Por Memória Globo

Davi Seiffert/Memória Globo

Júlio Mosquéra entrou na GloboNews em 1999. Tendo passado pelas TVs Bandeirantes e Manchete, foi convidado para trazer um pouco mais de experiência para a cobertura política. Reconhecido repórter de política e economia, ampliou sua área de atuação em 2012, quando assumiu o posto de correspondente da Globo em Nova York. Até 2014, fez matérias de comportamento, de ciência e tecnologia, e cobriu fatos de grande repercussão, como o atentado terrorista ocorrido na tradicional maratona de Boston. Também participou da cobertura, em maio de 2013, da passagem do supertornado que devastou a cidade de Oklahoma, no Mississipi. De volta ao Brasil, em 2014, passou a cobrir o dia a dia da política em Brasília.

Eu não via a política como a minha carreira profissional. Só que comecei a cobrir, gostei e acabei ficando, acabei ficando na política. E, a partir daí, não saí mais.

Júlio Mosquéra na redação de jornalismo de Brasília, 2018 — Foto: Davi Seiffert/Memória Globo

Júlio César Mosquéra Ribeiro nasceu em Brasília no dia 23 de março de 1967. A mãe era dona de casa e o pai, amazonense criado no Rio de Janeiro, trabalhou na Câmara dos Deputados, na parte de processo legislativo. Em casa, o pai comentava muito sobre questões políticas, e Júlio Mosquéra cresceu convivendo com os principais jornais cariocas: Jornal do Brasil, O Globo e Última Hora. Mas tinha certa resistência ao noticiário político e econômico. Preferia o esporte, especialmente o vôlei, que praticava desde os 13 anos. Foi campeão e vice-campeão, inclusive, do mirim ao infantojuvenil, e campeão dos Jogos Estudantis de Brasília.

Achava que ia ser repórter esportivo. Chegou a cursar a faculdade de Jornalismo da Universidade de Brasília, e fez também dois anos e meio de tradução de inglês, mas acabou se formando no Centro Universitário de Brasília. Voltou à UnB para fazer mestrado em mídia e política, mas não chegou a completá-lo.

Inicío da carreira

Seu primeiro estágio foi na Rádio Nacional, em Brasília, na radioescuta, onde ficou pouco tempo. Estava “doido para ser jornalista” e, com a cara e a coragem, bateu na porta da TV Nacional e perguntou se não estavam precisando de um repórter estagiário. Estavam, e Júlio Mosquéra começou a trabalhar no Esporte. “De vez em quando, apresentava um jornalzinho esportivo”, lembra. Nos plantões de fim de semana – “Naquela época, estagiário dava plantão” – era deslocado para fazer Política. Logo passou a cobrir o Congresso, o Palácio do Planalto e os ministérios. “Gostei e, a partir daí, não saí mais”, lembra.

Quando estava terminando o estágio, foi informado do interesse da empresa em contratá-lo, mas teria que renovar o estágio por um tempo. Não gostou da ideia de ficar como estagiário estando formado e foi conversar com o editor de Esporte do Correio Braziliense. Fez um teste na editoria de Cidade, passou e ficou no jornal por dois anos como repórter, até que foi convidado para outro teste, na TV Bandeirantes. Durante um período, acumulou os dois trabalhos, mas acabou abrindo mão do jornal.

Na Bandeirantes, entrou como repórter local em 1980, com 23 anos. Em seis meses, virou apresentador e editor responsável do jornal local. Também fazia reportagens especiais. Dois ou três anos depois, estava de volta à cobertura política. Era a época do impeachment do então presidente Fernando Collor. Começava mais um momento pesado da política brasileira. “É hora de voltar para a reportagem”, pensou. Foi quando recebeu o convite para trabalhar na TV Manchete. Começou cobrindo o impeachment.

GloboNews

Depois da Manchete, veio a GloboNews. “Naquela época, em 1999, a equipe da emissora era nova, os jornalistas e produtores eram recém-saídos da faculdade”, conta. Foi convidado para trazer um pouco mais de experiência para a cobertura política. “A experiência na GloboNews foi muito interessante porque me obrigou a trazer de volta aquela coisa do improviso, da entrada ao vivo, imediata”, recorda. Na votação da proposta de Emenda Constitucional da Previdência, no governo Fernando Henrique, do 'Jornal das Dez' até a meia-noite, em um intervalo de duas horas, entrou ao vivo 16 vezes. “A GloboNews tinha este desafio: você ia para frente da câmera e contava o que estava vendo. Então, você ficava o tempo todo ligado, apurando, conversando e pegando informações. Era uma loucura”, revela.

A passagem pelo canal de notícias foi rápida, pois logo foi chamado para trabalhar na Globo. Primeiro, no 'Jornal Hoje', depois no 'Jornal da Globo'. Em seguida, optou por uma experiência no exterior e foi para os Estados Unidos trabalhar na agência de notícias PSN, uma empresa norte-americana que produzia material jornalístico para a América Latina em espanhol e português. Ao fim de um ano nos Estados Unidos, já sabia que Lula seria lançado pelo PT como candidato a presidente mais uma vez. “Vai ter eleição no Brasil, está na hora de voltar e ver isso de perto”, pensou. Voltou para o Brasil e para a Globo. “Seis meses depois, já estava fazendo Jornal Nacional e muito Jornal da Globo”, conta. Vieram as eleições de 2002. “Fiquei seis anos no Jornal da Globo, sempre fazendo Jornal Nacional também, e cobrindo política e economia, que era a minha praia”.

Júlio Mosquéra lembra que sua primeira matéria para o 'Jornal Nacional' não foi sobre política: “Era sobre uma pessoa que havia contraído Aids e que estava buscando tratamento. Fechei esse material e foi para o 'Jornal Nacional'. Não foi nada assim de grande impacto, mas não dá para esquecer a primeira matéria que você faz para o Jornal Nacional. De fato, é um marco”.

