Hugo Chávez concorria ao cargo para o quarto mandato consecutivo. Era presidente da Venezuela desde 1999 pelo Partido Socialista Unido da Venezuela. Seu principal opositor, Henrique Capriles, concorria pelo partido Primeira Justiça e era ex-governador do Estado de Miranda.
Apesar de Chávez liderar as pesquisas de intenção de votos até a semana que antecedeu a votação, Henrique Capriles assumiu o favoritismo dias antes. Disputaram também a presidência da República, Yoel Acosta Chirinos, pela VBR (Vanguarda Bicentenária Republicana); Luis Reyes, pelo ORA (Organização Renovadora Autêntica); Orlando Chirino, pelo PSL (Partido Socialismoe Liberdade); María Bolívar, pela PDUPL (Partido Democrático Unidos pela Paz e a Liberdade) e Reina Sequera, pelo PL (Poder Trabalhista).
Reportagem de Deliz Ortiz sobre a reeleição de Hugo Chávez para presidente da Venezuela. Jornal da Globo, 08/10/2012.
Dois meses após ser reeleito com 54% dos votos, Chávez anunciou a volta do câncer na região pélvica. O primeiro tratamento contra a doença havia sido feito em 2011, em Cuba, onde ele foi submetido a cirurgias. Enquanto Chávez esteve fora da Venezuela, o vice-presidente, Nicolas Maduro, comandou o país.
Em fevereiro de 2013, Hugo Chávez voltou a Caracas, onde faleceu semanas mais tarde, causando uma grande comoção nacional. Maduro tornou-se presidente interino e ganhou as eleições que foram convocadas para abril daquele ano.
EQUIPE E ESTRUTURA
Três equipes de enviados especiais cobriram a reeleição e a morte de Hugo Chávez: a correspondente Delis Ortiz, baseada em Buenos Aires, e o repórter cinematográfico Rafael Sobrinho ; e os enviados especiais José Roberto Burnier e Marcelo Benincassa, e Júlio Mosquéra e Lúcio Rodrigues.
EMPATE TÉCNICO
“Na Venezuela, a dois dias das eleições presidenciais, pesquisas apontam empate técnico entre Hugo Chávez e Henrique Capriles”, disse Chico Pinheiro na abertura do Bom Dia Brasil de 5 de outubro de 2012.
Na mesma noite, no Jornal Nacional, Willian Bonner chamou os correspondentes da Globo. Delis Ortiz e Rafael Sobrinho mostraram que aquela seria a reeleição mais difícil para o presidente da Venezuela, desde sua chegada ao poder, 14 anos antes. O foco da campanha eram as medidas populares, como a troca de petróleo com a China, que pagava com produtos de primeira necessidade. O programa de moradia era, entretanto, o maior cabo eleitoral de Hugo Chávez. Havia canteiros de obras erguidos por toda parte e mais de 200 mil habitações já haviam sido entregues em Caracas.
Reportagem de Delis Ortiz sobre as eleições presidenciais na Venezuela, a disputa mais difícil para Hugo Chávez desde sua chegada ao poder, 14 anos antes. Jornal Nacional, 05/10/2012.
DIA HISTÓRICO
Na reportagem para o Fantástico do dia das eleições, 7 de outubro, Delis Ortiz explicou que, no país, o voto não é obrigatório. Apesar disso, houve eleitores madrugando na fila para excercer seu direito de escolha. Delis acompanhou a votação de Capriles, num bairro de classe alta de Caracas, e também mostrou imagens de Chávez votando, numa zona eleitoral de um bairro pobre. Ambos discursaram pedindo respeito à decisão popular. A repórter esclareceu que, por causa das leis eleitorais, o primeiro boletim oficial com o resultado da apuração só seria emitido quando o vencedor já fosse conhecido.
VITÓRIA APERTADA
Nos telejornais da Globo de 8 de outubro, o resultado das eleições foi divulgado: 54,6% para Hugo Chávez e 44,73% para Capriles. Era a vitória mais apertada da ‘Era Chávez’: nas eleições de 2000, Chávez obtivera 25% de vantagem em cima de seu adversário. Ao contrário das outras vezes, quase metade da população não estava de acordo com sua reeleição e havia deixado um recado claro nas urnas. Delis frizou que o país enfrentava, também, o aumento da violência, da inflação e apagões. Entretanto, isso não era obstáculo para os ‘chavistas’ que, conforme informou a jornalista, tinham permanecido acordados a noite toda. Em seu discurso de vitória, o presidente reeleito prometeu ampliar o ‘socialismo do século XXI’. Seu mandato duraria até 2019.
