Por Memória Globo

Memória Globo

A cubana María Magdalena Iturrioz y Placencia escreveu para o rádio sua primeira novela, Cuando Se Quiere un Enemigo, em meados dos anos 1940. Logo depois, começou a trabalhar no departamento de publicidade da Colgate-Palmolive, empresa que seria, nas décadas seguintes, uma das principais patrocinadoras das telenovelas brasileiras.

Em setembro de 1961, dois anos após a Revolução Cubana, declarou-se exilada e mudou-se para Miami, onde passou a chefiar toda a programação da multinacional para a América Latina e o Canadá. Também trabalhou na Venezuela e, em 1964, mudou-se para o Brasil, onde adotou o nome que a tornaria conhecida, Glória Magadan.

Em São Paulo, ainda trabalhando para a Colgate-Palmolive, passou a cuidar pessoalmente da produção das novelas que eram transmitidas pela TV Tupi. Na época, Magadan foi responsável por folhetins como Gutierritos, o Drama dos Humildes (1964), O Sorriso de Helena (1964), A Cor de Sua Pele (1965) e A Outra (1965).

Estreia na Globo

Começou a trabalhar na Globo em 1965, em uma parceria entre a emissora e a Colgate-Palmolive: a Globo cederia tempo de exibição e a empresa, para a qual Glória Magadan ainda trabalhava, entraria com a trama e arcaria com os custos de produção. Em seguida, foi contratada para dirigir o recém-criado departamento de novelas da Globo, a convite do então diretor-geral da emissora, Walter Clark.

Ao todo, Glória Magadan escreveu nove novelas na Globo, sendo a primeira delas Paixão de Outono (1965), que inaugurou o horário das 21h30. Dirigida por nomes como Líbero Miguel, Sérgio Britto e Fernando Torres, Paixão de Outono era estrelada por Yara Lins, Walter Forster e Rosita Thomas Lopes.

Yara Lins e Rosita Tomáz Lopes em Paixão de Outono, 1965 — Foto: Acervo/Globo

A dama do gênero capa e espada

Na Globo, Glória Magadan acumulou as funções de escritora, produtora e supervisora de novelas, nas quais procurou adaptar a linguagem folhetinesca para o Brasil, ainda que suas obras não retratassem diretamente a realidade do país. Conhecida à época como “rainha da telenovela”, imprimia um estilo melodramático, privilegiando tramas de capa e espada, romanticamente fantasiosas e, em geral, ambientadas em longínquos cenários.

Humberto Martins, Yoná Magalhães e Amilton Fernandes em O Sheik de Agadir, 1966 — Foto: Acervo/Globo

A novela O Skeik de Agadir, de Glória Magadan, foi uma das mais representativas da linha capa e espada nos anos 1960. Baseada no romance Taras Bulba, de Nikolai Gogol, a trama tinha como cenários um reino árabe e a França ocupada por nazistas.

Yoná Magalhães, Leila Diniz e Carlos Alberto na novela Eu Compro Essa Mulher, 1966 — Foto: Acervo/Globo

Seguiram essa linha Eu Compro Esta Mulher (1966), baseada no romance O Conde de Monte Cristo, de Alexandre Dumas, A Sombra de Rebecca (1967), inspirada na ópera Madame Butterfly, de Giacomo Puccini, e no romance Rebecca, de Daphne Du Maurier e A Rainha Louca (1967), primeira novela dirigida por Daniel Filho.

Carlos Alberto e Yoná Magalhães em À Sombra de Rebecca, 1967 — Foto: Acervo/Globo

Glória Magadan foi uma das responsáveis por organizar a produção de telenovelas brasileiras segundo um processo industrial, em meados dos anos 1960. A “feiticeira”, como também ficou conhecida, trabalhava assumidamente a partir de pesquisas de opinião, criando e extinguindo personagens e tramas de acordo com sua própria aferição do gosto popular.

Theresa Amayo e Cláudio Marzo em A Rainha Louca, 1967 — Foto: Acervo/Globo

Histórias nacionais e realismo

Apesar do seu prestígio à frente do departamento de novelas da Globo, no fim dos anos 1960, começou a surgir na televisão brasileira uma demanda por narrativas que mostrassem histórias nacionais, com traços mais realísticos. Essa ansiedade foi percebida e primeiramente correspondida pela TV Tupi. Como uma metáfora desse novo momento, a novela Anastácia, a Mulher sem Destino (1967), inicialmente escrita por Emiliano Queiroz, ainda sob supervisão de Magadan, é passada para a autora Janete Clair, que traz à Globo a experiência adquirida na Rádio Nacional e na TV Tupi.

Marieta Severo em Anastácia, a Mulher Sem Destino, 1967 — Foto: Acervo/Globo

Entrava em cena o cotidiano da vida urbana e da modernização brasileira, tendo por maior representante Beto Rockfeller (1968), novela de autoria de Bráulio Pedroso exibida pela Tupi. Na Globo, o estilo de Janete Clair e Dias Gomes passa a ser cada vez mais valorizado. Novelas como Passo dos Ventos (1968), Rosa Rebelde (1969) e Véu de Noiva (1969) ainda foram transmitidas sob supervisão de Glória Magadan, mas não sem um rompimento com seu estilo melodramático.

A autora deixou a Globo em 1969. No ano seguinte, ainda escreveu a novela E Nós, Aonde Vamos? para a TV Tupi, seu último trabalho no Brasil antes de retornar para Miami. Na década de 1970, escreveu telenovelas para a mexicana Televisa e para a venezuelana RCTV. Em 1990, fez um remake de Yo Compro Esa Mujer para a Televisa e, em 1996, chegou a participar de um projeto não-finalizado para a TV Manchete.

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