O jornalista viveu de perto várias crises, provocadas por uma enxurrada de CPIs – dos Bingos, dos Correios, do Sistema Financeiro, do Apagão Aéreo –, mas o momento de maior tensão foi o caso que ficaria conhecido como Mensalão, em 2005, no primeiro governo Lula. “Não foi uma, nem duas, nem três vezes que presenciei, em rodinhas de políticos, a discussão se partiriam para pedir o impeachment do presidente”, conta. “Houve, inclusive, a conversa de que se Lula não concorresse à reeleição, o impeachment não sairia. O próprio Lula disse depois que propuseram isso a ele no gabinete”. Mas a história foi bem diferente, e Lula foi reeleito nas eleições de 2006.

Reportagem de Júlio Mosquéra sobre a entrevista de Roberto Jefferson à Folha de S. Paulo, em que acusou o tesoureiro do PT, Delúbio Soares, de repassar dinheiro a deputados como pagamento por apoio parlamentar, Jornal da Globo, 06/06/2005.

Reportagem de Júlio Mosquéra sobre a entrevista de Roberto Jefferson à Folha de S. Paulo, em que acusou o tesoureiro do PT, Delúbio Soares, de repassar dinheiro a deputados como pagamento por apoio parlamentar, Jornal da Globo, 06/06/2005.

Nessa hora, analisa, é importante sair do Congresso e ver o que está acontecendo do lado de fora: “Você via que o país não estava naquela tensão toda que havia dentro do Congresso”. De seus muitos anos de cobertura dos bastidores da política como repórter de televisão, tirou uma lição: “A televisão limita muito a cobertura dos bastidores. Você tem um dia inteiro de discussões, mas quase não tem imagens. Parece um Fla-Flu que terminou três a três, mas na hora de contar o jogo, você só tem a imagem do meio do campo, não tem os gols. Às vezes, contar uma matéria de política é isso. Você não tem as imagens para contar tudo aquilo que viveu. É difícil, frustrante, mas é a realidade, não dá para mudar”.

Júlio Mosquéra foi responsável por uma das grandes matérias políticas de 2011, ao entrevistar, com exclusividade, o então ministro-chefe da Casa Civil, Antônio Palocci, que fora acusado de ter aumentado seu patrimônio em 20 vezes entre 2006 e 2010, prestando serviços de consultoria. Sob forte pressão da opinião pública, Palocci recebeu o jornalista em seu gabinete no Palácio do Planalto. A entrevista foi exibida com destaque no 'Jornal Nacional' e, algo raro, ocupou dois blocos do telejornal. Dias depois, Palocci renunciaria ao ministério.

Em 2012, o repórter cobriu as denúncias do envolvimento entre o bicheiro Carlinhos Cachoeira com o então senador de Goiás, Demóstenes Torres. Júlio Mosquéra mostrou em reportagem ao 'Jornal Nacional' a atuação do contraventor para conseguir cargos e nomeações nos governos de Minas Gerais e Goiás.

Correspondente internacional

Nesse ano, foi convidado para assumir o posto de correspondente da Globo no escritório de Nova York, onde permaneceu até 2014. De lá, o correspondente participou da cobertura do furacão Sandy, que levou o caos à cidade e deixou quase oito milhões de pessoas sem energia elétrica por alguns dias. Em novembro, ele acompanhou as eleições americanas de 2012 e a reeleição de Barack Obama.

Em março de 2013, foi um dos enviados especiais à Venezuela para cobrir a morte de Hugo Chávez. Mosquéra acompanhou o velório do ex-presidente e produziu matéria para o 'Jornal Nacional' do dia 7 de março: “Milhares de pessoas esperam na fila dez, doze horas, para ver o corpo de Hugo Chávez”, anunciou o jornalista na escalada do 'JN'.

De volta a Brasília, em 2014, cobriu as eleições presidenciais daquele ano e passou a acompanhar de perto, para os telejornais da Globo, os principais desdobramentos da crise política e econômica brasileira. Tornou-se um dos repórteres mais atuantes na cobertura dos escândalos envolvendo a operação Lava Jato e na cobertura do impeachment.

Em 2015, em meio a uma intensa crise política que abalava as instituições brasileiras, Júlio Mosquéra levou ao 'JN' uma marcante entrevista com o então presidente da Câmara Eduardo Cunha. “Lembro de um café da manhã que eu, Ricardo Villela, então diretor de Jornalismo em Brasília, e Zileide Silva tomamos com ele. Perguntamos mais de uma vez se ele não tinha receio de enfrentar a eleição para a presidência da Câmara, que aconteceria em dois meses. Afinal, ele estava sendo apontado como um dos beneficiários de um esquema de desvio de dinheiro do PMDB”, recorda. Cunha cairia pouco tempo depois.

Prêmios

Júlio Mosquéra conquistou prêmios importantes em sua trajetória. Em 2007, foi um dos vencedores do Prêmio Embrapa de Reportagem, na categoria TV, com a série Agroenergia, do 'Jornal Nacional'. Dois anos depois, ele e o cinegrafista Laércio Domingues receberam o Prêmio CNT de Jornalismo, oferecido pela Confederação Nacional de Transportes, com a série de reportagens 'Amazônia – BR 163', também exibida pelo 'Jornal Nacional'.

O jornalista é autor do romance 'Associação dos Deserdados', publicado em 2000, e do livro-reportagem, 'E Eu com Isso? – Entenda como a Política Influencia o Seu Dia a Dia', escrito a partir de uma série produzida para o 'Fantástico'.

FONTE:

Depoimento concedido ao Memória Globo por Júlio Mosquéra em 05/04/2011.
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