Por Memória Globo

Márcio de Souza/Globo

Filho do advogado Américo Rodrigues Manga e de Maria Isabel Aranha, José Carlos Aranha Manga começou a trabalhar como bancário, porém sua paixão pelo cinema logo o levaria para a indústria cinematográfica, através do cantor Cyll Farney. Na ocasião, foi contratado pela Atlântida, para trabalhar no setor de almoxarifado, e abandonou o curso de direito no segundo ano. Foi contra-regra, assistente de montagem, assistente de revelação e, finalmente, diretor. Seu nome artístico – Carlos Manga – foi sugerido pelo então presidente da companhia, Luiz Severiano Ribeiro Júnior.Junto com Watson Macedo, foi um dos principais diretores do período de ouro – os anos 1950 – da Atlântida, onde esteve à frente de clássicos da chanchada como 'Nem Sansão nem Dalila' (1954), 'Matar ou Correr' (1954) e 'O Homem do Sputnik' (1959). Fez sua estreia, inclusive, em um filme produzido em 1952 pela antiga companhia, e dirigido por José Carlos Burle, 'Carnaval Atlântida' (1952). Na época, foi responsável por dirigir os números musicais.

Hugo Carvana, José Wilker, Paulo José, Carlos Manga e Nelson Dantas nos bastidores da minissérie 'Agosto', 1993 — Foto: Aervo Globo

Ao todo, Carlos Manga dirigiria 32 filmes. O primeiro deles, ainda na Atlântida, foi 'A Dupla do Barulho', em 1953. No elenco, além de Oscarito e Grande Otelo, os grandes astros da época, nomes como Wilson Grey e Fregolente, entre outros.

Início da carreira

Começou a trabalhar na televisão no início dos anos 1960, a convite de Chico Anysio, na antiga TV Rio. Estreou dirigindo o programa 'O Riso é o Limite', depois passou por 'Noites Cariocas', 'Agora é Que São Elas', entre muitos outros. Ainda naquela emissora, foi o responsável – junto com o técnico Marcelo Barbosa – pela primeira edição em videoteipe da televisão brasileira, feita para o humorístico 'Chico City', em 1960. Ainda no início da década de 1960, começou a trabalhar também com publicidade, atividade que desempenharia ao longo de toda a sua carreira no cinema e na televisão.

Contratado pela TV Excelsior, onde chegaria a ser o diretor geral, dirigiu programas importantes, como o musical 'Times Square', 'Vovô Deville', 'A Cidade se Diverte', 'Dois no Balança', 'My Fair Lady', entre outros. Carlos Manga trabalhou também na TV Record de São Paulo, no final da década de 1960, ao lado de profissionais renomados como o produtor Nilton Travesso, o editor Paulo de Carvalho, o escritor Manoel Carlos e o humorista Jô Soares. Ainda na Record, criou programas como 'Preto no Branco' e 'Quem Tem Medo da Verdade?', além de participar das edições do Prêmio Roquette Pinto, sobretudo a de 1968, quando se apresentou imitando o cantor norte-americano Al Johnson, devidamente caracterizado.

No início dos anos 1970, Carlos Manga morou na Itália, onde conheceu a Cinecittá e trabalhou com seu grande ídolo, o diretor de cinema Federico Fellini. De volta ao Brasil, em 1974, escreveu, produziu e dirigiu o longa-metragem 'O Marginal', estrelado por Darlene Glória e Tarcísio Meira, inspirado nos métodos de direção aprendidos com Fellini. Em seguida, ainda em 1974, Manga escreveu e dirigiu 'Assim era Atlântida', em que contou com a assistência de direção de um iniciante promissor, Silvio de Abreu.

Entrada na Globo

Em 1980, também convidado por Chico Anysio, foi contratado pela Globo, onde dirigiu a segunda versão do humorístico 'Chico City'. Ainda na linha de humor da emissora, Carlos Manga dirigiu também 'Os Trapalhões', na fase de maior sucesso do programa. Seu último trabalho no cinema seria ao lado deles, no filme 'Os Trapalhões e o Rei do Futebol' (1986), que contou com a participação especial de Édson Arantes do Nascimento, o Pelé. Na década de 1990, já como diretor artístico de minisséries da Globo, Carlos Manga foi responsável por grandes produções da teledramaturgia brasileira, como 'Agosto' (1993), 'Memorial de Maria Moura' (1994), protagonizada por Gloria Pires, e 'Engraçadinha… Seus Amores e Seus Pecados' (1995), adaptação da obra clássica de Nelson Rodrigues, com Claudia Raia no papel principal. Carlos Manga dirigiu ainda 'A Madona de Cedro' (1994), adaptada por Walther Negrão a partir do romance homônimo de Antonio Callado; 'Incidente em Antares' (1994), baseada na obra de Erico Verissimo; e 'Decadência' (1995), de Dias Gomes.

