Jacqueline Marum é especialista em switcher – a sala de controle que coordena o que vai ao ar na televisão. Acostumada em ser a “voz” que sopra os próximos passos no ouvido de repórteres, ela construiu boa parte de sua carreira na GloboNews, colocando telejornais no ar. Notícia quente, urgente e ágil é o que move esta jornalista em seu dia a dia na profissão. Ela começou a carreira na revista Manchete, no início dos anos 1990, passou pela emissora de televisão do mesmo grupo e, assim que a GloboNews estreou, em 1996, foi chamada para integrar o time pioneiro do canal de notícias. Jacqueline começou como editora de texto, mas logo se tornou executiva, tendo sido responsável por fechar diferentes atrações até sua saída da empresa, em 2021.
Jacqueline Maria de Mello Pedrosa Marum nasceu no Rio de Janeiro, em 5 de março de 1965, filha da funcionária pública Victória Maria de Mello e do advogado José Lauro Pedrosa. O curso de Comunicação, concluído na extinta Faculdade da Cidade, foi pago por ela própria. “Eu era a super aluna, aquela que tira sempre dez. Quando passei para uma faculdade particular, fui trabalhar pra poder pagar meus estudos. Também encontrei boas pessoas pelo caminho, que me ajudaram a fazer a faculdade, bons diretores dando bolsa.”
Tempos depois, foi nessa mesma instituição que Jacqueline lecionou por dez anos. “Outro dia, fui na Globosat pra ver o sistema de automação dos equipamentos. Foi muito engraçado porque entrei na redação e reencontrei diversos ex-alunos que estão trabalhando lá. É muito gratificante isso.”
O caminho para a televisão
Antes das salas de aulas, Jacqueline teve experiências profissionais diversificadas. O primeiro emprego foi em uma produtora de comerciais, em São Paulo, como assistente de direção. O desejo ficar próxima da família, no entanto, a levou de volta para o Rio. Dessa vez, com uma carta de recomendação para a TV Manchete.
Após um estágio na revista Manchete, fez um curso de formação para editores de imagens promovido pela própria TV Manchete e foi contratada pela emissora de Adolpho Bloch. “Fui a primeira mulher a ir pra avenida, no carnaval, como editora de imagem. Mas chegou um momento em que eu falei: ‘Bom, é legal, é bacana, mas não é a minha profissão: não sou editora de imagem, sou editora de texto’.”
Não demorou muito para mudar de função, dessa vez para aquilo que realmente gostava – editora de texto no recém-criado telejornal exibido durante a madrugada. Já no novo cargo, Jacqueline conheceu profissionais com quem iria se reencontrar mais à frente na carreira. “Conheci a Alice-Maria, que na época dirigia o Jornalismo na Manchete, e fui promovida por ela para ser editora-chefe do jornal local.”
Depois de seis anos na TV Manchete, trabalhou em uma produtora, fazendo um programa para a TV Bandeirantes, ao mesmo tempo em que dava aulas de Jornalismo. Foi ainda subgerente de uma rede de pizzarias e editora de texto no SBT.
A chegada na GloboNews
O convite da diretora Alice-Maria para integrar a equipe da GloboNews foi feito em 1996. Ela entrou como editora de texto e em poucos meses foi promovida a editora-executiva.
“A GloboNews era um grande tubo de ensaio, porque estava todo mundo experimentando, passando pela mesma experiência, testando, tentando conhecer o terreno. Sabe quando você tem um filho pequeno, que você não sabe ainda como ele vai se desenvolver, como ele vai crescer, quais serão as reações dele, como ele vai corresponder? A gente era meio aquele embrião.”
Com o tempo, os desafios foram sendo superados e Jacqueline foi ganhando experiência em grandes coberturas. “Fui aprendendo muito, porque na GloboNews você tem que desenvolver uma capacidade de pensar muito rápido, de manter o seu autocontrole, de dar muitas ordens ao mesmo tempo para muitas pessoas e ainda olhar o produto que está colocando no ar. E não é em 20 minutos ou meia hora, pode durar seis, sete, oito, dez horas, e você à frente daquilo. Mas sempre estive amparada pela direção, sempre com o olho deles, porque a Alice-Maria é uma escola, uma mulher incrível, um exemplo de tudo, uma chefe querida, que sempre admirei como profissional e como pessoa.”
Uma das coberturas mais marcantes na carreira da editora-executiva foi a do sequestro do ônibus 174, no Rio de Janeiro, em junho de 2000. As horas de grande tensão, em que diversas decisões tiveram que ser tomadas em curtos espaços de tempo, até hoje ficaram na memória. “Aquela situação envolvia a vida de duas pessoas. Foi muito estressante porque a gente tinha que decidir o quanto mostrava, o quanto não mostrava. Ao mesmo tempo em que é chocante um homem com uma arma na cabeça de uma pessoa, isso poderia também incitar o próprio. Então, isso tudo é uma coisa que você vai, na hora, medindo o quanto está demais, o quanto está de menos, o quanto você tem que avançar, o quanto você tem que recuar. Foi muito difícil.”
'Estúdio i'
Em 2008, Jacqueline Marum aceitou uma nova empreitada na GloboNews. Assumiu o cargo de editora-executiva do 'Estúdio i', onde ficou por cinco anos. O programa, que vai ao ar nas tardes dos dias úteis, na época era apresentado por Maria Beltrão (hoje é liderado por Andréia Sadi), tinha um perfil diferente dos telejornais 'Em Cima da Hora', caracterizados por levar notícias ao canal a cada 30 minutos. O 'Estúdio i' representava um respiro na programação, tinha um formato mais conversado.
“Eu levava duas horas pra fazer a escalada do programa, porque tinha que contar tudo que todo mundo já sabia, mas de outra maneira. Então, eu pensava em alguma coisa poética, intelectual, ou musical, e criava uma escalada em cima daquilo para noticiar um fato.”
Nessa época, para enfrentar os desafios inerentes ao novo formato de telejornal que o canal estava lançando, Jacqueline contou com o apoio do experiente jornalista jornalista Ronan Soares:
“Tínhamos que fazer um programa que não era entretenimento, que misturava jornalismo, mas era pra dar um refresco naquela coisa do hardnews.”
Jornal GloboNews
De volta ao noticiário factual, em 2013, Jacqueline assumiu a edição-executiva do Jornal GloboNews. Três anos depois, esteve à frente da reformulação do programa, que passou a se chamar Jornal GloboNews Edição das 16h e a contar com a apresentação da jornalista Christiane Pelajo.
EXCLUSIVO MEMÓRIA GLOBO
Webdoc sobre o Jornal GloboNews com depoimentos exclusivos ao Memória Globo.
As principais coberturas jornalísticas da GloboNews, desde 2007 até 2016, com depoimento dos profissionais que fizeram parte dessa história em depoimentos exclusivos do Memória Globo.
Jacqueline já perdeu a conta de quantas vezes foi questionada sobre como consegue dar conta de coberturas difíceis e permanecer no controle da situação. Aliás, ela própria se pergunta sobre isso após passar por algumas dessas provas de fogo. “A GloboNews tem essa característica, ela faz realmente esse tipo de cobertura. É extenuante? É, é algo que depois de algum tempo você se pergunta: ‘Nossa, como a gente conseguiu fazer isso?’.”
Jacqueline Marum deixou a GloboNews em maio de 2021, após 25 anos no canal.
FONTE:
Entrevista de Jacqueline Marum ao Memória Globo em 20/06/2016 |