Ser criado no Distrito Federal fez Ismar Madeira pensar em se tornar diplomata. Ele resolveu fazer comunicação social com essa ideia. Sua segunda opção seria a publicidade – até chegou a abrir uma agência com colegas de faculdade quando tinha 19 anos. Mas a necessidade de estudar à noite alterou os seus planos. “Fui estudar no Centro Universitário de Brasília e encontrei uma turma de profissionais que trabalhavam em jornais e revistas e traziam aquela bagagem para a sala de aula. Quando vi, estava fisgado pelo jornalismo”, conta.
Ismar Madeira Cunha Júnior foi morar com a família em Brasília quando tinha quatro anos. Depois de estagiar na assessoria de Comunicação Social da Funai e na Rádio Nacional, foi contratado pela TV Brasília, afiliada da extinta TV Manchete, como editor dos programas Tele Manchete e Tele Manhã. Em 1989, passou a acumular essas funções com a de setorista da TV Educativa no Congresso Nacional. Cobriu pela Manchete as mudanças no Poder Legislativo com a promulgação da Constituição de 1988, e a eleição de Fernando Collor para a presidência, em 1989.
Foi convidado para trabalhar na Globo em 1990. Começou no 'Globo Esporte', do qual foi repórter e apresentador. Começou a fazer reportagens também para o 'Esporte Espetacular' e para o 'DFTV', até ser chamado para a equipe de um novo programa, o 'Bom Dia DF'. “As matérias que comecei a fazer durante a noite começaram a ter repercussão e entravam no 'Jornal Hoje'”, diz. Entre essas reportagens, estava uma sobre o início do Plano Real, em 1994. Ao lado de Carlos Monforte, foi apresentador do 'Bom Dia Brasil'.
Mudou-se para Belo Horizonte em 1995, para apresentar o 'Bom Dia Minas' e ser repórter local do 'Jornal Hoje'. “Eu achei que era um bom desafio. A gente tinha a preocupação de atender o estado de Minas inteiro, não apenas a região metropolitana de Belo Horizonte. Tinha que falar para o mineiro que mora na divisa com a Bahia, o que mora na divisa com o Rio e o mineiro ‘paulista’”.
Nessa época, também apresentou ocasionalmente o 'MGTV', mediou vários debates locais durante eleições e fez matérias para o Jornal Nacional – como entrevistar o empresário Marcos Valério, acusado de participar do esquema de corrupção conhecido como Mensalão.
Entrevista exclusiva de Marcos Valério que confessa ter montado um esquema de financiamento do PT, 'Jornal Nacional', 15/07/2005.
Cobriu também o incêndio que destruiu a Igreja de Nossa Senhora do Carmo, em Mariana, em 1999. “Durante muito tempo, a gente vinha fazendo reportagens sobre a situação do patrimônio histórico de Ouro Preto, Mariana, Tiradentes e outras cidades mineiras. Era algo que prevíamos que ia acontecer”.
A partir de 2002, começou a fazer reportagens para o 'Globo Repórter', sobre temas variados como o Vale do Peruaçu, Como Cuidar da Coluna, Felicidade, Velocidade e Comida Viva – e em 2005, ganhou um Prêmio Globo de Jornalismo Comunitário por uma reportagem sobre prostituição infantil. Também cobriu o caso do desaparecimento de Eliza Samudio, ex-namorada do goleiro Bruno, então jogador do Flamengo. “Entramos no 'Jornal Nacional' mostrando o que ninguém tinha mostrado, como o carro em que ela teria sido levada”, conta.
Entrevista exclusiva de Marcos Valério que confessa ter montado um esquema de financiamento do PT, 'Jornal Nacional', 15/07/2005.
Para o 'Jornal Nacional', fez séries como 'Brasil Bonito', 'Idosos Voluntários', 'Nossa Mata' e 'JN nas Estradas'. “Essas séries me marcaram bastante, porque a gente conseguiu mostrar um retrato do Brasil. Fomos a Setubinha, por exemplo, que possui o pior IDH [Índice de Desenvolvimento Humano] da Região Sudeste. Pegamos a estrada, e, chegando à cidade, o asfalto acabava. Para mim, isso foi emblemático, um marco da divisão de dois Brasis: um desenvolvido e outro, esquecido”, lembra.
Ismar Madeira fez mestrado em comunicação social na UFMG e, desde 2011, é coordenador do curso de jornalismo da Fundação Mineira de Educação (Fumec). “Quero levar esses 20 anos de bagagem para a universidade”, diz.
Para os telejornais locais e de rede, o repórter cobriu a queda do Viaduto Guararapes, em julho de 2014, que estava em construção, em Belo Horizonte. A tragédia deixou duas pessoas mortas e 23 feridas.
Em 2015, Ismar Madeira fez a primeira matéria sobre o desastre ecológico de Mariana (MG), que foi ao ar no 'Jornal Nacional', no dia 5 de novembro. Ele participou de toda a cobertura, inclusive com reportagens investigativas e informações exclusivas sobre o rompimento da barragem de Fundão.
Rompimento de barragem em Minas deixa mortos e desaparecidos. 'Jornal Nacional', 05/11/2015
A tragédia em Mariana é considerada um dos maiores desastres socioambientais do Brasil. A barragem, de propriedade da mineradora Samarco, rompeu e despejou 40 bilhões de litros de rejeitos de minério sobre os distritos de Bento Rodrigues e Paracatu de Baixo, no município de Mariana, e Gesteira, em Barra Longa. Dezenove pessoas morreram e 250 mil ficaram feridas.
Tragédia em MG: Além dos danos ambientais, doenças ainda são perigo. 'Globo Repórter', 27/10/2017
Desde 2019, Ismar Madeira atua como correspondente da TV Globo em Nova York.
FONTE:
Depoimento de Ismar Madeira ao Memória Globo em 11/02/2011. |