Carlos Henrique Schroder iniciou sua carreira no jornalismo em 1981, como repórter da Folha da Tarde, em Porto Alegre. No ano seguinte, transferiu-se para a TV Educativa, onde começou como editor do Jornal da Noite. Em seis meses, tornou-se diretor de jornalismo da emissora. Ainda em 1982, quando a Rede Brasil Sul de Comunicações (RBS) lançou o Bom Dia Rio Grande, tornou-se editor do telejornal, acumulando as funções nas duas emissoras gaúchas. Em 1984, tornou-se coordenador de rede, dentro de uma nova organização implementada na Globo para o recebimento de matérias das afiliadas pela Central Globo de Jornalismo (CGJ), no Rio de Janeiro. No final do mesmo ano, Schroder foi convidado a assumir a produção do Jornal Hoje, então baseada no Rio de Janeiro.
Em 1990, Carlos Henrique Schroder assumiu a função de diretor de produção da Central Globo de Jornalismo, título que, no final da década, foi mudado para diretor de planejamento. A partir de março de 2000, passa a conciliar com a de diretor editorial. No ano seguinte, assume a direção da Central Globo de Jornalismo. Em 2009, torna-se diretor-geral de Jornalismo e Esportes e, desde 2013, o diretor-geral da Globo. À frente do Jornalismo da emissora, Schroder liderou momentos importantes, como as coberturas dos atentados terroristas de 11 de setembro e da ocupação do Complexo do Alemão, no Rio de Janeiro – que rendeu à Globo um Emmy Internacional – e uma série de eventos marcantes, em que a emissora se destacou por aproximar-se da notícia. Em 2020, Como diretor-geral da empresa, com o processo de transformação uniu Globo, Globosat, Globo.com, Som Livre e DGCORP em uma única empresa, Schroder tornou-se diretor de Criação e Produção de Conteúdo da Globo. Deixou a empresa, com a conclusão do programa, em maio de 2021.
Início da carreira
Carlos Henrique Schroder nasceu em Santo Ângelo, Rio Grande do Sul, no dia 28 de janeiro de 1959, e se formou em direito e comunicação social. Iniciou sua carreira no jornalismo em 1981, como repórter da Folha da Tarde, em Porto Alegre. No ano seguinte, transferiu-se para a TV Educativa, onde começou como editor do Jornal da Noite. Em seis meses, tornou-se diretor de jornalismo da emissora. Ainda em 1982, quando a Rede Brasil Sul de Comunicações (RBS) lançou o Bom Dia Rio Grande, tornou-se editor do telejornal, acumulando as funções nas duas emissoras gaúchas.
Ainda na RBS, Carlos Henrique Schroder foi editor do Jornal da RBS, telejornal local exibido logo após o Jornal da Globo. Em 1984, tornou-se coordenador de rede, em uma nova organização implementada na Globo para o recebimento de matérias das afiliadas pela Central Globo de Jornalismo (CGJ), no Rio de Janeiro.
Entrada na Globo
No final de 1984, o jornalista foi convidado a assumir a produção do Jornal Hoje, então baseada no Rio de Janeiro. Nessa época, participou do Centro de Produção de Notícias (CPN), onde editores, produtores e repórteres da Globo definiam como seriam feitas as coberturas. Foi editor-chefe do Jornal Hoje e, entre 1988 e 1989, editor de assuntos nacionais do JN. Acompanhou inúmeros acontecimentos jornalísticos importantes, como a doença e morte do presidente Tancredo Neves (1985), o acidente radioativo em Goiânia (1987), a Constituição de 1988 e o Naufrágio do Bateau Mouche (1988).
Em 1990, Carlos Henrique Schroder assumiu a função de diretor de produção da CGJ, título que, no final da década, foi mudado para diretor de planejamento. Durante este período, coordenou coberturas importantes, tanto nacionais como internacionais, como a do Plano Collor (1990), da queda do Muro de Berlim (1990), do fim da URSS (1991), da Guerra do Golfo (1991), da prisão de PC Farias (1993), do caso da Favela Naval (1997) e da Máfia dos Fiscais (1997). Um momento dramático foi a morte do piloto Ayrton Senna, em 1º de maio de 1994. “Eu estava em casa, vendo a corrida, como qualquer brasileiro. Quando vi a batida, decidi ir imediatamente para a emissora. Peguei o carro e, quando estava entrando na redação, o [Roberto] Cabrini confirmou sua morte. Imediatamente, dividimos duas equipes. Uma equipe foi fazer flashes, para manter o povo acompanhando o fato; e uma outra equipe foi preparar o Fantástico”, relembra o jornalista. A cobertura imediata do acidente, ocorrido num domingo, possibilitou que o Fantástico do mesmo dia fosse quase todo dedicado ao fato, alcançando 80% de audiência.
