O interesse de Julio de Lamare pelo esporte surgiu na infância, quando começou a jogar tênis no Fluminense Futebol Clube. Lamare se tornou atleta federado e chegou a ganhar vários torneios na modalidade. Apaixonado por esportes, se dedicou também a outras atividades, como natação. Participou da equipe brasileira enviada para os Jogos Olímpicos de Helsinque, em 1952.
Em 1951, escrevia artigos sobre esporte amador para a revista do Fluminense, quando foi convidado para trabalhar na Rádio Continental. Mais tarde, foi chamado pelo caricaturista Augusto Rodrigues para escrever na seção de esportes do jornal Última Hora. Julio de Lamare também trabalhou como locutor e comentarista das rádios Tamoio e Tupi. Em 1955, entrou para O Globo como repórter especializado em esportes amadores.
Em 1965, Julio de Lamare recebeu a menção honrosa do Prêmio Esso na categoria reportagem esportiva pela cobertura A Grande Olimpíada de Tóquio. O jornalista esportivo de O Globo foi convidado pelo Comitê Olímpico Brasileiro (COB) para cobrir oficialmente as Olimpíadas de 1964. Nas matérias publicadas no jornal, Lamare destacou a participação das equipes brasileiras nos jogos olímpicos, o treinamento dos atletas e o desempenho dos esportistas brasileiros em modalidades como hipismo, iatismo e atletismo. Nas décadas seguintes, também cobriu pelo jornal as Olimpíadas de Melbourne (1956), de Roma (1960) e do México (1968) e os jogos pan-americanos de Chicago (1959), de São Paulo (1963) e de Cáli (1971).
No início da década de 1970, Julio de Lamare ingressou na TV Globo, conciliando o trabalho na emissora com o do jornal O Globo. A primeira cobertura do jornalista na TV foram os jogos pan-americanos de Cáli, na Colômbia, em 1971. Os jogos tiveram a narração de Julio de Lamare e reportagens de Léo Batista. No ano seguinte, a pequena equipe de esportes da Globo foi acompanhar os Jogos Olímpicos de Munique. O jornalista era o responsável pelo boletim diário com informações sobre as competições.
Depois da cobertura dos Jogos, Lamare foi convidado por Walter Clark para estruturar o departamento de esportes da Globo, sendo o seu primeiro diretor. Ele também foi o responsável, ao lado de Antonio Scavone, pelas negociações que trouxeram a Fórmula 1 para o Brasil. Scavone, que fora piloto de Fórmula 3, era um dos homens de maior prestígio do automobilismo brasileiro na época.
Na emissora, Julio de Lamare participou das transmissões de ginástica olímpica, do torneio de tênis Taça Davis, da competição latino-americana de natação e da cobertura do primeiro título de Emerson Fittipaldi na Fórmula 1.
Julio de Lamare morreu em 1973, na queda do Boeing 707 da Varig no aeroporto de Orly, na França. Dos 134 ocupantes do avião, apenas 12 sobreviveram. O jornalista e Antônio Scavone viajavam para transmitir o Grande Prêmio de Silverstone de Fórmula 1, na Inglaterra, para a Globo. Além do trabalho como jornalista esportivo, Lamare também integrava a equipe de algumas instituições esportivas das mais importantes na época. Ele foi presidente do conselho técnico de natação da CBD (Confederação Brasileira de Desportos), assessor técnico do Comitê Olímpico Brasileiro e membro do conselho de pólo-aquático da União da Natação Amadora das Américas.
FONTE:
Depoimento concedido ao Memória Globo por Myriam de Lamare em 3/06/2003. |