Ator, diretor e produtor, estreou nos palcos em 1949, atuando na peça 'A Dama da Madrugada', de Alejandro Casona, sob a direção de Esther Leão. Dois anos depois, ingressou na companhia da atriz Eva Todor e, em 1954, foi contratado pelo Teatro Maria Della Costa. Fez parte, ainda, do Teatro Brasileiro de Comédia (TBC), no qual assinou sua primeira montagem, a peça 'Quartos Separados', em 1958.
Em 1959, fundou sua própria companhia teatral, o Teatro dos Sete, ao lado do diretor Gianni Ratto e dos atores Sergio Britto, Ítalo Rossi e Fernanda Montenegro. Sua impecável direção em 'O Beijo no Asfalto', de Nelson Rodrigues, lhe rendeu o título de diretor revelação.
Após o término da companhia, em 1966, dirigiu espetáculos que fizeram grande sucesso de público e crítica, como 'A Mulher de Todos Nós', de Henri Becque, e 'O Homem do Princípio ao Fim', de Millôr Fernandes. Em 1973, recebeu o Prêmio Governador do Estado da Guanabara pela montagem de 'Amante de Madame Vidal', de Louis Verneuil, onde revelou uma visão crítica sobre os costumes da época. Três anos depois, foi eleito melhor ator pela Crítica Teatral da Cidade de São Paulo.
Fernando Monteiro Torres foi casado durante mais de 50 anos com a atriz Fernanda Montenegro, com quem teve dois filhos, o cineasta Claudio Torres e a atriz Fernanda Torres. Os dois se casaram em 1952.
Estreia da televisão
Fez sua estreia na televisão ainda na metade dos anos 1950, na TV Tupi. Junto com Fernanda Montenegro atuou intensamente no Grande Teatro Tupi. Já na TV Rio, nos anos 1960, participou de 'A Morta sem Espelho' (1963), novela de Nelson Rodrigues com trilha sonora de Vinícius de Moraes, na qual trabalhou como ator e diretor – ao lado de Sérgio Britto. No elenco, estavam grandes atores do teatro, como Fernanda Montenegro, Ítalo Rossi, Paulo Gracindo, além do estreante Francisco Cuoco. Também trabalhou, no final dos anos 1960, na TV Excelsior e na TV Record.
Estreou na TV Globo, ainda em 1965, no teleteatro '4 no Teatro'. Também participou de uma das primeiras produções de teledramaturgia da emissora, a novela 'Paixão de Outono' (1965). Na época, Fernando Torres e Sérgio Britto substituíram Líbero Miguel na direção da novela. Em 1970, trabalhou como ator em 'Simplesmente Maria', de Benedito Ruy Barbosa, na TV Tupi. No ano seguinte, novamente na TV Globo, dirigiu 'Minha Doce Namorada' (1971), de Vicente Sesso.
Ao todo, Fernando Torres participou de nove novelas da TV Globo. Trabalhou em 'Baila Comigo' (1981), de Manoel Carlos, no papel do médico Plínio Miranda, segundo marido de Helena (Lilian Lemmertz) e pai de criação de Quinzinho (Tony Ramos). Ainda em 1981, viveu o Carlos Zude em 'Terras do Sem Fim', adaptação de Walter Foster Durst do romance de Jorge Amado. No ano seguinte, foi escalado para viver o Harold Bergman em 'Sétimo Sentido' (1982), de Janete Clair.
Ainda na década de 1980, atuou em 'Louco Amor' (1983), de Gilberto Braga, como o fotógrafo Alfredo, casado com Isa (Arlete Salles) e pai de Cláudia (Gloria Pires) e Carla (Beth Goulart). Em 'Amor com Amor se Paga' (1984), de Ivani Ribeiro, interpretou o místico Tio Romão, antítese do avarento Nonô Corrêa (Ary Fontoura). Também trabalhou em 'A Volta por Cima' (1982), episódio do 'Caso Verdade' escrito por Virgínia Cavalcanti, e na adaptação que Doc Comparato fez de 'A Dama das Camélias' (1983), de Alexandre Dumas, exibida no 'Caso Especial'.
'Louco Amor' (1983): Alfredo (Fernando Torres) aconselha Luiz Carlos (Fábio Jr.)
'Louco Amor' (1983): Muriel (Tônia Carrero) se encanta com o talento de Alfredo (Fernando Torres).
'Louco Amor' (1983): A exposição de Alfredo (Fernando Torres).
Nos anos 1990, Fernando Torres fez uma participação especial nos primeiros capítulos da novela 'Zazá' (1997), de Lauro César Muniz, protagonizada por Fernanda Montenegro. Na trama, viveu o brigadeiro Pascoal Borato, grande amigo e guru da personagem Zazá (Fernanda Montenegro).
Seu último trabalho na Globo foi o personagem Alessio Lacerda, na novela 'Laços de Família' (2000), de Manoel Carlos.
No cinema, atuou em produções de sucesso como 'Engraçadinha Depois dos Trinta' (1966), de J.B.Tanko; 'O Beijo da Mulher Aranha' (1985), de Hector Babenco; 'Veja Esta Canção' (1994), de Cacá Diegues; 'A Ostra e o Vento' (1997), de Walter Lima Jr, entre outros.
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Fernando Torres morreu no dia 4 de setembro de 2008, em decorrência de um enfisema pulmonar. Ele morreu em casa, em Ipanema, na Zona Sul do Rio de Janeiro, e seu corpo foi cremado.
Fernando Torres foi homenageado no 'Memória Nacional', 2018