Elizabeth Filipecki Machado nasceu em Santanésia, quinto distrito do município de Piraí, no Rio de Janeiro, em 18 de outubro de 1952. Filha de uma pedagoga mineira e de um imigrante polonês que veio para o Brasil dois anos após a Segunda Guerra, Beth Filipecki se mudou para a cidade do Rio para estudar artes cênicas na Escola Nacional de Belas Artes. Quando estava se formando, com especialização em indumentária, foi selecionada para fazer parte de um curso de iluminação na Globo coordenado pelo cenógrafo e iluminador Peter Gasper. A oportunidade surgiu através de Fernando Pamplona, professor da universidade e cenógrafo da Globo, que conseguiu que seus alunos também fizessem a prova seletiva para o curso. Beth foi a única selecionada entre seus colegas, e, durante um ano, aprendeu fotografia, fundamentos de câmera e vídeo, dramaturgia de luz e sistemas de composição de luz na TV.
Beth Filipecki estagiou como iluminadora no Jornalismo e na novela 'O Casarão' (1976), de Lauro César Muniz, que se passava em três épocas, com três linguagens de iluminação diferentes. O aprendizado com a luz foi fundamental na sua formação, contribuindo para o seu trabalho como figurinista de importantes novelas e minisséries da emissora. O contato com a área de figurinos veio por meio da carnavalesca e também professora da universidade Maria Augusta Rodrigues, que a indicou para trabalhar como assistente da figurinista Kalma Murtinho na novela 'Espelho Mágico' (1977). Beth Filipecki se apaixonou pela profissão. Se não fosse o fascínio por figurinos, ela teria se tornado a primeira iluminadora da Globo. O primeiro programa que assinou foi o seriado 'Ciranda Cirandinha' (1978). Depois vieram as Quartas Nobres, em que aprimorou a qualidade do seu trabalho na série 'Aplauso' (1979) – adaptações de peças nacionais e estrangeiras – e nos casos especiais que integravam essa faixa de programação. Entre as histórias que fez estão 'A Ilha das Cabras', 'O Caso do Martelo' e 'O Fantasma de Canterville'.
Em 1983, Beth Filipecki ganhou um prêmio da Associação Paulista de Críticos de Arte (APCA) por seu trabalho na adaptação de 'O Inspetor Geral', de Gogol, em que se inspirou na arte do pintor Marc Chagall (1887-1985) para criar os figurinos dos personagens. A figurinista também passou pelo seriado 'Carga Pesada' (1979), antes de deixar temporariamente a Globo e prestar concurso para professora universitária. Nesse meio tempo, começou a trabalhar como supervisora de montagens de ópera e balé no Theatro Municipal do Rio, onde teve um aprendizado de modelagens complexas. Mais tarde, a figurinista levou esse conhecimento para a criação dos figurinos das histórias de época que assinou na TV, notadamente as minisséries, que, por poderem contar com mais tempo de preparação, possibilitam maior rigor e qualidade na reconstituição histórica.
Sua primeira minissérie de época foi 'O Tempo e o Vento' (1985), para a qual conseguiu levar a professora e carnavalesca Rosa Magalhães, que assinou a direção de arte da trama. A direção-geral da minissérie era de Paulo José, com quem Beth Filipecki já havia trabalhado no teleteatro 'Aplauso', coordenada por ele. Depois veio 'Memórias de um Gigolô' (1986), na qual se deu o encontro com o diretor Walter Avancini (1935-2001).
EXCLUSIVO MEMÓRIA GLOBO
Webdoc minissérie - O Tempo e o Vento - 1ª versão (1985)
A experiência em reconstituições de época se soma ao trabalho com temáticas urbanas e atuais, cujos figurinos fizeram sucesso junto ao público, como 'Renascer' (1993), de Benedito Ruy Barbosa; 'Por Amor' (1997), de Manoel Carlos; 'Senhora do Destino' (2004), de Aguinaldo Silva; e 'Cobras e Lagartos' (2006), de João Emanuel Carneiro. Em 2007, voltou a trabalhar em uma novela de época em 'Eterna Magia', de Elizabeth Jhin, ambientada nas décadas de 1930 e 1940. Beth Filipecki também foi responsável pelo figurino das minisséries 'Capitu' (2008) e 'Afinal, o Que Querem as Mulheres?' (2010) de Luiz Fernando Carvalho; e 'Cinquentinha' (2009), de Aguinaldo Silva, assim como na sequência da minissérie, intitulada 'Lara com Z' (2011), assinada pelo mesmo autor.
Em 2011, Beth Filipecki repetiu a parceria com Aguinaldo Silva quando assinou, ao lado de Renaldo Machado, o figurino da novela 'Fina Estampa', de Aguinaldo Silva. Em 2012, recriou o vestuário do começo do século XX em 'Lado a Lado', de João Ximenes Braga e Claudia Lage. Dois anos depois, foi figurinista da novela 'Alto Astral' (2014), de Daniel Ortiz, baseada na sinopse de Andrea Maltarolli.
Em 'Orgulho e Paixão' (2018), de Marcos Bernstein, ambientou o início do século XX no Brasil através do vestuário de pessoas com status sociais distintos. Foram mais de 2700 peças confeccionadas nos Estúdios Globo especialmente para a novela.
Em 2021, assinou o figurino de 'Nos Tempos do Imperador', de Thereza Falcão e Alessandro Marson, novela que retratou o período em que Dom Pedro II esteve à frente do país.
Trabalhos do Cinema e Teatro
Entre seus trabalhos no cinema estão: 'Guerra de Canudos' (1997), de Sérgio Rezende; 'A hora Marcada' (2001), de Marcelo Taranto; 'Lavoura Arcaica' (2001), de Luiz Fernando Carvalho; 'O Preço da Paz' (2003), de Paulo Morelli; 'Se Eu Fosse Você' (2006), de Daniel Filho; e 'Brasília 18%' (2006), de Nelson Pereira dos Santos. No teatro, fez os figurinos de 'Pequenas Raposas', de Naum Alves de Souza.
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