HISTÓRIA
Globo Educação percorre escolas em todo o país e entrevista professores, alunos, pais e especialistas para mostrar exemplos de soluções locais para problemas da área. O Globo Educação é um dos programas que integram a grade Globo Cidadania, exibida nas manhãs de sábado. A faixa de programação também inclui o Globo Ecologia, o Globo Ciência, o Globo Universidade e o Ação.
Período: 4/11/1990 – 02/08/2014Dia e horário: sábados, às 6h05
VIVA O MAR
As Organizações das Nações Unidas escolheu 1998 como o Ano Internacional dos Oceanos. Entre julho e setembro, o Globo Educação levou ao ar a série Viva o Mar, Viva o Povo que Vive do Mar, composta por dez programas de 20 minutos de duração, ao estilo de documentários, narrando a história da ocupação do litoral do Brasil desde o descobrimento. A série teve o patrocínio da Petrobrás.
Os episódios abordaram, entre outros temas, os profissionais que vivem do mar; a riqueza biológica e cultural do litoral brasileiro, um dos maiores do mundo em extensão; a importância do peixe para o homem; algumas das principais ilhas oceânicas e costeiras; a cartografia náutica; os manguezais; e a vida dos navegantes.
A apresentação da série ficou a cargo dos atores Lucélia Santos e Oberdan Júnior, que entrevistaram cientistas, pesquisadores, catadores de caranguejos e de algas, caiçaras e trabalhadores de plataformas marítimas de exploração de petróleo, entre outros. Durante as matérias, Lucélia e Oberdan também mergulharam no oceano junto com os cinegrafistas.
Com versões em espanhol, inglês e chinês, Viva o Mar foi transmitida ainda para todos os países de língua espanhola pela Rede de TV Educativa da Espanha. A série também foi exibida em Portugal na Expo-Mar, evento ligado ao mundo náutico, e no Pavilhão do Brasil da Expo-98, encontro mundial para discutir o tema “Os oceanos: um patrimônio do futuro”. Os dois eventos foram realizados em Lisboa, de maio a setembro daquele ano.
UM PÉ DE QUÊ?
Em abril de 2001, o Globo Educação passou a exibir o programa Um Pé de Quê?, apresentado por Regina Casé, dirigido por Estevão Ciavatta e produzido pelo Canal Futura e pela Pindorama Filmes. O programa traçava um painel das árvores brasileiras. A cada semana, a apresentadora Regina Casé apresentava um espécime ao telespectador, revelando sua origem e características e explicando de que maneira aquela árvore estava ligada ao cotidiano dos brasileiros, às suas cidades, à sua cultura e à sua história. Nas reportagens, eram abordados desde aspectos de botânica e costumes populares até economia, religião, política e arte. Um Pé de Quê? já falou sobre mais de 1.500 árvores, entre as quais: abacateiro, bacuri, buganvília, burra leiteira, camaçari, camélia, catolé, dendezeiro, ingá, ipê verde, jambo, juazeiro, mangaba, mangue negro, ouricuri, pau preto, peroba, seringueiro, tamarindo, umbuzeiro e xaxim. Além das histórias curiosas sobre as árvores, informava também os nomes pelas quais elas eram popularmente conhecidas, as regiões onde eram encontradas no Brasil e como e onde fazer o plantio. Cada episódio era desenvolvido como um pequeno documentário. Regina Casé e equipe viajavam para vários estados brasileiros e ouviam personagens curiosos da região, cientistas e pesquisadores.
O programa exibido em 28 de agosto de 2002, por exemplo, foi gravado na Serra da Barriga, em Alagoas, onde no final do século XVI, 40 escravos fugidos dos engenhos em Pernambuco encontraram abrigo e fundaram o Quilombo dos Palmares. O nome “Palmares” se deve às palmeiras Catolés, árvores enormes de folhas gigantes que cresciam em abundância pela região. Um Pé de Quê? revelou a importância fundamental do Catolé para a sobrevivência dos escravos. Seus troncos, que alcançam até 25 metros de altura, e suas folhas gigantes – têm de quatro a oito metros de comprimento – foram usados para construir paredes e telhados de casas e abanadores de fogo. Os quilombolas também comiam os cocos das palmeiras, construíam cachimbos com sua casca e faziam azeite e manteiga do seu leite. Quando Palmares sofreu uma invasão dos holandeses – que já haviam dominado Pernambuco – em 1644, centenas de quilombolas derrubaram os Catolés que margeavam os caminhos até o quilombo, formando barreiras que impediram o avanço do inimigo. Regina Casé esteve na comunidade de Muquém, que fazia parte da rota de fuga dos escravos, e conversou com os habitantes cuja principal atividade ainda era a produção de peças de cerâmica, tradição oriunda dos tempos dos quilombos. A apresentadora conversou também com a historiadora Hebe Mattos, que falou sobre o papel importante do Quilombo dos Palmares nas guerras entre portugueses e holandeses no século XVII.
