Por Memória Globo

Sérgio Seiffert/Memória Globo

Nascida em 28 de março de 1973, Geiza Duarte Garcia formou-se em comunicação social pela Universidade Federal de Juiz de Fora, em dezembro de 1994. Filha do representante de vendas de uma multinacional de remédios, Pedro Gilberto Garcia de Oliveira, que já faleceu, e da dona de casa, Neuza Duarte Garcia, começou a trabalhar como repórter esportiva no jornal Diário Regional. Em seguida, atuou na editoria de cidades na Rádio Solar AM e trabalhou no jornal Tribuna de Minas.

Geiza em depoimento ao Memória Globo, em 2014 — Foto: Sérgio Seiffert/ Memória Globo

Na década de 1990, a mineira Geiza Duarte tomou coragem, largou o trabalho em um pequeno jornal e foi em busca de um sonho: construir uma carreira jornalística bem-sucedida na capital do país. “Vim para Brasília em 1996 procurar emprego, tentar a vida na cidade grande. Queria sair de Juiz de Fora. Sabia que o mercado lá era muito limitado”, conta. E ela não demorou a conseguir o que queria naquele momento. A jornalista passou a fazer parte da produção local da TV Bandeirantes em maio do mesmo ano em que se mudou para a capital federal.No mesmo ano em que se mudou para Brasília, Geiza foi contratada como repórter do DFTV, telejornal local do Distrito Federal da Globo. “Fui conhecer a cidade, porque antes só trabalhava dentro da redação e nunca tinha vindo a Brasília”. Após ficar cerca de um ano e três meses na TV Globo, a jornalista foi para a TV Nacional. “Fui conhecer como o Congresso funciona. Aquilo é um mundo. Fiz coberturas da época do presidente Fernando Henrique [Cardoso]. A gente viajava no avião dele. Cobri muito o Mercosul. Viajei para o Paraguai, Uruguai, Chile, Venezuela, Argentina. E, nos últimos dez meses que fiquei lá, a TV Nacional criou uma TV a cabo que se chamava NBR e passou a fazer as coberturas com muitas entradas ao vivo “.

Geiza Duarte entrou para a GloboNews em 2000. Começou fazendo as férias da jornalista Mônica Carvalho, que cobria a área de economia. “Fiquei muito no Ministério da Fazenda. Ainda tinha um resquício da inflação. Lembro que era uma área que se dava muita atenção. Todo mês tinha o aumento da gasolina e aquela competição entre os jornalistas de quem ia dar esse furo. Depois vieram os planos ainda no governo Fernando Henrique”. Eram assuntos muito árduos, difíceis de traduzir. Foi um grande desafio. Um ano ruim de crescimento da economia”, relata.

Geiza Duarte — Foto: Sérgio Seiffert/ Memória Globo

Desde 2002, a repórter faz matérias sobre as apurações dos votos das eleições presidenciais no Tribunal Superior Eleitoral, o TSE. Geiza lembra que a vitória de Luiz Inácio Lula da Silva foi um marco na história do país: “Os deputados que faziam uma crítica ferrenha ao PT mudaram de lado. Foi uma virada de mesa, um momento diferente e único. Todos ficaram impressionados com a eleição do presidente Lula. Depois veio a posse. Um momento de euforia da população”.

A primeira matéria de Geiza Duarte para o 'Jornal Nacional' foi um “furo” sobre a falência da Viação Aérea São Paulo, a VASP. Um dia emocionante para a repórter.

“Eu estava na sede da Infraero esperando sair a decisão da falência e eles falaram que a decisão ia sair do Rio de Janeiro. Quase todos os meus colegas foram embora e eu fiquei porque a Globonews falou ‘fica aí mais um pouco’. Uma fonte me disse que iam decretar falência, que haveria uma multa e acabei entrando ao vivo no Jornal Nacional porque tive essa notícia em primeira mão. Foi em 2005. Tive a notícia de que estava grávida naquele dia também. Estava nervosa. Então, não me esqueço”.

A repórter também acompanhou um dos maiores escândalos da história política do Brasil: o Mensalão. O então deputado federal, Roberto Jefferson, que estava sendo acusado de envolvimento no esquema de corrupção nos Correios, denunciou o suposto esquema de pagamento de mesada a parlamentares da base aliada em troca de apoio político. “Além da cobertura desde o início, fiz três reportagens especiais antes de começar o julgamento para tentar contar essa história toda. Eram 40 réus. A denúncia do Ministério Público era riquíssima em detalhes. E também fizemos o julgamento em si. Foi pesado”.

