Por Memória Globo

Memória Globo

Fernando Rocha se define como um contador de histórias que gosta de levar a notícia de forma agradável para o público. O jornalista está longe de esboçar na tela a discrição que é tradicionalmente atribuída a seus conterrâneos. Filho do juiz de direito José Dalai Rocha e da pedagoga Sara Maciel Rocha, Fernando Henrique Maciel Rocha é sinônimo de descontração e  espontaneidade, desde o início da carreira. Parte disso se deve à sua formação como ator profissional, concluída em 1983. O jornalismo entrou em sua vida somente mais tarde e de forma natural. “Eu queria ser um ator de teatro, mas o destino foi encaminhando a minha vida para o lado da televisão, do jornalismo. Eu me casei com uma atriz e sempre tive amigos no teatro. A multiplicidade de atividades me levou para um programa na TV Minas, que precisava de um ator para apresentar. Quando eu vi, eu estava fazendo reportagem, era um repórter. Precisava fazer o curso de jornalismo e acabei concluindo essa minha formação”, conta.

A gente oferece um serviço de utilidade pública. Dá informação que muda a forma das pessoas se relacionarem com a família, com o mundo e com elas próprias. Isso não é pouca coisa

Fernando Rocha no cenário de 'Bem Estar' — Foto: Memória Globo

Fernando teve a oportunidade de vivenciar o universo do teatro antes de ingressar na TV. Aos 15 anos, atuava em espetáculos infantis. Mais tarde, apresentou na Europa a peça 'Pasolini', que ficou em cartaz no Rio de Janeiro durante seis meses.

“Um dia, um diretor de teatro chamado Rogério Falabella, que é o pai da [atriz] Débora Falabella, falou: ‘Fernando, você está muito empostado, fazendo televisão, rádio, não dá. Está muito ‘canastra”. Eu já desconfiava que era um ator meio canastrão. E começou ali a minha carreira no jornalismo.”

A estreia como apresentador foi no programa 'Voo Livre', exibido pela TV Minas, na época afiliada à TV Cultura. Foram três anos à frente da atração, e mais três como apresentador de um programas de entrevistas, na mesma emissora. Durante esse período, Fernando se dividiu também entre a função de apresentador em uma rádio FM direcionada ao público estudantil, e na Rádio Cidade. Mais tarde, deixou a TV Minas e atuou como repórter na TV Bandeirantes, conciliando com as atividades nas rádios. A múltipla atuação chamou a atenção da direção da Globo Minas. “Foi fantástico. Eu tinha acabado de me casar, tinha filho pequeno e trabalhava em três lugares. Passei a trabalhar em um só, e em um lugar dos sonhos.”

No início, o jornalista era incumbido de fazer as reportagens mais leves dos telejornais locais. “Eu fazia matéria sobre carrossel, chocolate, flores de Belo Horizonte. Era uma bem leve.” Mas, tempos depois, uma mudança na direção do Jornalismo o levou à cobertura do cotidiano na cidade. "Só perrengue, de sol a sol. Mas ali aconteceu a minha formação como jornalista de fato. Um belo dia, eu entrei no esporte, que era o que eu queria.”

O início da atuação na área de esportes aconteceu em 1997. Foram dois anos de matérias nas quais Fernando imprimia seu bom humor, até que decidiu que era hora de dar um novo passo. “Eu achava que a ida para outra praça me favoreceria em algum outro momento para chegar a São Paulo ou ao Rio. E foi isso que eu fiz.”

A praça escolhida foi Recife, onde Fernando apresentou o 'Globo Esporte' local, além de atuar como repórter. O momento esportivo, que não era propriamente efervescente, foi compensado pelo olhar com qual o jornalista descobria temas interessantes a serem tratados em suas reportagens.

“As particularidades de Recife são tão grandes que isso torna o ambiente fértil, favorável para o olhar estrangeiro. Foi isso que eu fiz com muita frequência. Eu tinha um olhar estrangeiro. Lá, as pessoas achavam normais determinadas coisas que eu via como curiosas. Valiam reportagem. Assim fui emplacando várias matérias no 'Jornal Nacional' e também em outros jornais, como 'Esporte Espetacular', 'Globo Esporte'. Foi o começo de uma maturidade muito importante.”

Nova mudança em 2003. Dessa vez, para São Paulo, onde Fernando participou de coberturas como Campeonato Brasileiro, Copa América, Stok Car e Fórmula 1, entre outros eventos esportivos. Até que, por motivo pessoais, decidiu mudar de editoria. “Chegou uma hora em que eu precisava ter a vida mais planejada, e, no Esporte, eram muitas viagens. Eu precisava de um plano. Consegui essa transição e cheguei, em 2006, à editoria do 'SPTV' para começar praticamente tudo de novo, sem vaidade. Sugeri matérias, séries. Foi um dos momentos mais criativos da minha carreira.”

Uma das grandes provas de fogo na volta à cobertura diária da cidade foi a atuação no acidente com o avião da TAM, em 2007. Fernando se preparava para voltar para casa após o dia de trabalho quando foi escalado para sobrevoar o local do desastre no Globocop. Até então, não se sabia o que havia ocorrido. “Quando a gente chegou, havia uma confusão na pista de Congonhas. O piloto falou: ‘É um avião que entrou ali’. Recebi aviso da chefia de reportagem que foi um acidente. Entrou aquela música do plantão do 'Jornal Nacional', o Bonner me chamou e eu falei: ‘Parece absurdo, mas o avião saiu da pista do aeroporto, atravessou a principal avenida que liga o norte e o sul da cidade, que é a Washington Luis, e bateu nesse lugar onde fica uma loja da TAM. O que vemos é a cauda do avião, que está pegando fogo.’ Foi o maior acidente aéreo da aviação brasileira, um dos maiores acidentes do mundo. Nesse dia eu não saí mais do ar, fiquei até o final do 'Jornal da Globo'.”

