A cobertura diária da movimentação política e econômica em Brasília deu a tônica da carreira da repórter e apresentadora Cláudia Bomtempo. Os corredores do Congresso Nacional, dos ministérios e do Palácio do Planalto são frequentados por ela desde 1996, quando foi contratada como repórter da Globo. “Eu trabalhava como produtora da extinta TV Manchete e tinha uma colega de trabalho, uma editora, que também trabalhava aqui na TV Globo e me estimulava a fazer algumas reportagens quando sobrava equipamento, havia assunto demais e repórter de menos. Então, eu fazia um videozinho, uma reportagem no Congresso, que é o forte aqui de Brasília. E ela pegou uma dessas reportagens e trouxe para a TV Globo. Para minha surpresa, o então diretor de Jornalismo, Marcelo Netto, me chamou para conversar e me contratou. Quem estava junto era o Carlos Henrique Schroder, e ele falou: ‘Você está preparada para acordar às cinco da manhã?’. Eu disse: ‘Estou’. Já era para entrar ao vivo no 'Bom Dia DF' e, em seguida, emendar com reportagens para o 'Jornal Hoje', que foi a minha primeira missão aqui”.
Os primeiros três anos como repórter são considerados por Cláudia um período de grande aprendizado, em que a convivência com profissionais mais experientes foi fundamental. “Eu aprendi muito, toda a linguagem de televisão, porque eu cheguei crua, com 23 anos, e nunca havia trabalhado como repórter. A Ana Paula Padrão, o Alexandre Garcia e a Delis Ortiz foram pessoas que sempre ajudaram muito. Nortearam essa postura em relação à notícia, em relação ao próprio veículo. E o primeiro professor é sempre o cinegrafista. Ele diz: ‘fala assim, pode ficar mais solta, aponta ali’. Eles sempre ajudam muito”.
Nascida em Brasília, em 6 de junho de 1973, Cláudia Bomtempo é filha da enfermeira Sonia da Silva Bomtempo, já falecida, e de Pedro Helvécio Bomtempo, um intelectual, como explica a repórter. “Ele fez carreira dentro da igreja, como padre, depois como teólogo, depois como funcionário público. Eu nem saberia enquadrar meu pai numa profissão”. A graduação em jornalismo foi cursada na Faculdade CEUB (Centro de Ensino Unificado de Brasília), após um ano de estudos em Michigan, nos Estados Unidos, onde, inicialmente, Cláudia pretendia estudar ciências da computação.
"Eu gostava muito de mexer com sistemas e de aprender aquela linguagem. Mas numas férias eu vim para o Brasil e uma tia fez a minha inscrição no vestibular aqui em Brasília. Aí, fiz o vestibular para comunicação social por farra e acabei passando. Foi um caminho que eu não pensei, não escolhi, mas que fui muito feliz em trilhá-lo".
Cláudia ficou um ano como repórter do 'Bom Dia DF' e do 'Jornal Hoje', depois foi para o 'Jornal da Globo', onde passou a fazer reportagens com ênfase em economia e, em seguida, fez matérias para o 'Bom Dia Brasil' e para o 'Jornal Nacional'.
O período na bancada foi marcado por entrevistas de estúdio com políticos e especialistas, detalhando decisões econômicas, normas e leis. Um “jornal sem pressa”, como classifica a apresentadora. “Era um jornal muito conversado. Era também muito comum a gente acordar alguém de madrugada para vir dar entrevista ou para pedir informação. O 'Bom Dia' sempre foi um jornal que exigiu explicações das equipes de governo e muito esclarecimento dos especialistas também. Toda vez que tinha uma eleição para presidente da Câmara, os políticos iam. O Bom Dia é muito assistido em Brasília, é um termômetro para o dia – eu já ouvi isso muitas vezes dos nossos convidados no estúdio”, recorda.
