Em abril de 1997, os correspondentes da Globo em Nova York Sônia Bridi e Paulo Zero foram enviados a Lima para cobrir o desfecho da Operação Chavín de Huántar: uma missão encabeçada pelo Exército peruano para retomar o controle da embaixada japonesa. Havia mais de cem dias que o edifício estava tomado por guerrilheiros do Movimento Revolucionário Tupac Amaru – o MRTA. A ação resultou na morte de 14 sequestradores e um refém.
A reportagem completa sobre a ação do Exército e evacuação dos reféns foi ao ar no 'Fantástico' do dia 27, com direito a imagens exclusivas captadas por Paulo Zero, que, posicionado no alto de um prédio vizinho à embaixada, filmou os soldados retirando pessoas pela laje. Há também trechos da entrevista com a mãe de uma das guerrilheiras, uma jovem que havia sido, ela mesma, sequestrada na Amazônia peruana. Ela não pôde ver o corpo da filha, enterrada como indigente.
Reportagem de Sônia Bridi sobre a libertação dos reféns na embaixada japonesa em Lima, no Peru, após 126 dias. 'Fantástico', 27/04/1997.
Diante do ditador
Semanas depois, em maio, a equipe conseguiu uma entrevista exclusiva com o então presidente peruano, Alberto Fujimori, exibida no 'Fantástico' no dia 11.
A repórter Sônia Bridi entrevista com exclusividade o presidente do Peru, Alberto Fujimori. 'Fantástico', 11/05/1997.
Ao Memória Globo, em depoimento realizado em 2009, Sônia Bridi comentou que viajou ao Peru pela segunda vez confiando que o presidente peruano lhe concederia a entrevista. Nada estava muito garantido. “Peguei o avião e fui embora para Nova York. Uma semana depois, me ligou um assessor: 'O presidente vai falar, venham'. Ele nos recebeu às onze horas da noite no Palácio. A entrevista foi hilária, ele mostrava a meia furada: 'Não tenho mulher para me costurar as meias'. Fujimori fazia o tipo populista. De qualquer forma, perguntei sobre todas aquelas operações, gente desaparecida, as denúncias de corrupção envolvendo o Vladimiro Montesinos, seu braço-direito, tudo o que viria a estourar depois, crimes pelos quais ele foi condenado e está preso até hoje. Terminada a entrevista, eu disse que gostaria de acompanhar a rotina dele por um dia. Fujimori aceitou. Nós o acompanhamos em seu carro.”
Fujimori se manteve na presidência do Peru até novembro de 2000 e acabaria condenado a 25 anos de prisão em 2009.