Genilson Araujo formou-se em Comunicação Social em 1988. Filho do rodoviário Genauro de Araujo Silva e da dona de casa Luzinete da Silva, desejava ser fotojornalista, mas no início da carreira as oportunidades profissionais o levaram para o rádio, meio em que atuou por quase 30 anos, antes de entrar para a televisão, em 2016. Professor universitário há 17 anos, função que acumula com o jornalismo depois de completar sua pós-graduação em Docência do Ensino Superior, Genilson tornou-se repórter aéreo na década de 1990. Muitas vezes em primeira mão, noticiou fatos marcantes da capital e região metropolitana do Rio de Janeiro, como enchentes e problemas no trânsito. Acompanhou também o crescimento da cidade, ajudando o carioca a entender suas mazelas e belezas.
O primeiro estágio de Genilson Araujo aconteceu na Tropical FM, uma rádio que não existe mais e era especializada em samba. Na emissora, fazia reportagens, textos e teve seu primeiro contato com um microfone. Da Tropical foi para a Rádio Cidade, do grupo Jornal do Brasil, emissora voltada para o público jovem, cuja programação estava baseada em música pop e rock. Em 1988 estava formado.
Em seguida, foi para a Rádio JB AM. “Uma grande escola de radiojornalismo. A Rádio JB era muito conceituada, naquela época nós não tínhamos aqui o conceito de rádio all news, então a emissora mesclava informação e música, mas sempre privilegiando a informação. Havia correspondentes internacionais, regionais, redatores, repórteres, editores. Havia uma escala hierárquica, toda uma padronização de texto. Eu fiquei no Sistema JB até 1994, quando fui para o Sistema Globo de Rádio”, conta.
Durante esse período, Genilson Araujo teve a chance de conhecer bem a cidade, apurando assuntos ligados à saúde, economia e política local. Mesmo questões nacionais eram tratadas a partir do que acontecia no Rio de Janeiro, como a cobertura das privatizações no governo Fernando Henrique Cardoso, quando houve manifestações contrárias na Praça XV, em frente à Bolsa de Valores.
Repórter aéreo
Em 1990, ainda na Rádio JB, Genilson tornou-se repórter aéreo, uma marca em sua carreira. Desde então, acumulou mais de 25 mil horas voadas. “Parece que foi num piscar de olhos. Quantas transformações a gente passou, mas a cidade continua crescendo, querendo mais ação do poder público, continua carente de um bom transporte de massa”, afirma.
Numa época em que o GPS não estava popularizado, o repórter passou a ser uma referência para os motoristas, que sintonizavam a rádio para saber onde havia engarrafamentos e quais eram as melhores alternativas para o trânsito. Em 1994, a Rádio Globo e a CBN implantaram o serviço e o convidaram para fazer parte da equipe.
No Sistema Globo de Rádio, Genilson Araujo ficou 21 anos, consolidando-se como o profissional de imprensa mais conhecido na função de repórter aéreo no Rio de Janeiro.
“Eram duas horas e meia de manhã e uma hora e meia à tarde, todo dia, religiosamente. Decolávamos às seis e meia, sete horas e íamos até nove horas, nove e meia. À tarde decolávamos cinco e meia e pousávamos às 19 horas. Nos horários de pico, dos acidentes, dos problemas, do metrô que apresenta uma dificuldade, do trem.”
Fotografia e livros
Com a presença cada vez maior das rádios na internet e o aumento da importância das redes sociais, o jornalista pôde se dedicar à fotografia, desejo antigo do aluno de Comunicação Social. Do helicóptero, fazia imagens da cidade que eram publicadas no portal das emissoras do Sistema Globo de Rádio. Esse trabalho acabou sendo publicado em livro – 'Memória das Nuvens' – lançado em 2010.
Coberturas marcantes
Ao longo da carreira, algumas coberturas marcaram a trajetória do repórter. O desabamento do edifício Palace II, na Barra da Tijuca, em 1998, foi uma delas. O jornalista acompanhou do helicóptero o trabalho de socorro dos bombeiros, em pleno sábado de carnaval.
Em 2010, o deslizamento do Morro do Bumba, em Niterói, vitimou 267 pessoas, além de deixar feridos e desabrigados. “Chovia muito, muito mesmo, um índice pluviométrico absurdo. A cobertura se estendeu por horas e horas, a gente voltava, abastecia e decolava de novo. Quando eu cheguei ao Morro do Bumba, fiquei impressionado de ver que aquilo ali se transformou num túmulo para muita gente. Um lixão, as pessoas construíram ali, houve omissão das autoridades na tentativa de remover as pessoas e, com a água que se infiltrou, tudo veio abaixo. Dava muita tristeza ver lá de cima, os bombeiros naquela tentativa de resgatar, de tirar corpos, ver se encontravam alguém vivo, todo aquele drama”, lembra.
Também emocionante foi a cobertura do ataque de um ex-aluno a estudantes e professores da Escola Tasso da Silveira, em Realengo, em 2011, mobilizou a programação da rádio. No helicóptero para cobrir a programação rotineira, foi avisado pela redação de que havia problemas no local. Ainda sem saber do que se tratava, Genilson teve a preocupação de só transmitir informações confirmadas, sem divulgar o que as redes sociais propagavam.
