Joelmir José Beting é filho de um camponês e de uma empregada doméstica e teve como preceptor o padre Donizetti Tavares de Lima, eclesiástico que, falecido em 1961, encontra-se em processo de beatificação. Foi a partir do conselho do padre que Joelmir Beting resolveu estudar na Universidade de São Paulo, em 1957. Assim que chegou à capital, trabalhou como repórter, redator e comentarista de jornalismo esportivo na Rádio Pan-Americana (atual Jovem Pan) e nos jornais O Esporte e Diário Popular, acompanhando o time do Santos, do qual Pelé era a estrela.
Em 1961, ajudou a cunhar um termo que entraria para a história do futebol, após presenciar um gol extraordinário de Pelé, num jogo entre os times do Santos e do Fluminense. “Eu saí do Maracanã pensando em mandar fazer uma placa com o registro, uma homenagem do jornal O Esporte. Eles toparam a ideia, e eu mesmo fui à Praça da Sé, em São Paulo, e encomendei a placa de bronze”, comenta o jornalista. No domingo seguinte, quando a peça foi inaugurada por Pelé, nasceu a expressão “gol de placa”. “Por ocasião dos 40 anos daquele gol, Pelé me devolveu a placa com outra, dizendo: ‘Homenagem do autor do gol de placa ao autor da placa do gol”, lembra.
Joelmir Beting formou-se em Ciências Sociais pela USP, onde também concluiu seu mestrado sobre a indústria automobilística. Teve como orientador o sociólogo Azir Simão e como consultor o futuro presidente da República Fernando Henrique Cardoso. O sucesso da tese rendeu um convite para escrever uma coluna sobre automóveis na Folha de S. Paulo.
Em 1966, assumiu a editoria de Economia da Folha de S. Paulo, onde permaneceu como editor até 1974. Em janeiro de 1970, lançou uma coluna diária sobre economia, que seria publicada durante 34 anos. Em 1979, o jornal O Globo também passou a publicá-la. “O fato de O Globo publicar, abriu o mercado para a coluna. Em seis meses, já tinham 15 jornais publicando”, explica o jornalista.
Como comentarista esportivo, Joelmir Beting passou ainda pelas redes Gazeta e Record. Em 1975, deu início a sua carreira no telejornalismo, ao assumir a ancoragem do telejornal da Bandeirantes, onde permaneceu por dez anos.
Joelmir Beting estreou na Globo em agosto de 1985. Na ocasião, comentou no Fantástico a queda do então ministro da Fazenda, Francisco Dornelles. “Era um domingo, e a Globo me chamou para explicar no Fantástico por que Dornelles havia saído, quem era Dílson Funaro (ministro que o sucedeu) e o que poderia acontecer a partir do projeto Muda Brasil”, recorda.
Em seguida, teve seus comentários levados ao ar no Jornal Nacional, uma novidade. “A minha ida fez parte de um projeto de inserir o comentarista no Jornal Nacional. Eu era presença diária”, completa. Na época, o jornalista dividia a função com outros comentaristas, como Paulo Henrique Amorim e Alexandre Garcia. Joelmir Beting também fazia comentários pré-gravados para o Jornal da Globo.
Jornal Nacional: Estreia de Joelmir Beting (1985)
Em 1986, cobriu as eleições para governador, ancorando os debates das principais capitais. “No debate de São Paulo, tive de fazer uma intervenção muito forte. Eles rasgaram o regulamento. E houve uma briga entre os candidatos: Antônio Ermírio de Moraes querendo esganar Orestes Quércia, que estava aliado ao Paulo Maluf, e Eduardo Suplicy querendo apartá-los. E eu era âncora”, relembra.
De suas principais coberturas, o jornalista destaca a do Plano Cruzado; das eleições presidenciais de 1989, na qual foi o representante da Globo; a da posse de Fernando Collor e, sobretudo, a da decretação do Plano Collor. “Era uma sexta-feira, dia útil. Às 14h, o Brasil parou. Eu entrava nos intervalos para explicar um plano inexplicável, um grande equívoco até de doutrina acadêmica aplicada à política econômica. Não havia a menor condição de sucesso, sabíamos disso”, comenta. Sua estupefação diante do anúncio do Plano, flagrada ao vivo pelas câmeras da Globo, correu o país e foi estampada na capa do Jornal do Brasil do dia seguinte, com a seguinte legenda: “A cara da nação”.
Eleições Presidenciais (1989)
Em 1966, assumiu a editoria de Economia da Folha de S. Paulo, onde permaneceu como editor até 1974. Em janeiro de 1970, lançou uma coluna diária sobre economia, que seria publicada durante 34 anos. Em 1979, o jornal O Globo também passou a publicá-la. “O fato de O Globo publicar, abriu o mercado para a coluna. Em seis meses, já tinham 15 jornais publicando”, explica o jornalista.
Enquanto a informação econômica vinha ganhando espaço nos noticiários televisivos, Joelmir Beting acompanhou a chegada de Fernando Henrique Cardoso à Presidência e o anúncio do Plano Real, em 1994. Entre os fatos econômicos do final da década de 1990, ele destaca o advento da economia global: “Com a globalização financeira, começamos a importar os problemas dos outros. A crise do México, já em 1995, nos forçou a embarcar na armadilha do câmbio de banda. Depois, veio a crise da Ásia, que fez tombar o grande modelo vitorioso, que precipitou a crise da Rússia, em 1998. O Brasil quase capitulou, e teve de abrir o câmbio para se salvar em 1999”, explica.
Durante toda a década de 1980, trabalhou como comentarista nas rádios Excelsior e CBN. Entre 1996 e 2003, foi um dos apresentadores do semanal Espaço Aberto, no canal GloboNews. Na Globo, o jornalista também participou do Globo Repórter, do Globo Rural e do Antena Paulista.
Com mais de 30 anos de carreira no telejornalismo, Joelmir Beting apontou uma importante inovação na cobertura das eleições presidenciais de 2002: “Houve, realmente, uma grande contribuição da TV Globo, em especial do Jornal Nacional: foi uma inovação ter uma bancada aberta, democrática, transparente para debates tópicos, pontuais, e populares, na linguagem de povo. Foi um serviço inclusive cívico.”
Em julho de 2003, Joelmir Beting deixou a Globo. Desde 2004, passou a exercer a função de editor e comentarista econômico do Jornal da Band, além de participar dos telejornais Três Tempos, Gente, Primeiro Jornal e Jornal da Noite. Participa, ainda, de programas nos canais a cabo BandSports e BandNews.
Em 2012, Joelmir Beting recebeu pela quarta vez o Prêmio Comunique-se, como melhor jornalista de Economia na mídia eletrônica. Já havia recebido os prêmios de melhor analista econômico na TV e na mídia eletrônica em 2004, 2006 e 2009. Em 2001, venceu a primeira edição do Grande Prêmio Instituto Ayrton Senna de Jornalismo.
Joelmir Beting faleceu em 29 de novembro de 2012, aos 75 anos, após sofrer um acidente vascular encefálico hemorrágico. O jornalista estava internado desde o dia 22 de outubro no Hospital Israelita Albert Einstein, para se tratar de uma doença autoimune nos rins.
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