EXCLUSIVO MEMÓRIA GLOBO

Webdoc humor - Chico Anysio: Programas humorísticos

Webdoc humor - Chico Anysio: Programas humorísticos

Anos 1990

Além das minisséries, Carlos Manga tornou-se diretor de núcleo e foi responsável pela produção de duas novelas na Globo. A primeira foi o remake de 'Anjo Mau' (1997), escrita originalmente por Cassiano Gabus Mendes em 1976 e adaptada por Maria Adelaide Amaral, com a atriz Glória Pires no papel da vilã Nice. A segunda novela foi 'Torre de Babel' (1998), de Silvio de Abreu, que teve no elenco grandes astros e estrelas da emissora, como Tarcísio Meira, Glória Menezes, Edson Celulari, Claudia Raia e Tony Ramos, entre outros.

EXCLUSIVO MEMÓRIA GLOBO

Webdoc sobre a minissérie 'Agosto' com entrevistas exclusivas do Memória Globo.

Webdoc sobre a minissérie 'Agosto' com entrevistas exclusivas do Memória Globo.

Webdoc sobre a minissérie 'Memorial de Maria Moura' com entrevistas exclusivas do Memória Globo.

Webdoc sobre a minissérie 'Memorial de Maria Moura' com entrevistas exclusivas do Memória Globo.

Webdoc minissérie - 'Engraçadinha... Seus Amores e Seus Pecados' (1995)

Webdoc minissérie - 'Engraçadinha... Seus Amores e Seus Pecados' (1995)

No final dos anos 1990, após a experiência com a teledramaturgia e o êxito que suas obras obtiveram, Carlos Manga voltou a trabalhar com a linha de shows, na qual iniciara sua carreira, cerca de quarenta anos antes. Nessa linha, dirigiu desde programas de auditório, como o 'Domingão do Faustão' (1989), quanto seriados, como 'Sandy & Junior' (1999) e 'Sítio do Picapau Amarelo' (2001).

Anos 2000

Carlos Manga iniciou os anos 2000 trabalhando como diretor artístico do 'Zorra Total' (1999), que reúne diversos humoristas da emissora. Em 2004, voltou a trabalhar como diretor artístico em uma minissérie da Globo. Em 'Um Só Coração' (2004), de Maria Adelaide Amaral e Alcides Nogueira, o diretor esteve à frente de um grande elenco, estrelado por Ana Paula Arósio e Edson Celulari, entre muitos outros. A minissérie foi produzida em comemoração aos 450 anos da cidade de São Paulo.

Aos 50 anos de carreira, o diretor foi homenageado e fez uma participação especial – no papel de si mesmo – na novela 'Belíssima' (2005), de seu amigo Silvio de Abreu. Além disso, por sua contribuição ao cinema brasileiro, recebeu o primeiro troféu Oscarito, no Festival de Gramado. Em 2007, o núcleo Carlos Manga foi responsável pela produção da novela 'Eterna Magia' (2007), de Elizabeth Jhin, que contou com a supervisão de texto de Silvio de Abreu. Em setembro de 2008, a Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj) concedeu ao cineasta Carlos Manga o título de cidadão benemérito do Estado do Rio.

'Belíssima' (2006): Cena com Gigi (Pedro Paulo Rangel), Mary Montilla (Carmen Verônica) e Guida Guevara (Íris Bruzzi). Participação do diretor Carlos Manga e de ex-vedetes do Teatro de Revista.

'Belíssima' (2006): Cena com Gigi (Pedro Paulo Rangel), Mary Montilla (Carmen Verônica) e Guida Guevara (Íris Bruzzi). Participação do diretor Carlos Manga e de ex-vedetes do Teatro de Revista.

Em novembro de 2010, Carlos Manga participou como ator do seriado 'Afinal, o que Querem as Mulheres?' A trama contava a aventura de um jovem escritor e psicólogo, interpretado por Michel Melamed, obcecado por entender o sexo oposto. Manga interpretou o papel de Don Carlo, um conde italiano decadente que namorava Celeste, vivida por Vera Fischer.

Em 'Dercy de Verdade', da autora Maria Adelaide Amaral, Carlos Manga foi personagem. A minissérie, que foi ao ar em janeiro de 2012, contou a história de um século de vida e 86 anos de carreira da artista. Carlos Manga foi responsável pela primeira aparição de Dercy na televisão, quando era produtor da TV Excelsior. Ele foi interpretado pelo ator Danton Mello.

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Carlos Manga faleceu no dia 17 de setembro de 2015, no Rio de Janeiro.

Fonte

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