Por Memória Globo


Meses antes de a GloboNews estrear, o que aconteceu no dia 15 de outubro de 1996, a programação do canal era uma grande dúvida para quem estava envolvido em sua estruturação. No entanto, as jornalistas Alice-Maria Reiniger, diretora-geral, e Letícia Muhana, diretora-executiva, que se desdobravam em muitas tarefas para colocar o canal de pé, tinham uma certeza: a cada hora cheia da programação do dia, um telejornal de trinta minutos entraria no ar. A partir dessa ideia, pensou-se em quais programas seriam exibidos entre as edições. As criadoras do veículo chamavam-no de MH, Meia Hora, que acabou se transformando em Em Cima da Hora, a principal marca da GloboNews em seus primeiros anos no ar.

Em entrevista ao Memória Globo, Letícia Muhana define o Em Cima da Hora como a gênese da grade da GloboNews:

“Sob a liderança do Evandro Carlos de Andrade, [então diretor de Jornalismo e Esportes], fomos fazendo a grade. Nos horários de pico, fizemos jornais maiores, das 18 horas, meio-dia, oito horas da manhã. Fizemos ensaios durante um mês, entrávamos com o EH no ar [em circuito interno]. Mas, quando estreou para valer, foi um caos, impressionante”. Letícia Muhana |  então diretora-executiva

EXCLUSIVO MEMÓRIA GLOBO

A concepção e a estreia da GloboNews, em 15/10/1996, contada pelos profissionais que inauguraram o canal em depoimentos exclusivos ao Memória Globo.

A concepção e a estreia da GloboNews, em 15/10/1996, contada pelos profissionais que inauguraram o canal em depoimentos exclusivos ao Memória Globo.

Entre um Em Cima da Hora e outro era inserido um programa curto, inédito, ou reprise de uma atração jornalística da Globo. Estrearam junto com o EH, o Conta Corrente, de economia; Via Brasil, de cultura e comportamento; Arquivo N, de perfil histórico, com imagens de arquivo da Globo; e o Jornal das Dez, que seria o equivalente ao Jornal Nacional GloboNews.

A ESTREIA

Às 21h do dia 15 de outubro de 1996, entrava no ar a GloboNews com o telejornal Em Cima da Hora. Eduardo Grillo e Renata Vasconcellos eram os apresentadores do horário e tinham em pauta notícias como: uma cirurgia cardíaca pela qual passava o escritor Jorge Amado; a declaração do então presidente Fernando Henrique Cardoso contra a realização de plebiscito pela aprovação da emenda da reeleição; a visita do rei Hussein da Jordânia a territórios palestinos; o nascimento da filha da cantora Madonna.

O formato de 25 minutos de produção previa dois blocos. No primeiro, havia o que se chamava de MIT: manchetes, indicadores (financeiros) e tempo. Na sequência, o “plano geral”, ou seja, reportagens completas, possíveis entradas ao vivo.

O Em Cima da Hora requeria uma equipe diferente de manhã, de tarde e de noite. Em cada turno assumiam um editor-chefe, um editor-executivo, dois editores nacionais e dois internacionais. Até 2008, o time ficava responsável por colocar no ar cinco edições do telejornal. Todos os textos eram aprovados tanto pelo editor-executivo quanto pelo editor-chefe do horário.

A dupla de jovens apresentadores também se adequava a essa estrutura. Christiane Pelajo, Márcio Gomes, Eduardo Grillo, Renata Vasconcellos, Maria Beltrão e Sérgio Aguiar faziam parte desse time. A profissional responsável por supervisionar a produção de notícias era Vera Íris Paternostro. As orientações editoriais eram da diretora Alice-Maria.

Para o apresentador Márcio Gomes, que começou a carreira no canal, o EH foi se tornando, aos poucos, mais dinâmico, menos engessado. “Éramos jovens, eu tinha 25 anos, e apresentava… nossa! Percebemos que podíamos ser mais soltos, conversar, ser mais interativos”.

Vera Íris reconhece que, durante um tempo, a repetição das notícias ao longo do dia era uma característica criticada, mas acredita que, por ser uma iniciativa pioneira, a GloboNews acertou na prática, ao vivo.

“Cada equipe tinha poucos repórteres – dois ou três –, porque a ideia era reproduzir algumas matérias da rede (Globo), mas com uma cara um pouco diferente. Depois, a gente foi mudando. A GloboNews descobriu os correspondentes por telefone. Quando acontecia alguma coisa no Brasil e no mundo, nossos editores procuravam localizar jornalistas que pudessem, pelo telefone, relatar o que estava acontecendo. Isso dava um dinamismo de rádio à televisão”. Vera Íris Paternostro |  jornalista

Estreia do Em Cima da Hora, com apresentação de Eduardo Grillo e Renata Vasconcellos. GloboNews, 15/10/1996.

Estreia do Em Cima da Hora, com apresentação de Eduardo Grillo e Renata Vasconcellos. GloboNews, 15/10/1996.

COBERTURA MARCANTE

A GloboNews estava no ar há apenas 15 dias quando aconteceu o acidente aéreo com o Fokker da TAM. Maria Beltrão e Marcio Gomes, apresentadores do Em Cima da Hora, passaram horas na bancada ancorando a cobertura e dando informações ao vivo para todo o Brasil. Maria foi substituída quando a companhia aérea divulgou a lista dos passageiros da aeronave que caiu. Ela perdera um parente. “Foi terrível. Usaram o plantão da Globo para dar a lista. Eu estava no estúdio, enquanto a Sandra Annenberg dava a notícia. Morreu o filho do meu padrinho. Eu não sabia o que fazer. A Alice-Maria entrou e falou: ‘você vai sair do estúdio’. Eu falei que não, mas estava louca. Quando saí, nem o pai dele sabia que ele tinha morrido… Quando você acha que está preparada, acontece alguma coisa que pode te desestabilizar completamente”, lembra. Essa foi a primeira vez que a programação do canal foi substituída pela transmissão contínua de uma cobertura, ação que se tornaria uma das principais características da GloboNews. 