Outro entrevistado foi Zulu Araújo, presidente da Fundação Cultural Palmares, instituição criada pelo governo brasileiro em 1988 que se dedicava à valorização, preservação e difusão das manifestações culturais de origem negra. Zulu falou sobre a meta da Fundação de, através da cultura, realizar a integração plena do negro na sociedade. Graças aos esforços da Fundação, a Serra da Barriga foi tombada como patrimônio histórico brasileiro e transformada em um parque.No dia 7 de maio de 2008, Um Pé de Quê? viajou a Aracaju, no Sergipe, para falar sobre a Mangaba, fruto que, em tupi guarani, significa “coisa boa de comer”. Conhecida em outras partes do Brasil como “mangabinha do norte” e “mangaba da restinga”, a fruta movimenta a economia de boa parcela dos sergipanos, servindo à fabricação de sorvete, suco, doce, xarope, compota, vinho e vinagre, entre outros produtos. Por conta de uma lei promulgada em 1992, a mangaba foi elevada à condição de fruta-símbolo do estado de Sergipe. No Mercado Municipal de Aracaju, Regina Casé atestou o comércio do látex da mangaba, de múltiplas utilidades, desde expectorante até matéria-prima de borracha. O agrônomo Raul Vieira Neto contou à apresentadora como, durante a 2ª Guerra Mundial, quando os japoneses tomaram a região da Ásia fornecedora de látex das seringueiras, os americanos vieram ao Brasil para comprar todo o látex disponível, inclusive o da mangaba.
O OURICURI
Com três a 11 metros de comprimento, o ouricuri tem enorme importância ecológica. Cresce em solos considerados áridos, atuando como espécie pioneira para que outras espécies se desenvolvam. O Ouricuri também serve de “suporte” para outras plantas, que crescem por sobre ela sem lhe causar nenhum dano. Seu fruto é alimento para vários animais da Mata Atlântica, como a cotia, a paca, o tatu, o tamanduá, o quandu, o veado e a raposa.
Em Porto Real do Colégio, em Alagoas, o programa mostrou o ritual do Ouricuri dos Kariri-Xocó. O ritual é realizado em dezembro e janeiro, período em que o fruto da árvore está maduro. Com cocares construídos com a madeira do Ouricuri, os índios bebem um preparado alucinógeno – feito da casca de outra árvore, a Jurema – com o qual obtêm visões e conhecimento do mundo.
O tronco comprido do Ouricuri e suas folhas de até dois metros de comprimento também servem ao artesanato. A equipe do Um Pé de Quê? mostrou o trabalho da Associação de Moradores do Portal de Coruripe, localizado a 100 km de Maceió. A Associação reúne mais de 40 artesãs, que fazem bolsas, tapetes, porta-jóias, mandalas e chapéus, tendo seu trabalho exportado até para Milão, na Itália.
Por seu conteúdo informativo, educacional e divertido, Um Pé de Quê? foi usado em seminários, congressos e salas de aula por instituições como a Biblioteca Nacional e o Jardim Botânico do Rio de Janeiro, além das que fazem parte da Audiência Dirigida do Canal Futura.
A abertura de Um Pé de Quê? levou a assinatura dos artistas gráficos Barrão e Fernanda Villa-Lobos. O tema musical foi composto e executado por Arnaldo Antunes e Kassin.
Fontes: Boletim de programação da Rede Globo, 06/06/2009, 03/09/2011; “O mar como ponto de partida”, 17/07/1998; “Viva o mar”, O Dia, 28/07/1998; ABREU, Sebastião Vilela. “O mar como ponto de partida”, O Popular, 17/07/1998; OLIVEIRA, Fábia. “Milagre dos peixes”, O Fluminense, 22/08/1998; NEVES, Lucas. “Com 3 programas no ar, Regina Casé quer voltar à ficção”, Folha de S. Paulo, 8/06/2006; “Globo Educação mostra a vida no mar em programas especiais”, A Tribuna, 8/08/1998.