Jô Soares apresentou um quadro, transmitido diariamente a partir de 1983, no qual fazia comentários bem-humorados sobre política, economia e imprensa, usando recursos visuais para enriquecer os textos. Um quadrado posicionado ao lado do apresentador, no qual eram projetados slides, transformava-se em uma espécie de “caixa informante”, trazendo notícias curiosas que serviam de temas para os comentários. Figuras públicas como Aureliano Chaves, Tancredo Neves, Jarbas Passarinho, Leonel Brizola e Paulo Maluf, entre outros, foram alguns alvos das crônicas do humorista.
Em algumas ocasiões, o humor dava lugar a observações sérias e indignadas. Em setembro de 1983, durante um discurso na Câmara dos Deputados, o deputado federal e cacique xavante Mário Juruna criticou duramente o presidente da República e seus ministros. Como retaliação, uma proposta de cassação do seu mandato foi enviada à Câmara. Embora Jô Soares satirizasse a figura do índio deputado em um quadro do seu programa Viva o Gordo – Juruna tinha o hábito de andar com um gravador para registrar as conversas políticas e assim não ser chamado de mentiroso –, o humorista não se privou de criticar severamente a tentativa de retaliação do governo.
Colunista Jô Soares faz um minuto de silêncio em protesto contra a emenda Dante de Oliveira, Jornal da Globo, 24/04/1984.