Por Memória Globo

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Antonio Calmon - memoriaglobo/AntonioCalmon_02.jpg — Foto: Memória Globo

Antonio Calmon nasceu em Manaus, mas foi no Rio de Janeiro, para onde se mudou na adolescência, que descobriu sua grande paixão: o cinema. Chegou a cursar dois períodos de sociologia na Pontifícia Universidade Católica, mas deixou o curso, em 1964, para se dedicar à telona. Não tardou para a telinha também entrar para o seu currículo, estreando na Globo em 1985, com Armação Ilimitada. Assinou também outros grandes sucessos, como a novela Vamp (1991) e o seriado Mulher (1998).

O espectador brasileiro é muito inteligente e sagaz, sabe que novela é ficção. O espectador, da classe A à E, tem discernimento e sabe usar muito bem o controle remoto.

Início da carreira e o cinema

Antonio Augusto Dupin Calmon nasceu em 29 de outubro de 1945. Passou sua infância em Manaus, Amazonas, onde nasceu, mas rumou para o Rio de Janeiro quando tinha entre 13 e 14 anos. Começou a cursar sociologia na PUC, mas deixou o curso quando foi fisgado pelo cinema. “Foi de 1964 para 1965. Tinha uma febre do cinema brasileiro, foi o momento em que eclodiu tudo – Bossa Nova, uma série de manifestações, o teatro também. Eu tinha visto um filme brasileiro que tinha me impressionado demais, o Mandacaru Vermelho, de Nelson Pereira dos Santos. Também tinha assistido ao Ganga Zumba, do Carlos Diegues, e, evidentemente, Deus e o Diabo na Terra do Sol, do Glauber Rocha. Eu estava na PUC, entre o primeiro e segundo ano”, conta.

Calmon juntou-se a um grupo de amigos e iniciou sua carreira no cinema. Lançaram Infância, um filme de 16mm, inscrito em um festival de cinema amador patrocinado pelo Jornal do Brasil. A produção ficou em segundo lugar. Foi, então, que tudo mudou na vida de Calmon. “O prêmio, entre outras coisas, era ser assistente do Carlos Diegues. Começar a trabalhar com o Cacá, em A Grande Cidade, mudou a minha vida. Meses depois, eu larguei a sociologia e me tornei assistente em vários filmes, como em Terra em Transe, do Glauber”.

Ainda no cinema, Antonio Calmon assinou seu primeiro longa-metragem, O Capitão Bandeira contra o Dr. Moura Brasil, em 1970. Selecionado para participar da Quinzena dos Realizadores do Festival de Cannes, o filme foi produzido em parceria com Hugo Carvana e teve o próprio Antonio Calmon à frente da produção, do argumento, do roteiro e da direção. Sua filmografia inclui, ainda, participações como argumentista, diretor ou roteirista de obras como Eu Matei Lúcio Flávio (1979), Menino do Rio (1982), Garota Dourada (1983) e O Quatrilho (1995).

Início na Globo em Armação Ilimitada

EXCLUSIVO: Memóriadoc sobre o seriado - Armação Ilimitada (1985)

EXCLUSIVO: Memóriadoc sobre o seriado - Armação Ilimitada (1985)

Antonio Calmon começou a trabalhar na Globo em 1985, convidado pelo diretor Daniel Filho para integrar a equipe de roteiristas de Armação Ilimitada. O seriado, voltado para o público juvenil, é considerado inovador por unir a linguagem das histórias em quadrinhos ao ritmo dos videoclipes musicais. A atração contava a história do triângulo amoroso vivido pelos dublês Juba (Kadu Moliterno) e Lula (André di Biasi) e a jornalista Zelda Scott (Andréa Beltrão). Além de Antonio Calmon, a equipe de roteiristas contava com Patricya Travassos, Euclydes Marinho, Nelson Motta, entre outros. “As crianças começaram a dormir mais tarde para assistir à Armação. Foram elas que começaram a se apaixonar pelo programa, que trouxeram os adolescentes e os pais. O seriado era mensal, virou semanal e só não virou diário porque era inviável. Cada programa era tão rico de situações, de cenas, que não dava tempo de gravar e editar. Foi um sucesso extraordinário no mundo inteiro. O segredo era a extrema liberdade de invenção que a gente tinha no programa”, analisa.

Novelas

Antonio Calmon estreou como novelista da Globo ao lado de Walther Negrão, em 1989, com Top Model, no horário das sete. Abordando o universo da moda e voltada para o público jovem, a trama apresentava a família do surfista Gaspar (Nuno Leal Maia) e seus cinco filhos adolescentes, tratando de questões como a primeira menstruação, gravidez na adolescência e filhos de pais divorciados. “Top Model tinha os elementos convencionais da novela das sete: a trama, a mocinha, os segredos. E tinha o formato inovador que eu estava trazendo do Armação, da coisa pop, certas brincadeiras com a linguagem”, revela.

Em 1990, Antonio Calmon escreveu com Doc Comparato A, E, I, O… Urca, sua primeira minissérie na Globo. Ambientada no Rio de Janeiro dos anos 1930 e 1940, a trama contava a história do casal Tide (Carlos Alberto Riccelli) e Sílvia (Débora Bloch), que trabalhavam no famoso Cassino da Urca. No elenco, atores como Raul Cortez, Beatriz Segall e Renata Sorrah.