Amante de esportes, a jornalista se ofereceu para trabalhar nos Jogos Pan–Americanos de 2007, que aconteceram no Rio de Janeiro, para a GloboNews. Geiza participou da cobertura de quase todos os jogos, principalmente os de vôlei de quadra e de praia. “Sempre fui fã do vôlei e torcedora, e apesar da minha estatura, já joguei. Eu me lembro até que os editores do Rio falavam ‘Geiza, você está cobrindo um evento esportivo, você não está em Brasília, sorria. É diferente, relaxa’. Foi uma experiência pessoal marcante e diferente de tudo que eu tinha feito. Valeu muito a pena”.

De volta à política Geiza Duarte recorda da cobertura do caso “Renangate”, apelido dado ao escândalo de corrupção envolvendo o senador Renan Calheiros. Ele era acusado de receber ajuda financeira de lobistas ligados a construtoras, que teriam custeado suas despesas pessoais. O assunto ocupou as manchetes da imprensa em 2007. A crise, que começou em 25 de maio e terminou em 11 de novembro, fez Renan Calheiros renunciar à Presidência do Senado.

“Brasília tem uma crise atrás da outra. A gente toda hora se surpreende com a capacidade de inovação dos desvios de dinheiro público”.

Em seguida, Geiza saiu da GloboNews para trabalhar na TV Globo Brasília. A repórter substituiu o jornalista Fábio William no Bom Dia Brasil e uma de suas primeiras grandes coberturas foi o acidente com o voo 1907 da Gol, que deixou 154 mortos. O avião se chocou no ar com um jato Legacy e caiu em região de mata fechada no sul do Pará. Os sete ocupantes do Legacy não se feriram. A tragédia deu início a uma crise no setor aéreo brasileiro.

“A gente ficou dias acompanhando os desdobramentos desse acidente e quais seriam as decisões do governo. Depois vieram aqueles movimentos dos operadores de voo que ameaçaram fazer greve. Fiquei impressionada com a estrutura de trabalho deles, que era bem difícil. Faltava gente. Eles mal sabiam falar inglês. Havia esse problema de comunicação dos operadores, um problema de radar e de comunicação em alguns trechos aéreo. Isso tudo foi revelado por causa desse acidente”.

A jornalista também participou da cobertura de denúncias de corrupção no governo do Distrito Federal. A suspeita de violação do sigilo do painel eletrônico do Senado Federal deflagrou uma crise que culminou com as renúncias de Antonio Carlos Magalhães e José Roberto Arruda, na época líder do governo no Senado. “O Arruda aparentemente tinha uma postura de uma pessoa séria, correta, humilde. Quando começaram as denúncias, ele prometeu pelos filhos que não estava mentindo. Parecia que estava falando a verdade e pouco tempo depois revelou-se que não”.

Em 2011, Geiza Duarte cobriu a visita do presidente norte-americano Barack Obama ao Brasil. Ela acompanhou a agenda da primeira-dama Michelle Obama e das filhas que participaram de um almoço cultural.

Reportagem de Geiza Duarte sobre a participação da primeira-dama americana Michelle Obama em evento com jovens em Brasília, onde chamou atenção por sua elegância. 'Jornal Nacional', 19/03/2011.

Reportagem de Geiza Duarte sobre a participação da primeira-dama americana Michelle Obama em evento com jovens em Brasília, onde chamou atenção por sua elegância. 'Jornal Nacional', 19/03/2011.

Apesar de estar de férias quando as manifestações do Movimento Passe Livre aconteceram em Brasília, em junho de 2013, a jornalista lembra que o episódio foi marcante pela quantidade de pessoas nas ruas e afirma que aconteceram mudanças para a cobertura de protestos. “A gente ia para o meio das pessoas. Mas a violência foi grande. Tivemos um colega da TV Globo que levou uma pedrada na cabeça e desmaiou. E Brasília é a cidade dos protestos. Quase toda quarta-feira tem um na Esplanada e a gente começou a se preservar mais”.

FONTE:

Depoimento concedido ao Memória Globo por Geiza Duarte em 20/05/2014.
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