público teve dificuldade em entender a trama, mas a novela foi um sucesso de crítica, tendo sido premiada pela Associação Paulista dos Críticos de Arte. Em 1977, Lauro César Muniz voltou a inovar com a novela Espelho Mágico, em que utilizou recursos da narrativa teatral, cinematográfica e radiofônica para falar sobre a própria televisão. Espelho Mágico mostrava as filmagens de uma novela, Coquetel de Amor, que era inspirada, por sua vez, no conflito central da peça Cyrano de Bergerac, de Edmond Rostand. Dois anos depois, Lauro César Muniz escreveu Os Gigantes, tratando de assuntos polêmicos como a eutanásia, o poder das multinacionais e o homossexualismo. Ainda em 1979, encenou uma peça de grande sucesso no teatro, Sinal de Vida, cujo texto havia sido escrito em 1972, mas fora proibido pela Censura – retratava o desaparecimento de uma estudante, que ingressara na política através do namorado.

Anos 1980

Após uma passagem pela TV Bandeirantes, onde escreveu Rosa Baiana (1981), Lauro César Muniz retornou à Globo em 1983, para escrever os 17 capítulos finais de Sol de Verão, substituindo o autor Manoel Carlos – que havia ficado muito abalado com a morte do ator Jardel Filho, que interpretava Heitor, personagem principal daquela novela. Ainda naquele ano, sua peça O Santo Milagroso foi remontada e transformada em um especial para a televisão, exibido na Quarta Nobre, da Globo. A experiência rendeu ao autor um prêmio no Festival Internacional de Cinema e Televisão de Nova York.

No ano seguinte, com a colaboração de Daniel Más, Lauro César Muniz escreveu a novela Transas e Caretas, cujo texto sofreu a intervenção da Censura Federal, prejudicando o desenvolvimento de alguns personagens. Em 1985, o autor foi responsável pelo argumento de Um Sonho a Mais, e acabou substituindo Daniel Más a partir do capítulo 37.

Lauro César Muniz, 1984 — Foto: Geraldo Modesto/Globo

Roda de fogo

Em 1986, com a colaboração de Marcílio Moraes, escreveu Roda de Fogo, desenvolvida a partir de uma sinopse criada pelo grupo de autores da Casa de Criação Janete Clair. A novela obteve grandes índices de audiência, apesar da intervenção da Censura, e deixou na memória personagens marcantes como o vilão Mário Liberato, interpretado por Cecil Thiré, e empresário Renato Villar, vivido por Tarcísio Meira. Outra novela censurada em que o autor contou com a colaboração de Marcílio Moraes foi Mandala, de 1987.

Em 1989, com a colaboração de Alcides Nogueira e Ana Maria Moretzsohn, Lauro César Muniz escreveu outra novela marcante: O Salvador da Pátria. No ano seguinte, escreveu Araponga, ao lado de Ferreira Gullar e do próprio Dias Gomes. Tratava-se de uma paródia dos filmes de espionagem, que tinha novamente Tarcísio Meira no papel principal.

Anos 1990

A partir de 1992, Lauro César Muniz passou a supervisionar alguns trabalhos para a emissora, como a novela Perigosas Peruas, de Carlos Lombardi. No ano seguinte, escreveu Sonho Meu, junto com Marcílio Moraes. Transferiu-se para o SBT em 1995, onde adaptou pela segunda vez a novela As Pupilas do Senhor Reitor, do escritor português Julio Diniz. Voltou à Globo em 1996, para trabalhar novamente com a supervisão de texto em Quem é Você?, de Solange Castro Neves. A partir do 25º capítulo, porém, passou a trabalhar também como roteirista.

Zazá (1997), protagonizada pela atriz Fernanda Montenegro, foi a última novela escrita por Lauro César Muniz na sua segunda passagem pela Globo. Em Zazá, o autor criou o primeiro personagem soropositivo da telenovela brasileira, homenageando no último capítulo a atriz Sandra Bréa – que faleceu em decorrência da Aids.

Depois disso, o autor escreveu duas minisséries: Chiquinha Gonzaga (1999), que marcou a retomada das produções de época na Globo, e Aquarela do Brasil (2000), na qual abordou o período áureo do rádio no Brasil. Em 2004, escreveu e encenou a peça O Santo Parto, dirigida por Luiz Arthur Nunes, que recebeu cinco indicações para o Prêmio Shell de Teatro do Rio de Janeiro. No ano seguinte, transferiu-se para a TV Record, onde passou a dirigir o núcleo de Dramaturgia. Em 2015, ele fez uma breve passagem pela Globo, mas não realizou projetos.

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