Em março de 2000, Schroder passou a conciliar o trabalho na direção de planejamento com a função de diretor editorial. Em junho do mesmo ano, enfrentou um grande desafio ao coordenar a cobertura do sequestro do ônibus 174: “Decidimos fazer flashes na rede. O receio que a gente tinha daquele sujeito dar um tiro… Seria uma imagem terrível, ao vivo. Foi um momento de controlar a tensão".
Em junho de 2001, depois do falecimento do jornalista Evandro Carlos de Andrade, Carlos Henrique Schroder foi convidado a assumir a direção da Central Globo de Jornalismo.
Grandes coberturas
Com três meses de posto, o novo diretor da CGJ enfrentou um grande desafio: comandar a cobertura jornalística dos atentados terroristas de 11 de Setembro. A Globo foi a primeira TV aberta brasileira a mostrar as imagens do ataque às Torres Gêmeas, apenas sete minutos após o choque do primeiro avião. “Tudo começou quando o Ali [Kamel, então diretor-executivo da CGJ], entrou na minha sala, apontando para a CNN: ‘Tem alguma coisa pegando fogo no prédio do World Trade Center’. A primeira informação era que um aviãozinho pequeno tinha batido. A gente entrou com o plantão, e logo as emissoras americanas começaram a entrar também: CBS, ABC e tal. Então, vimos que era alguma coisa quente. E então emendamos tudo: ficamos ao vivo até três e meia da tarde, sem interromper a programação por um segundo, até ter tudo ao vivo: o segundo avião e a queda dos prédios. Foi um belíssimo trabalho. Aliás, essa edição do jornal foi finalista do Emmy de melhor cobertura internacional do 11 de Setembro”.
EXCLUSIVO MEMÓRIA GLOBO
Webdoc sobre a cobertura dos atentados terroristas de 11 de setembro de 2001.
Em 2004, Schroder esteve à frente da reestruturação dos escritórios internacionais da Globo. “Nós tínhamos dois escritórios até essa época: um em Londres e um em Nova York, com três ou quatro repórteres, cada. Vimos que estávamos concentrando demais, não havia profundidade na investigação, no processo jornalístico. Tinha que haver uma mudança. Qual é o conceito da presença do nosso repórter? É ter um olhar brasileiro naquela situação. Então, nós refizemos a estruturação no exterior. Enviamos repórteres para a Argentina, Israel e Ásia. O objetivo era estarmos mais próximos dos fatos. Deixamos de ter repórter de escritório para ter repórter de rua. Foi uma mudança de conceito”.
Um dos destaques da carreira de Schroder é a coordenação de grandes coberturas planejadas, como as das eleições brasileiras e internacionais, das Copas do Mundo e dos Jogos Olímpicos. “A definição da Globo: vai estar com o Brasil onde o Brasil estiver. E, num evento grande, como Olimpíadas e Copa, montamos uma grande estrutura.”.
A partir de julho de 2009, Schroder passou a ocupar o cargo de diretor-geral de Jornalismo e Esportes, com a missão de promover a maior integração e participação das equipes na produção de conteúdo para TV aberta, TV fechada, internet e novas mídias digitais. Sua gestão foi marcada pela mobilidade dos correspondentes internacionais e dos apresentadores em caso de coberturas de desastres e calamidades, assim como a flexibilidade em mudar a programação televisiva para cobrir, ao vivo, um evento importante para os telespectadores. A ancoragem dos telejornais no caso das chuvas na Região Serrana, do massacre de alunos e professores em uma escola em Realengo, no Rio (ambos em 2011), dos desabamentos de prédios no Centro do Rio (2012), em 2013, do incêndio na boate Kiss, em Santa Maria, que matou centenas de jovens; e da eleição do Papa Francisco (2013), são exemplos dessa valorização da notícia. A presença de correspondentes nas coberturas dos terremotos no Haiti e no Chile (ambos em 2010), do tsunami e do acidente nuclear em Fukushima, no Japão (2011), e do Furacão Sandy (2012), na costa leste dos Estados Unidos aproximaram o telespectador da notícia de maneira inédita.
Em 2010, a ocupação da Vila Cruzeiro e do Complexo do Alemão pelas forças de segurança do Rio e a implantação da Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) entrou por oito horas seguidas no ar, “derrubando” toda a programação daquele dia. Essa cobertura rendeu um Emmy Awards ao Jornal Nacional que levou ao ar uma edição histórica. Na ocasião, Schroder declarou: “Este é o prêmio mais importante que ganhamos até hoje. É o reconhecimento e a confirmação do trabalho que vimos fazendo no dia a dia de nossos telejornais no Brasil”. Além desse prêmio, Carlos Henrique Schroder ganhou duas vezes o Comunique-se de Jornalismo e Comunicação, em 2004 e 2006, na categoria de melhor executivo de veículo de comunicação.
EXCLUSIVO MEMÓRIA GLOBO
Webdoc sobre a cobertura da ocupação da Vila Cruzeiro e do Complexo do Alemão Alemão em 2010.