MUDANÇA DE FORMATO: JORNAL GLOBONEWS

A partir de 2008, a GloboNews iniciou um processo que culminaria no reposicionamento da marca, sob o slogan de Nunca Desliga, em 2010. O canal passou a explorar suas duas principais características: a cobertura jornalística em tempo real, ágil, móvel, de linguagem direta e informal, que permite mobilidade na grade de programação; e a análise de fatos em produções longas e bem-acabadas, representada pelos programas semanais. Surgiu, com isso, a preocupação em dar cara nova às edições do Em Cima da Hora. O primeiro a se transformar foi o Edição das 10h: com mais meia hora de duração, o telejornal passou a trazer para a manhã debates com convidados e investiu na exploração de pautas de serviços.

Em outubro de 2010, foi lançada, sob a direção de Eugenia Moreyra, a campanha institucional que alavancou um redesenho nos cenários e logomarcas das atrações da GloboNews. A linguagem dos telejornais se tornou mais simples, as edições do Em Cima da Hora ganharam mais meia hora, alguns telejornais foram extintos para não haver sobreposição no horário. Transformaram-se em Jornal GloboNews. Carlos Jardim, chefe de redação de News, lembra que a intenção era evitar a ideia de que as notícias exibidas eram repetidas ao longo do dia:

“Quando você faz um jornal de meia em meia hora, você não tem tempo hábil para modificar quase nada. Repetia muita coisa. Nós começamos a optar por dar identidade aos jornais, torná-los maiores, mais consistentes”. Carlos Jardim |  chefe de redação de News

No que diz respeito aos cenários, o espaço foi reformulado e se tornou mais amplo. Passou a ser possível acompanhar o trabalho da equipe na redação, no Rio ou em São Paulo, através de um vidro ao fundo; aboliu-se a bancada dos telejornais apresentados no Rio de Janeiro, e os apresentadores ganharam livre circulação em pé, recebendo convidados em um outro ambiente. Houve também a instalação de telões que passaram a permitir a interação com comentaristas em outras partes do Brasil.

“O Jornal GloboNews é mais solto. Você pode fazer tanto na bancada, quanto sentado na poltroninha, ou em pé, com duas pessoas. O Em Cima da Hora tinha um formato mais rígido, normalmente na bancada, com as câmeras numa posição muito marcadinha, o que eu acho que era um sintoma da época em que telejornal era uma coisa social. À medida em que a televisão foi amadurecendo, o telejornalismo foi amadurecendo também. Foi uma evolução natural”. Leila Sterenberg |  apresentadora

Nessa época, parou de ser obrigatória a estrutura do MIT, em voga desde a inauguração. A previsão do tempo, os indicadores econômicos e as manchetes do dia seriam acionados quando necessário. Passou a haver mais flexibilidade para a composição dos textos das chamadas, de acordo com o horário e o perfil definido para o telejornal.

FOCO NO HARDNEWS

Ao longo do tempo, a identidade de cada edição do Jornal GloboNews se fortaleceu. O canal passou a investir cada vez mais na notícia ao vivo, e, com isso, o tempo dos principiais telejornais aumentou. A primeira grande mudança dessa nova fase de foco no hardnews surgiu com a estreia do Em Ponto, em 2018, apresentado inicialmente por José Roberto Burnier de São Paulo. Com ele foram suprimidas as edições do Jornal GloboNews Edição das 6h, 7h e 8h. O Em Ponto passou a ter cerca de três horas de duração com objetivo de entregar ao público o necessário para que comece o dia bem informado.  

— Foto: Globo

No mesmo período, o canal – agora dirigido pelo jornalista Miguel Athayde – aumentou o tempo de exibição do Edição das 3h na madrugada; além do Edição das 10h, do Estúdio I, do Edição da Meia Noite e do Em Pauta. 

Em março de 2020, a pandemia da covid-19 motivou mais mudanças no canal. A GloboNews decidiu abrir o sinal para toda a população brasileira e, com isso, difundir em larga escala as últimas informações sobre a doença e as mudanças econômicas, políticas e sociais decorrentes desse novo contexto. Com isso, o canal precisou aumentar ainda mais o tempo das edições dos telejornais diários, colocando no ar, em média, 17 horas de jornalismo ao vivo por dia. Os programas semanais foram suspensos por tempo indeterminado.  

Com a chegada da vacina ao Brasil e a possibilidade de retorno de jornalistas que trabalhavam em home office, alguns programas voltaram ao ar no primeiro semestre de 2021. Com isso, a GloboNews acertou a grade, formalizando algumas mudanças que antes pareciam ser temporárias. O Em Ponto, por exemplo, passou a ser apresentado por Julia Duailibi, que substituíra José Roberto Burnier no último ano. Burnier, por outro lado, estreou, em julho, o novo Conexão GloboNews, um telejornal que assumiu a faixa de horário ampliada do Edição das Dez (das 9h às 13h). O novo Conexão também é apresentado por Camila Bomfim, de Brasília, e Leilane Neubarth, do Rio, trazendo a proposta de ser um jornal ágil, conversado, com espaço para debate. César Tralli, que estava temporariamente no Edição das 18h, assumiu oficialmente o horário neste mesmo período, antes sob a apresentação de Leilane Neubarth. Às 16h, manteve-se Christiane Pelajo, e, nas edições da meia-noite e das 3h, Erick Bang.

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