Por Memória Globo

Cicero Rodrigues/Memória Globo

A jornalista Cristiana Sousa Cruz tem uma carreira de mais de 20 anos construída inteiramente na Globo, no Brasil e nos Estados Unidos. Participou da fundação do canal GNT, ainda como estagiária, quando o canal tinha o jornalismo como um dos pilares. Trabalhou como produtora do correspondente Luís Fernando Silva Pinto, em Washington, e, de volta ao Brasil, em 1996, entrou na Globo. Foi editora de Internacional do 'Bom Dia Brasil' e do 'Jornal Nacional' – quando participou da equipe de cobertura dos atentados ao World Trade Center, em 2001 –, coordenadora de afiliadas e teve longa vivência na Globo de Nova York. Foi para lá como chefe de redação em 2004 e, em 2013, voltou para chefiar o escritório. Em 2018, voltou ao Brasil para assumir a chefia de redação de programas da GloboNews, mas logo no ano seguinte voltou a integrar o principal telejornal do Brasil, o JN, como editora-chefe adjunta.

A Globo é o que é por causa de pessoas; pessoas que se dedicam, que acordam cedo, que se apresentam para trabalhar numa emergência, que se envolvem, que ligam”.
— Cristiana Sousa Cruz

Cristiana Sousa Cruz em depoimento ao Memória Globo, 2019 — Foto: Cicero Rodrigues/Memória Globo

Início da carreira

A mineira de Belo Horizonte Cristiana Andrade Sousa Cruz, nasceu em 24 de fevereiro de 1972. Filha da professora Regina Célia Andrade Sousa Cruz e do jornalista Alberico de Sousa Cruz – diretor da Central Globo de Jornalismo de 1990 a 1995 – decidiu seguir a carreira do pai. Formou-se em Jornalismo na PUC-Rio, em 1992, começou a carreira, ainda estagiária, no jornal Última Hora. Participou da criação da Globosat, na equipe do canal GNT, quando o canal ainda tinha o jornalismo como uma de suas primeiras vertentes de programação. Fluente em inglês, a jovem, primeiro como estagiária, depois, como assistente de produção, tinha como uma de suas atribuições traduzir programas que vinham de fora. Logo decidiu embarcar para os Estados Unidos, para fazer mestrado na New School, de Nova York. Depois da conclusão do curso, em 1995, Cristiana ficou ainda por um período em Washington, ao lado do correspondente Luís Fernando Silva Pinto, atuando como produtora e editora de um programa sobre ciência exibido no GNT.

Na Globo

Em 1996, Cristiana decidiu voltar ao Brasil e foi contratada pela Globo, para participar da reformulação do 'Bom Dia, Brasil'. Entre as mudanças levadas à frente no telejornal da manhã estava a decisão de dar mais ênfase ao noticiário do exterior, e a jornalista tornou-se uma das editoras de Internacional. “Era fascinante, porque tive oportunidade, já na chegada à Globo, de trabalhar com Renato Machado, Rosa Magalhães, Sandra Moreyra, uma equipe de feras ao lado de pessoas muito jovens. Na época, eu tinha 24 anos, e a gente aprendia demais com eles”.

Após três anos na função, Cristiana foi promovida à editora de Internacional no 'Jornal Nacional'. No principal telejornal da emissora, participou de coberturas marcantes, como os atentados de 11 de setembro de 2001. Avisada pelo marido, Lúcio Rodrigues, repórter cinematográfico da Globo, de que um avião havia batido em um prédio em Nova York, correu para o trabalho e lá soube que se tratava de um atentado. Pela dimensão do acontecimento, todos os colegas, inclusive editores de outras áreas, se juntaram para avaliar o material que chegava das agências de notícia e de correspondentes e, assim, definir o que seria levado ao ar. A qualidade desse esforço conjunto e coordenado fez com que a cobertura fosse indicada ao Emmy Internacional, o maior prêmio da TV mundial, na categoria Notícia. “Foi um dia muito corrido. Quando terminou o jornal, eu me lembro daquela sensação de dever cumprido, dever de história, de que é isso que faz a gente continuar a fazer jornalismo. A gente sabia que a humanidade não seria igual depois do que tinha ocorrido”, relembra.

Em Nova York

Em 2004, Cristiana daria mais um passo na carreira: voltaria aos Estados Unidos, para ser chefe de redação do escritório da Globo em Nova York. Lá, tinha como principal função cuidar do material que seria exibido no 'Jornal Nacional', pensando também no que poderia se estender para o 'Jornal da Globo', 'Bom Dia, Brasil' e 'Jornal Hoje'. Já em seu primeiro ano no escritório, vivenciou uma mudança importante na forma de cobrir as eleições presidenciais norte-americanas, um marco na emissora. Equipes de repórteres e cinegrafistas acompanharam os candidatos dos partidos Republicano e Democrata em suas viagens, com o objetivo de mostrar as características muito particulares do processo eleitoral daquele país e traduzi-las para o telespectador brasileiro.