Direção-geral da Globo
Carlos Henrique Schroder assumiu a direção-geral da Globo em janeiro de 2013, sucedendo Octávio Florisbal, que, na transição, destacou as qualidades do novo diretor-geral: ”Reconheço em Schroder competência, criatividade, poder de decisão e liderança para conduzir a Globo”.
Schroder imprimiu sua marca no cargo de diretor-geral da Globo. Formou grupos de discussão em diversas áreas da emissora para estimular a criatividade e a comunicação. Para o diretor, um dos desafios foi a reestruturação no Entretenimento: “Nessa área, o planejamento precisava se dar com mais vigor. Conversei com autores, diretores, atores e produtores, para ouvir qual era a melhor solução. Eles queriam uma definição mais cedo de produto, escolhas antecipadas. Depois se que definiu o caminho, a adesão foi imediata”. Schroder ressalta ainda a parceria com outras áreas da empresa: “Hoje, administramos o entretenimento de uma forma comunitária. Há uma reunião semanal com a programação, o comercial, a área internacional e a pesquisa, uma forma de comitê. Esse modelo tem perspectiva de futuro porque está bem embasado a partir do desejo da equipe”.
Em 2014, as Organizações Globo se transformam em Grupo Globo, com o objetivo de priorizar a integração entre as empresas. Na época, foi relançado o documento Essência Globo, com a visão, missão e princípios do Grupo. O diretor destaca, em 2015, o lançamento do Globoplay, na época uma plataforma de vídeo on demand. “Se você não tem como assistir o conteúdo no horário em que está no ar, recorre ao Globoplay. Hoje eu tenho como saber exatamente a audiência da TV Globo além da TV aberta e isso é fundamental”.
Em 2018, o Grupo Globo deu início ao programa Uma Só Globo, e, com isso, Schroder assume o importante desafio de conduzir a empresa a uma transformação, com base em um novo modelo de negócios que foi chamado de mediatech. O objetivo do processo era unir Globo, Globosat, Globo.com, Globoplay e DGCorp, a unidade corporativa do grupo, em uma única empresa, mais eficiente e dinâmica, em que conteúdo e tecnologia operassem de forma integrada. “Uma só Globo é o amadurecimento do olhar sobre as empresas e sobre o que está acontecendo ao longo do tempo e a perspectiva de futuro. Trabalhamos nesse processo a partir da decisão dos acionistas de querer uma integração maior. Observamos que há muito mais recursos quando se trabalha de uma forma mais concentrada e vimos que a perspectiva disso era gigantesca”, conta o diretor.
Em dezembro de 2018, foi criada uma nova estrutura para a área de esportes, com o objetivo de integrar a gestão do segmento na TV Globo e Globosat. Sob a direção de Roberto Marinho Neto, a nova área passa a ser responsável pela aquisição de direitos esportivos, pesquisa de mercado e soluções multiplataforma, além da gestão de conteúdo dos programas e noticiários esportivos e transmissões de eventos. “Quando Roberto Marinho Neto volta do exterior e assume a posição no Esporte, ele começa a trabalhar na unificação dos processos, que é exatamente o modelo de integração adotado no projeto Uma só Globo”, explica Schroder.
No dia 4 de dezembro de 2018, o executivo ganhou o Prêmio Caboré na categoria Dirigentes da Indústria de Comunicação. A premiação é considerada uma das principais da propaganda brasileira.
Com a inauguração do complexo MG4 nos Estúdios Globo em agosto de 2019, a Globo deu início a uma nova era na gestão e produção do entretenimento. O projeto foi desenvolvido visando aproximar a dramaturgia das grandes produções internacionais e reúne o que há de mais moderno e avançado na indústria audiovisual do mundo. Os Estúdios Globo passam a ocupar uma área total de 1,73 milhão de m2, com 13 estúdios de gravação que totalizam 12,5 mil m2, ampliando a sua capacidade de produção de novelas, séries, minisséries, realities, formatos originais, programas de humor e variedades. “O MG4 é uma revolução do ponto de vista de operação. São três estúdios que se interligam e a grande novidade é que ao final do estúdio há uma área gramada de 4000m. Você pode sair para a cidade cenográfica, gravar fora e voltar para dentro do estúdio numa área comum de preparação do elenco e dos artistas. Do ponto de vista da tecnologia é superavançado. Todo equipamento é sem fio, tem corte dentro do estúdio, switches. É outro ritmo, um ganho de qualidade”, afirma.
Em 2020, as empresas que compunham o Uma Só Globo finalmente se uniram em uma nova empresa, chamada apenas Globo. Com isso, Carlos Henrique Schroder tornou-se diretor de Criação e Produção de Conteúdo, com responsabilidade por todo o tipo de conteúdo produzido pela empresa, distribuído em diferentes canais e plataformas. Teve o desafio de comandar as mais importantes tomadas de decisão relativas a conteúdo de entretenimento, jornalismo e esporte durante a pandemia de Covid-19 – quando a Globo interrompeu a gravação de novelas e programas de entretenimento – e, terminado o programa Uma Só Globo, em maio de 2021, aposentou-se.
Fontes