Em 1999, Cláudia se tornou apresentadora do 'Bom Dia Brasil', posição que ocupou durante dez anos. “Foi um desafio muito grande, um momento de muito crescimento. Eu me pegava querendo buscar formas de me expressar de uma maneira melhor e com o tempo você vai conseguindo ampliar o alcance da sua linguagem, do seu olhar, porque tem que ser o mais natural possível, tem que ser você. Nessa época eu tive dois filhos e tudo conta para você ser quem você é, saber filtrar a notícia, usar as informações da melhor forma possível, e para se expressar bem. Saber que a pessoa que está ouvindo está te entendendo é o grande desafio. Principalmente em se tratando de assuntos como os que a gente tem aqui em Brasília, nem tão atraentes assim. Então, nosso esforço é sempre tentar mostrar como é simples, como é importante você entender da parte econômica também”.
Em 2009, o ciclo no 'Bom Dia Brasil' foi encerrado e Cláudia voltou à reportagem do 'Jornal Nacional'. No ano seguinte, a cobertura da visita do Presidente Lula ao Haiti, após o terremoto do dia 12 de janeiro, revelou para a repórter um novo aspecto do Brasil.
“Em Porto Príncipe, estava tudo destruído, devastado. O presidente era esperado lá para uma visita e foi impressionante ver a força e a importância do Brasil na recuperação do país. Um ano depois, tive a oportunidade de ir novamente ao Haiti, dessa vez acompanhando a presidente Dilma. Estava tudo diferente. Foi impressionante saber que o Brasil atuou ali de uma forma tão elegante, tão importante, tão humana, os militares todos muito corretos, sempre muito profissionais. O que marcou foi realmente a força de vontade, a parte humana do Brasil de estar lá, competente, e de conseguir ajudar tanto numa reconstrução”.
A prática de esportes, que Cláudia concilia com o dia a dia em família e o jornalismo, a levou à sua primeira experiência no 'Globo Repórter' em 2010. “A diretora do 'Globo Repórter' ,Silvia Sayão, viu, no 'Jornal Nacional', uma reportagem sobre a construção de Brasília, em que fiz um mergulho no fundo do Rio Paranoá para encontrar vestígios da existência de uma vila naquele local. Aí, ela me chamou para fazer um programa sobre a Austrália, que precisava de alguém que mergulhasse. Lá, entrei numa jaula, mergulhada, para ver um crocodilo gigante. Depois, fomos para a Costa Oeste mostrar o tubarão-baleia, que era época deles passarem por lá. Foi um programa muito lindo, muito cheio de vida, de aventura, e que é uma coisa que eu gosto muito também. Depois disso eu fiz outro no Jalapão, para mostrar o centro do país”.
Em março de 2011, aconteceu a primeira visita oficial do presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, ao Brasil. Obama participou, em Brasília, de encontros com a presidente Dilma Rousseff, políticos e empresários. No mesmo dia, foi para o Rio de Janeiro. Cláudia Bomtempo fez a cobertura na capital federal.
A agilidade na realização de reportagens e a seleção das informações relevantes são, para a repórter, a chave para a qualidade da informação quando se trata do 'JN no Ar', projeto do qual ela guarda boas recordações. “O 'JN no Ar' é a coisa mais desafiadora que tem porque você anuncia no ar que vai fazer uma reportagem sobre tal coisa, aí você, em 24 horas, tem que pegar um avião, ir para o lugar onde é o tal negócio, dormir, acordar, fazer a reportagem, voltar para onde quer que esteja o avião, editar o material, mandar para o Rio, e você ainda entra ao vivo dizendo que foi assim, foi assado. Aquilo ali pra mim é demais. E sempre dá certo”.
Reportagens e destaques
No 'Fantástico', Zeca Camargo e Patrícia Poeta anunciam a eleição de Dilma Rousseff. Cláudia Bomtempo fala, ao vivo, de Brasília. Em seguida, uma matéria de Cristina Serra sobre a vida e a trajetória política da presidente eleita, 31/10/2010.
Reportagem de Cláudia Bomtempo sobre o dia de Barack Obama em Brasília, durante a visita oficial que o presidente norte-americano fez ao Brasil, 'Jornal Nacional', 19/03/2011.
Reportagem de Cláudia Bomtempo sobre o encerramento da primeira fase de análise dos recursos apresentados pelos réus, 'Jornal Nacional', 05/09/2013.
O espírito aventureiro e a disposição para novos desafios são características da repórter.
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