Em 2009, Fernando foi convidado a participar do projeto do 'Bem Estar', um programa com informações sobre saúde, com formato inovador, que iria ser lançado dois anos depois.

“A ideia era fazer um programa de saúde, mas com enfoque não na doença, mas na saúde. Não iríamos falar de artrite, mas de como não ter artrite. E o meu nome chegou ao projeto porque as donas de casa já tinham uma familiaridade com aquele cara de cabelo enroladinho, que estava sempre suado, com cara de pobre, todo amarrotado.”

O programa estreou no dia 21 de fevereiro de 2011. Para dar conta do novo desafio, Fernando somou a experiência no jornalismo à prática de ator. “Não foi simples me adequar à linguagem do estúdio, ter familiaridade com os médicos, com o tempo das coisas, das demonstrações. É um conhecimento a ser adquirido e que eu tento adquirir todo dia.”

Ao lado de Mariana Ferrão na apresentação do 'Bem Estar', Fernando percorreu diversas regiões do país para conversar com telespectadores que assistem e se beneficiam das dicas de saúde do programa. “A gente recebeu cartas e foi atrás dessas pessoas. Em Florianópolis tinha uma senhora que aprendeu a passar a maquiagem como a doutora Márcia [Purceli] recomendou. No Recife, um homem tinha herpes Zoster e aprendeu um jeito de tratar esse problema. Descobrimos coisas superbacanas, e foi muito legal, inesquecível.”

'Bem Estar': O programa de estreia, em 2011

'Bem Estar': O programa de estreia, em 2011

Graças ao estilo descontraído, o apresentador foi convidado a participar do quadro 'Dança dos Famosos', no 'Domingão do Faustão'. “Foi uma das melhores experiências que eu tive na Globo. Não quer dizer que eu já sei dançar, mas mostrei para as pessoas que dançar é possível. Foi uma informação sobre saúde e uma missão ter feito isso. Dancei cinco vezes no palco de LED do Faustão, isso aí não é para qualquer um. Se é para pagar mico, tem que pagar direitinho.”

Para o jornalista, a maior recompensa é perceber na vida das pessoas o resultado do trabalho realizado. “A gente está oferecendo um serviço de utilidade pública para as pessoas, está salvando vidas, porque a gente dá uma informação que realmente muda a forma das pessoas se relacionarem com a família, com o mundo e com elas próprias. Isso não é pouca coisa.”

O apresentador foi tão influenciado pelo estilo saudável do programa que, em 2015, aceitou o desafio de participar da série #AfinaRocha. Após dois meses de trabalho intensivo com exercícios e alimentação saudável, Fernando Rocha perdeu 18 quilos.

Estreia do quadro #AfinaRocha, a dieta-reportagem, que documentou o processo de emagrecimento do apresentador Fernando Rocha, 'Bem Estar', 13/03/2015.

Estreia do quadro #AfinaRocha, a dieta-reportagem, que documentou o processo de emagrecimento do apresentador Fernando Rocha, 'Bem Estar', 13/03/2015.

O jornalista deixou a Globo em fevereiro de 2019.

Mais do memoriaglobo
Projeto Resgate

Malhação reestreou em maio de 2001 com uma trama mais dramática que o habitual e investindo mais nas campanhas de responsabilidade social.

'Malhação Múltipla Escolha 2001' estreia no Globoplay  - Foto: (Memoria Globo)
Projeto Resgate do Globoplay

Adaptação de obra homônima de Antonio Callado, 'A Madona de Cedro' relata o drama de um homem religioso que contraria seus valores morais em nome do amor.

O roubo de uma obra de arte movimenta 'A Madona de Cedro' - Foto: (Jorge Baumann/Globo)
Dia de alegria!

A atriz Adriana Esteves nasceu no Rio de Janeiro. Estreou na Globo em um quadro do 'Domingão do Faustão', em 1989. No mesmo ano estreou em sua primeira novela, 'Top Model'.

Parabéns, Adriana Esteves! - Foto: (Ique Esteves/Globo)
O telejornal que acorda com o país

Com uma linguagem leve e informal, o telejornal informa as primeiras notícias do Brasil e do mundo para um público que acorda ainda de madrugada.

'Hora 1' completa 10 anos apostando no dinamismo e credibilidade  - Foto: (Arte/Memória Globo)
Fundador da TV Globo

O jornalista e empresário Roberto Marinho nasceu no Rio de Janeiro, em 3 de dezembro de 1904. Foi diretor-redator-chefe do jornal O Globo, aos 26 anos. Criou a TV Globo em 1965 e, em 1991, a Globosat, produtora de conteúdo para canais de TV por assinatura. Morreu em 2003, aos 98 anos.

Roberto Marinho nasceu há 120 anos: relembre a vida do jornalista e empresário - Foto: (Acervo Roberto Marinho)
"Quem cultiva a semente do amor..."

A novela exalta o poder feminino por meio da trajetória de Maria da Paz e traz uma história contemporânea de amor, coragem e esperança.

Relembre Maria da Paz, 'A Dona do Pedaço' - Foto: (João Miguel Júnior/Globo)
Projeto Fragmentos do Globoplay

A novela celebrava o centenário de morte de José de Alencar e se baseava em três obras do autor: A Viuvinha, Til e O Sertanejo.

'Sinhazinha Flô' teve Bete Mendes como protagonista  - Foto: (Nelson Di Rago/Globo)