“Cheguei primeiro do que a nossa reportagem e comecei a narrar aquilo que eu estava vendo: ‘Olha, realmente houve um incidente aqui, alguma coisa muito séria nessa escola’. À medida que eu ia falando, vinha uma informação a mais já checada. Com as redes sociais, chegam muitas informações numa redação. Você não tem que reverberar uma mentira, uma informação conflitante ou um boato.”
Mais amena, a Jornada Mundial da Juventude, em 2013, foi acompanhada pelo jornalista do chão. De plantão no fim de semana, cobriu a missa realizada pelo papa João Paulo II na praia de Copacabana e fez fotos para o jornal O Globo e para a Rádio CBN do lugar antes destinado ao evento, em Guaratiba. Como as chuvas foram muito fortes, a celebração acabou transferida.
Esportes e carnaval
Por não trabalhar na editoria de Esportes e pelas limitações contratuais de cobertura de eventos esportivos, inclusive com o fechamento do espaço aéreo, Genilson não participou da cobertura de eventos como os Jogos Pan-Americanos, a Copa do Mundo e a Olimpíada do Rio. Mas observou do alto as mudanças na cidade ocorridas como preparação para esses acontecimentos.
Já o carnaval fez parte de sua vida. De dicas sobre as condições do tráfego nas estradas, para quem viajava, à cobertura do desfile das escolas de samba na Marquês de Sapucaí, o repórter dedicou-se à festa até 2014. No asfalto, passou a fotografar para a Rádio Globo, que tinha portal, blog e página no facebook.
Diferenças de linguagem
As informações transmitidas por Genilson Araujo em seus boletins aéreos, durante a programação, atingiam diferentes públicos-alvo desde o início da carreira. Essa característica fez com que ele aprendesse a adaptar o discurso, para que fosse bem compreendido pelos ouvintes. “Se o público da CBN está interessado exclusivamente no jornalismo, o público da Globo AM quer variedade. Eu tentava me adequar ao perfil do programa. Se o Luiz Penido ia falar de esporte, eu entrava no pique ágil que o programa dele pedia”, explica.
Evolução tecnológica
A adaptação do repórter se deu não apenas em relação aos públicos, mas também à tecnologia. Formado no tempo das máquinas de escrever, viu o fim do telex e a informatização das redações. Em rádio, fez matérias com um gravador de fita K-7 e edição em fitas de rolo, com cortes físicos nas fitas e emendas de pedaços. A tecnologia digital veio, depois, diminuir os equipamentos, facilitar o trabalho e aumentar a qualidade do áudio.
Início na Globo
Convidado a integrar a equipe da Editoria Rio, Genilson Araujo começou a trabalhar na Globo em 2016, no Globocop, o helicóptero que serve ao jornalismo da emissora. O desafio de trocar um veículo que dominava pela TV foi bem-recebido. “Trouxe do rádio a questão do improviso, de não ficar tão preso a um texto. Dependendo da maneira como você escuta uma história, aquela história ganha força, é a verossimilhança, é a verdade. Então o rádio passa muito isso e, junto com a imagem que a TV traz, é maravilhoso, porque você consegue alcançar a eficácia na comunicação, você consegue passar para a pessoa aquilo que você realmente está sentindo”, realça.
Genilson Araujo com bandeira e corneta no Globocop
No dia a dia da televisão, o desempenho do repórter se tornou mais ágil e dinâmico, em função da diferença de propostas e estrutura, composta de mais profissionais. Quando há um incêndio, por exemplo, ele segue narrando o fato de cima enquanto equipes embaixo apuram o ocorrido; se o assunto se esgota, se dirige a outra parte da cidade para acompanhar, por exemplo, uma carreta que tombou. Na TV, o helicóptero transporta ainda um repórter-cinematográfico e dispõe de três câmeras, que gravam em Super HD e permitem uma grande aproximação da imagem, quando preciso.
A rotina de Genilson Araujo continua a ser acordar muito cedo e partir, entre cinco e cinco e meia da manhã, do aeroporto de Jacarepaguá. Quando chega lá, entra em contato com a redação para saber a pauta do dia, se existe alguma prioridade, e em seguida produz material não apenas para o 'Bom Dia Rio' e 'RJTV', mas também para o 'Jornal Hoje' e 'Jornal Nacional', caso os editores queiram usar. Depois do voo, vai para a redação participar da reunião de pauta.
“A cobertura é perfeita, a gente não deixa passar nada, a gente leva tudo, as boas notícias e as más notícias. Às vezes, a gente topa com algumas pessoas que falam: ‘Vocês estão dando muitas notícias ruins’. Sim, porque elas precisam ser dadas, mas as boas nós damos também, porque vale a pena divulgá-las. É bem legal também conviver com o pessoal mais jovem no jornalismo, porque assim a gente está sempre aprendendo. Eu sou veterano no jornalismo, mas acho que tenho muito ainda a aprender”.
Bom Dia Rio: Estreia de Genilson Araújo como Repórter Aéreo; dia 11
BDRJ faz homenagem surpresa na volta de Genílson Araújo ao Globocop
FONTE:
Depoimento dado ao Memória Globo por Genilson Araujo em 17/11/2016. |