Vamp

No ano seguinte, de volta às novelas, assinou Vamp, grande sucesso das sete da Globo. Nessa trama, que misturou comédia, terror e suspense, Antonio Calmon criou personagens vampiros inesquecíveis, como o conde Vlad (Ney Latorraca) e a família formada por Matoso (Otávio Augusto), Matosão (Flávio Silvino) e Matosinho (André Gonçalves). “Eu vendi a ideia para o Daniel Filho quando a gente estava indo para Los Angeles. Quando o avião decolou, eu disse, e nunca vou esquecer: ‘Daniel, eu quero fazer uma novela de vampiro’. Ele falou: ‘Está aprovado!’. Eu tinha visto A Dança dos Vampiros, do Polanski. Todo mundo é amarrado em coisas de vampiro, e a junção dos vampiros com humor é fascinante”, conta.

A novela Olho no Olho, de 1993, foi escrita por Antonio Calmon com a colaboração de Maria Carmem Barbosa, Tetê Vasconcelos e Lílian Garcia. O tema da paranormalidade norteava a trama, que contava a história do padre Guido (Tony Ramos) e de sua luta contra a organização criminosa liderada por César Zapata (Reginaldo Faria). Ainda em 1993, o autor assinou uma nova minissérie, Sex Appeal, em que voltou a abordar o mundo da moda e a temática jovem, contando os bastidores de um concurso que elegeria a nova modelo da agência Sex Appeal.

Mulher

Ainda em 1993, Antonio Calmon colaborou com o seriado Mulher, que tratava do cotidiano das doutoras Martha (Eva Wilma) e Sílvia (Patrícia Pillar) em uma clínica especializada em ginecologia e obstetrícia. “Eu acho que a gente conseguiu um realismo depurado no Mulher, não só no visual, na localização das cenas, mas também no desenho, no perfil dos personagens. Era dificílimo, dificílimo. Alguns dos temas, inclusive, eram moralmente delicados, como o estupro, ou desagradáveis por abordarem determinadas doenças ou profundamente perturbadores, como o de uma mãe que rejeitava o recém-nascido. Enfim, a gente só tratou de barra pesada”, analisa.

Em seguida, escreveu a novela Cara & Coroa (1995), que trazia as sósias Fernanda e Vitória, interpretadas pela atriz Christiane Torloni. Dois anos depois, ao lado de Daniel Filho, Aguinaldo Silva e Doc Comparato, Antonio Calmon participou da criação do seriado A Justiceira (1997). Protagonizado por Malu Mader, o programa teve como inspiração filmes americanos de ação, com muitas explosões, perseguições e lutas. Tinha sido concebido em 32 episódios, mas foi encurtado devido à gravidez da atriz Malu Mader. Ao todo, foram exibidos 12 episódios.

Em 1998, Antonio Calmon voltou a escrever para o público jovem e assinou Corpo Dourado, com surfistas, amores de verão, personagens bem-humorados e conflitos próprios da idade. A trama principal trazia a heroína Selena (Cristiana Oliveira), que era disputada pelos personagens Chico (Humberto Martins) e Arthurzinho (Marcos Winter).

Um Anjo Caiu do Céu, exibida em 2001, trouxe para o horário das sete questões religiosas e esotéricas, com personagens como o fotógrafo João Medeiros (Tarcísio Meira), que era salvo de um atentado pelo anjo Rafael (Caio Blat). Na trama, Antonio Calmon homenageou o autor Cassiano Gabus Mendes (1927-1993), fazendo referência à sua novela Ti-Ti-Ti (1985), que também tivera a moda como cenário.

Antonio Calmon voltou a abordar o universo das histórias vampirescas em O Beijo do Vampiro (2002), 11 anos após o sucesso de Vamp (1991). O grande vampiro agora era Bóris (Tarcísio Meira), casado com a ciumenta Mina (Claudia Raia) e pai de Zeca (Kayky Britto). Além dos romances e conflitos familiares, a novela tinha também muitas cenas de humor, a maioria delas protagonizada pelo caçador de vampiros Galileu (Luis Gustavo). “O Beijo do Vampiro é a história de uma mãe que luta pelo filho de 13 anos, que, na verdade, é filho de um vampiro. Evidentemente, o vampirismo desse menino é uma metáfora da puberdade, do começo da adolescência, quando o jovem passa a ficar rebelde, a querer sair de casa, a desafiar os valores familiares”, conta.

Em 2004, Antonio Calmon assinou com Elizabeth Jhin a trama de Começar de Novo, que contava a história do amor duradouro de Miguel Arcanjo (Marcos Paulo) e Letícia Pessoa (Natália do Vale), filhos de famílias inimigas. Quatro anos depois, estreou Três Irmãs, novela que contava a história de Virgínia (Ana Rosa) e suas três filhas: Dora (Cláudia Abreu), Alma (Giovanna Antonelli) e Susana (Carolina Dieckmann). A trama tinha como pano de fundo o universo do surf, sendo ambientada na fictícia Caramirim, com sua bela Praia Azul.

Em 2010, Calmon assinou o seriado Na Forma da Lei, que apresentou a história de cinco amigos que se uniram para vingar o assassinato de um colega de turma.

Eu sou um cara totalmente intuitivo. Eu tive, evidentemente, minha formação dramatúrgica, eu li todos os livros que tinha que ler, vi todos os filmes que eu tinha que ver. Minha cabeça funciona como um computador, onde estão armazenadas essas informações.

Antonio Calmon, 2008. — Foto: Cicero Rodrigues/Memória Globo

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