Cassiano Gabus Mendes é filho do radialista Octávio Gabus Mendes e cresceu frequentando emissoras de rádio. Seu pai adaptava filmes estrangeiros para o teatro da Rádio Tupi, e ele atuou várias vezes como radioator juvenil nesses programas. Aos 20 anos, o pai faleceu, e Cassiano e sua irmã Edite precisaram trabalhar mais ainda para conseguir prover o sustento da mãe e de seus outros irmãos. Tendo herdado vários scripts do pai, deu continuação ao seu trabalho na Tupi.Em 1950, com a fundação da TV Tupi, Cassiano Gabus Mendes foi convidado para ser o diretor artístico da emissora. Aos 24 anos, sem experiência nenhuma em televisão, fez o que sabia melhor e adaptou o filme 'A Vida Por um Fio' para a pequena tela. O programa foi um sucesso, a experiência resultou na criação do TV Vanguarda, teleteatro com adaptações de filmes, peças e livros. O programa permaneceu no ar por 16 anos.
EXCLUSIVO: Webdoc novela - 'Anjo Mau - 1ª versão' (1976)
Início da carreira
Como diretor artístico, Cassiano Gabus Mendes consolidou a programação da TV Tupi agregando profissionais de alto calibre como Walter George Durst, Dionisio Azevedo, Sillas Roberg, Alvaro de Moya, Túlio de Lemos, Aurélio Campos, Homero Silva, Walter Forster, Ribeiro Filho, entre outros. Ele também escrevia seus próprios programas e os dirigia diretamente da sala de corte. Entre os grandes sucessos concebidos pelo jovem diretor está o seriado romântico 'Alô, Doçura', estrelado por Eva Wilma e John Herbert. Em 1968, Cassiano Gabus Mendes desenvolveu o argumento de outro marco da televisão: a novela 'Beto Rockfeller', escrita por Bráulio Pedroso. Em vez das histórias de época que dominavam as novelas daquele tempo, 'Beto Rockfeller' apresentava uma trama moderna em que os personagens e as situações espelhavam o cotidiano do telespectador. De quebra, revelava o talento de um ator que ganharia vários papéis inesquecíveis nas novelas que Cassiano escreveria anos depois: seu cunhado, Luis Gustavo.
Estreia na Globo
O ciclo de Cassiano Gabus Mendes nas Emissoras Associadas terminou em 1976. Naquele ano, ele estreou como dramaturgo na Globo assinando a primeira versão da novela 'Anjo Mau', a história de uma mulher ambiciosa que faz de tudo para subir na vida. Na emissora, passou a se dedicar exclusivamente ao ofício de escrever e entrou para a história como um dos mais importantes autores da televisão brasileira.
Seu trabalho seguinte foi 'Locomotivas' (1977), contando as aventuras de uma ex-vedete e dona de um salão de belezas. A novela bateu o recorde de audiência no horário e solidificou seu estilo baseado na comédia. Em seguida, vieram 'Te Contei?' (1978) e 'Marron-Glacê' (1979), novo sucesso de audiência, dessa vez abordando o universo dos garçons profissionais e cheio de personagens extravagantes.
Em 1980, com 'Plumas & Paetês', Cassiano falou das dificuldades vividas por quatro manequins profissionais que tentam vencer na profissão. A novela também reuniu o casal John Herbert e Eva Wilma, de 'Alô, Doçura'. Em 1982, veio 'Elas por Elas' (1982), com a trama fundamentada na relação de sete amigas de infância. Mas quem roubou a cena foi Luis Gustavo, que deu vida ao antológico personagem Mário Fofoca, um detetive desastrado e hilariante.
EXCLUSIVO: Webdoc da novela - 'Ti Ti Ti' - 1ª versão (1985)
Ainda na década de 1980, Cassiano Gabus Mendes escreveu também 'Champagne' (1983), 'Ti-Ti-Ti' (1985), 'Brega & Chique' (1987) e 'Que Rei Sou Eu?' (1989), essa considerada por muitos seu melhor trabalho. A novela parodiava a situação política e social do Brasil através da trama capa e espada que se passava no reino fictício de Avilan, pouco tempo antes da Revolução Francesa.
Cassiano Gabus Mendes estreou no horário das oito em 1990, com 'Meu Bem, Meu Mal' (1990), que marcava uma mudança no seu estilo: o habitual tom de comédia deu lugar a uma história sobre as relações de amor, ódio e traição. Mas a novela tinha seus momentos cômicos, a maioria deles estrelado por Porfírio (Guilherme Karan), um mordomo obcecado pela interesseira Magda (Vera Zimmerman).
Em 1992, Cassiano Gabus Mendes fez uma participação na novela 'Perigosas Peruas', do amigo Carlos Lombardi, no papel de D. Franco Torremolinos, o líder de uma atrapalhada família de mafiosos. No ano seguinte, escreveu o seu último trabalho: 'O Mapa da Mina'. Quando iam ao ar os capítulos finais da novela, o autor faleceu, no dia 18 de agosto de 1993, aos 64 anos. Do seu casamento com a atriz Elenita Sanchez, deixou dois filhos, Cássio Gabus Mendes e Tato Gabus Mendes, ambos atores.