Formada em História, Emilia foi trabalhar na parte de iconografia do Arquivo Nacional. Já se aventurava na criação de bolsas, biquínis e bordados – que fazia para si mesma, cuidando da reforma de suas roupas e das de suas bonecas, quando a amiga Claudia Kopke (hoje figurinista) lhe propôs sociedade numa confecção. A dupla fez sucesso e passou a desenhar coleções logo batizadas de alternativas. Elas gostavam de fazer performances com as roupas, mais do que vestir roupas tradicionais em modelos de passarelas. Acabaram fazendo figurinos para publicidade e capas de discos de rock. Fizeram também desfiles para grifes conhecidas. Achando que já tinha experiência prática, mas que precisava de uma formação de designer, Emilia Duncan resolveu estudar moda na Fashion Institute of Technology (FIT), em Nova York, fazendo diversos cursos que julgava importantes, de cor, design e modelagem. Ela frisa que sua formação foi feita na prática, com cursos e leituras constantes, porque não havia profissionalização para figurinista, especialmente de televisão.
Emilia Beatriz Magalhães Duncan em 18 de dezembro de 1958. Filha da museóloga Eloísa Magalhães Duncan, de quem diz ter herdado o prazer pela cultura, e do advogado e procurador do Estado Ronaldo Campos Duncan, de quem herdou o gosto por literatura e línguas. Fez vestibular para Letras e História e acabou optando pela segunda, indo estudar na Pontifícia Universidade Católica (PUC), onde se formou em 1981.
Foi chamada pela cenógrafa Lia Renha para fazer o filme 'Dias Melhores Virão' (1989), de Cacá Diegues. Esse foi o primeiro longa oficial, mas ela e Cláudia Kopke já haviam feito um filme nos anos 1980, 'A Estrela Nua' (1984), de José Antonio Garcia e Ícaro Martins. Emilia Duncan prosseguiu fazendo cinema, assinando os figurinos de 'Carlota Joaquina – Princesa do Brazil' (1995), de Carla Camurati. Com o sucesso do filme, foi convidada pelo diretor Guel Arraes para dividir com o figurinista Cao Albuquerque (por indicação deste) o trabalho na série 'A Comédia da Vida Privada' (1995), da Globo. A experiência deu certo e ela assinou, também, a história de época 'O Engraçado Arrependido' (1995), trama estrelada por Marco Nanini, da série 'Brasil Especial', que consistia na adaptação de textos da literatura brasileira.
Emilia Duncan voltou a trabalhar com Cao Albuquerque na criação dos figurinos da minissérie A Muralha' (2000), escrita por Maria Adelaide Amaral com base no romance homônimo de Dinah Silveira de Queiroz, considerada uma das grandes produções de época da emissora. Não saiu mais da Globo, onde criou os figurinos de outras elogiadas tramas de época que retrataram momentos históricos do Brasil, como as minisséries Um Só Coração (2004), de Maria Adelaide Amaral e Alcides Nogueira – homenagem da Globo aos 450 anos de São Paulo -, onde recriou o visual de personalidades como Tarsila do Amaral, Mário de Andrade, Oswald de Andrade, Santos Dumont, Assis Chateaubriand, Francisco Matarazzo, Yolanda Penteado, Anita Malfatti, Menotti Del Picchia, entre outros; Mad Maria (2005), de Benedito Ruy Barbosa, baseada na obra de Márcio Souza, que contou a história da construção da ferrovia Madeira-Mamoré em plena floresta amazônica; JK (2006), de Maria Adelaide Amaral e Alcides Nogueira (trabalho que Emilia dividiu com Paulo Lois), que retratou a vida do presidente Juscelino Kubitschek; e Amazônia – de Galvez a Chico Mendes (2007), de Gloria Perez.
Entre outras novelas cujos figurinos foram criados por Emilia Duncan estão 'Bang Bang', de Mario Prata e Carlos Lombardi, faroeste tupiniquim ambientado em 1881 (trabalho que dividiu com Marie Salles); a novela 'Duas Caras' (2007), de Aguinaldo Silva – a primeira produção realizada inteiramente em alta definição –, em parceria com a figurinista Labibe Simão e 'Caminho das Índias' (2009), de Gloria Perez, primeira novela brasileira a ganhar o Prêmio Emmy Internacional.
Em 2010, trabalhou em parceria com Tatiana Rodrigues em 'Tempos Modernos', de Bosco Brasil, e em 'Araguaia', de Walther Negrão. Em seguida, com Helena Gastal, assinou os figurinos das novelas 'Insensato Coração' (2011), de Gilberto Braga e Ricardo Linhares, e 'Salve Jorge' (2012), de Gloria Perez.
FONTE:
Depoimento concedido ao Memória Globo por Emilia Duncan em 19/06/2006. |