Inquieta, com vontade de ter novas experiências na profissão, Cristiana aceitou um convite que a faria voltar a Nova York, mas agora para chefiar o escritório. Ao chegar na cidade, em janeiro de 2013, ficou impactada com o crescimento da estrutura da Globo na cidade. “Encontrei um escritório muito maior, que entrava ao vivo todos os dias. A gente tinha fibra ótica, então podia mandar reportagem a qualquer hora do dia ou da noite, não precisava esperar um determinado horário. A gente passava, também, a contar com uma estrutura fixa da GloboNews e pessoas trabalhando para o SporTV”, detalha.

Poucos meses após assumir a chefia, a jornalista lidou com aquele que considera o maior desafio de sua carreira, até então: a cobertura dos atentados terroristas realizados na Maratona de Boston. No dia 15 de abril, bombas explodiram perto da linha de chegada da corrida, provocando três mortes e centenas de feridos e provocando pânico geral. Cristiana conta que a equipe da Globo teve que se deslocar ao local de carro, uma vez que o espaço aéreo foi fechado. Toda a equipe trabalhou por horas seguidas, durante o desenrolar dos acontecimentos e a perseguição aos autores dos atentados. Um dos repórteres, Júlio Mosquéra, conseguiu entrar na casa dos terroristas.

Outras coberturas foram impactantes, como o atentado que matou 49 pessoas em uma boate em Orlando e as eleições presidenciais de 2016, que levaram Donald Trump ao poder. Para acompanhar o processo eleitoral, os jornalistas atravessaram os Estados Unidos de trem e, em determinadas estações, paravam para falar de um grande tema em debate no momento. Evoluções tecnológicas permitiram que os repórteres entrassem ao vivo por sinais de celular. Nessa fase, além do factual do dia a dia, o escritório colaborou com o 'Globo Repórter' e realizou três programas bem elaborados: sobre a Islândia, o nordeste dos Estados Unidos e a Califórnia.

Na GloboNews

Apesar da satisfação com a produção de Nova York, Cristiana acompanhava com atenção os acontecimentos do Brasil e sentia que chegava a hora de retornar a seu país. Sua ideia inicial era mesmo passar cinco anos nos Estados Unidos, e o convite para assumir a chefia de redação de programas da GloboNews, em 2018, veio na hora certa. “Fiquei muito assustada, mas a GloboNews me conquistou de cara. Há uma vibração, uma eletricidade, um entusiasmo que você percebe nos corredores”, diz.

Na nova função, estiveram sob sua responsabilidade quase 20 programas, de diferentes perfis e formatos – entrevistas, debates, reportagens. Neles, há um alinhamento com os assuntos mais importantes do momento, que são tratados de forma mais aprofundada e por outros ângulos – como no caso do assassinato da vereadora Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes, em 2018, quando uma edição do programa 'Painel' levantou um debate sobre suas motivações e consequências do crime. “Não existe tédio na GloboNews, alguém está sempre falando algo que você não sabia, querendo explorar um assunto que vai ser útil para o assinante, de maneira diferente do que os telejornais estão dizendo”, comenta.

Para a cobertura das eleições presidenciais brasileiras, Cristiana participou da criação da 'Central das Eleições', projeto que viabilizou entrevistas com candidatos, seus vices e assessores, realizadas por jornalistas e comentaristas da emissora. O desastre ambiental de Brumadinho também ganhou destaque e mereceu um 'GloboNews Especial' produzido em tempo recorde. “Outro golaço foi o 'GloboNews em Movimento', em que a gente fez uma série de 12 programas sobre mobilidade com repórteres como Rodrigo Carvalho, Felipe Santana, Victor Ferreira e Murilo Salviano, de maneira zero careta ou previsível. A gente colocou os repórteres para andar de ônibus e de metrô, para chacoalhar e mostrar o que há de mais novo, de mais diferente – e a falta de cuidado”, detalha. Como chefe de redação, Cristiana Sousa Cruz incentivou ainda a integração da GloboNews com o G1 e as redes sociais.

Cristiana Sousa Cruz em depoimento ao Memória Globo, 2019 — Foto: Cicero Rodrigues/Memória Globo

De volta ao JN

Em 2019, a jornalista voltou ao 'Jornal Nacional', para ocupar o cargo de editora-chefe adjunta. Novamente na equipe do principal telejornal do país, Cristiana participou de momentos históricos com a cobertura da pandemia de Covid-19, declarada em março de 2020. No Brasil, a crise sanitária foi acompanhada de uma grave crise política, com quedas de ministros e disseminação de fake news. Para garantir informação à população, a Globo mexeu em sua programação e ampliou seu tempo de jornalismo no ar. O JN produziu diversas edições especiais, algumas com até uma hora de duração.

FONTES:

Depoimento concedido ao Memória Globo por Cristiana Sousa Cruz em 25/03/2019; “Sem futebol e novela inédita, Globo faz Jornal Nacional com mais de uma hora” in F5, Uol, 27/03/2020.
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