Formada em Jornalismo, Cláudia Lira nunca chegou a trabalhar na profissão – embora jamais tenha se distanciado dela. Logo no início da carreira, se interessou em análise de audiência e pesquisa de público, o que lhe abriu portas para trabalhar na programação de canais da TV por assinatura. Tendo entrado no Grupo Globo, ainda estagiária, na Fundação Roberto Marinho, logo foi para o GNT, onde participou da experiência do canal em Portugal, no final da década de 1990, e da transformação de perfil, que o passou a ser majoritariamente feminino. Em 2009, foi convidada a assumir a gerência de programação da GloboNews, onde usou sua experiência para aproximar os programas dos interesses e expectativas dos assinantes. Com o tempo, assumiu também a área de marketing do canal, levando à frente iniciativas que trouxeram reconhecimento e prêmios.
Início da carreira
Cláudia da Costa Lira nasceu em Nova Friburgo, região serrana do Estado do Rio de Janeiro, em 27 de agosto de 1973. Filha da historiadora Eliane da Costa Lira e do economista e administrador Fernando Henriques de Lira, ela morou em Salvador e Recife durante a adolescência – acompanhando o pai, que trabalhava em hotelaria –, mas acabou por se estabelecer no Rio de Janeiro. Formou-se em Jornalismo pela Pontifícia Universidade Católica do Rio, em 1996, e começou sua vida profissional na área de produção do Telecurso 2000, na Fundação Roberto Marinho.
Ao voltar de sua licença-maternidade, em 1999, Cláudia Lira foi convidada a trabalhar no setor de Programação do GNT Portugal. Apesar de ser comercializado e exibido no exterior, o canal era gerido no Rio de Janeiro. A experiência levava Cláudia a, uma vez ao ano, conduzir uma pesquisa qualitativa com os telespectadores em Portugal, com o objetivo de avaliar a receptividade da programação, que incluía produtos da TV Globo e dos canais Globosat, entre os quais o próprio GNT, além de Multishow e SporTV.
Do GNT para a GloboNews
Interessada especialmente pelo estudo da audiência, Cláudia Lira se especializou nessa área e recebeu de Leticia Muhana, à frente do GNT, na época, a incumbência de fazer um estudo da grade de programação que ofereciam no Brasil. Com base na qualidade desse levantamento, foi convidada a fazer parte da equipe, que estava empenhada na mudança de perfil do canal em direção ao público feminino. Em 2004, ela assumiu a função de coordenadora de Programação do GNT Brasil.
Cláudia Lira ficou cinco anos no GNT, até receber um convite da então diretora de Marketing da GloboNews, Eugenia Moreyra: “Ela me contratou como gerente de Programação e me pediu para estudar a grade. A GloboNews já chegou a ter nove minutos de intervalo, os programas e telejornais não tinham break, então, era um desafio muito grande”. Com base em estudos e pesquisas que levavam em conta tanto a experiência do telespectador, quanto a manutenção das receitas publicitárias, ela conseguiu diluir os intervalos e abriu caminho para importantes mudanças. No cultural Starte, identificou o maior interesse dos telespectadores pela dramaturgia da Globo, em detrimento de assuntos que tinham mais destaque, como artes plásticas. Os telejornais ganharam mais tempo a cada edição, passando de meia hora para duas horas. Já no caso do Conta Corrente, um programa de economia, a expectativa do público era receber informações de forma mais leve e didática, o que foi levado em consideração.
Marketing
Com o passar do tempo, Cláudia Lira incorporou à sua gerência o Marketing da GloboNews. Uma de suas primeiras iniciativas na área foi fazer uma campanha interna para ampliar a sensação de pertencimento da equipe. Ela buscou, ainda, tornar o ambiente de trabalho mais confortável. “A gente fica muito tempo aqui, trabalhando, então queríamos dar uma cara de escritório/casa, com aquela luz amarela. Acho que isso foi bem animador. As pessoas vinham trabalhar mais felizes”, conta.
Na relação com o mercado, ações de marketing promocional trouxeram premiações para o canal. Uma delas, o Boteco GloboNews, realizado com agências de publicidade, ganhou, em 2015, o Prêmio Ouro na etapa brasileira do Ampro Globes Awards, o maior prêmio de Live Marketing do mundo. A iniciativa consistia em um jogo online, disputado pelas agências. A vencedora ganhava um dia de boteco, com comida, bebida e a presença de um jornalista da emissora. No ano seguinte, o canal foi eleito “Veículo Eletrônico do Ano” no prêmio Colunistas Brasil 2016.
Aproximação com o público
Para aumentar a interação com os telespectadores e aproveitar as possibilidades crescentes da tecnologia, a gerência de Programação, Promoções e Marketing criou, em 2016, o projeto do aplicativo Na Rua. Por meio dele, o público passou a enviar vídeos e fotos de situações de seu cotidiano que percebiam como notícias, com seu olhar para os fatos. “Foi um projeto que saiu da área do Marketing para ajudar o conteúdo”, pontua.
Outra iniciativa da área foi promover eventos que aproximassem os assinantes do canal. Em uma das edições do Festival Piauí–GloboNews de Jornalismo, por exemplo, uma banca de jornal futurística foi montada em um container para projetar, em uma tela, depoimentos de profissionais sobre o futuro do jornalismo. Essa banca, que contava com pufes e carregadores, funcionou como ponto de encontro, onde o público teve acesso a notícias em todos os gadgets nos quais é possível encontrar a GloboNews, como smartphones.
Nesses mais de dez anos no canal, Cláudia Lira percebeu uma evolução na linguagem e na interação com o telespectador. “Acho que a GloboNews ficou mais gostosa. Ela sempre teve a função de informar, trazer a notícia – e sempre foi bem-sucedida. Com o tempo, a gente conseguiu contar essas histórias de uma forma mais agradável, mais atraente, usando um vocabulário mais claro e mais próximo das pessoas”, avalia.
Claudia Lira deixou a emissora em abril de 2023.
FONTE:
Depoimento concedido ao Memória Globo por Claudia Lira em 18/10/2016. |