O Jornal da Globo daquela noite noticiou que a diferença histórica nas eleições, apenas dez pontos percentuais entre Chávez e Capriles, fez com que o presidente eleito convidasse, publicamente, seu opositor para uma conversa.
CÂNCER
A notícia de que o câncer de Hugo Chávez tinha voltado foi ao ar no Fantástico de 09 de dezembro. No dia seguinte, o Jornal Nacional informou que o presidente venezuelano tinha embarcado, naquela mesma madrugada, para Cuba, onde realizaria uma cirurgia de emergência. Ele foi recebido na ilha pelo presidente Rafael Castro. Foi exibido também no JN um trecho do depoimento de Chávez, no qual ele próprio anunciava a necessidade de uma nova cirurgia. O presidente, que lutava contra a doença desde junho de 2011, chegou a afirmar, antes das eleições, que estava curado. Agora, entretanto, ele pedia aos eleitores que, caso não pudesse tomar posse, elegessem seu vice, Nicolas Maduro.
“O presidente da Venezuela, Hugo Chávez, está sendo operado neste momento em Cuba”, anunciou Patrícia Poeta no JN de 11 de dezembro. Aquela era a quarta cirurgia em 18 meses.
POSSE
Em 10 de janeiro, a posse de Chávez ocorreu sem a sua presença, que permanecia internado em Cuba para o tratameno de câncer. Em matéria para o Jornal da Globo, Delis Ortiz mostrou a grande cerimônia que marcaria o quarto mandato do presidente. “Na ausência do reeleito, o povo foi chamado para tomar posse por ele”, explicou a repórter. ] As imagens mostravam Caracas tomada pela população vestida de vermelho. O lema do mandato, Yo soy Chávez, estava estampado em diversos cartazes. A corte de justiça decidiu que, por se tratar de uma reeleição de Chávez, não havia necessidade de uma nova posse, segundo o princípio da continuidade administrativa. No discurso, o vice-presidente, Nicolas Maduro, avisou que os governadores que não o reconhecessem como presidente tampouco seriam por ele reconhecidos. Arnaldo Jabor comentou, em sua coluna no telejornal, a posse sem presidente e o ‘populismo do século XXI’.
Em 15 de janeiro, o Jornal Nacional noticiou a reunião entre Nicolas Maduro e os governadores do país. O presidente em exercício tinha anunciado que o estado de saúde de Chávez, que seguia internado em Cuba, apresentava leve melhora.
CHEGADA SURPRESA
Em 18 de fevereiro, após dois meses de internação, Hugo Chávez voltou a Caracas para continuar o tratamento num hospital militar. O retorno, de madrugada, foi anunciado por meio de uma rede social. Delis Ortiz, que estava em Quito para a reeleição do presidente do Equador, Rafael Correa, transmitiu de lá uma matéria comentando a inesperada chegada de Chávez à Venezuela.
Uma semana depois, Delis, já de volta a Caracas, informou, no JN, que a oposição à Chávez se preparava para uma possível nova eleição. Os opositores atacavam o reajuste fiscal que já havia desvalorizado a moeda local, o Bolívar, em 46%. Dia 28 de fevereiro, o Jornal Nacional mostrou, em nota, que estudantes venezuelanos tinham saído às ruas exigindo uma prova de que Chávez estava vivo.
MORTE
“Está morto o presidente da Venezuela”, anunciou Patrícia Poeta na escalada do Jornal Nacional de 05 de março de 2013. A notícia tinha sido divulgada pelo vice-presidente Nicolas Maduro menos de uma hora e meia antes.
O quarto bloco do telejornal foi dedicado ao assunto. Uma matéria mostrou que Maduro atribuía a doença de Chávez à pressão dos inimigos do país e acusou os EUA de conspiração. O correspondente Luís Fernando Silva Pinto falou, de Washington, sobre a expulsão de dois funcionários da embaixada americana em Caracas, acusando-os de conspiradores.
Reportagem de Luís Fernando Silva Pinto sobre o anúncio da morte de Hugo Chávez e a expulsão de dois funcionários da embaixada americana em Caracas, acusados de conspiração, Jornal Nacional, 05/03/2013.
Um perfil da carreira política de Chávez foi ao ar, mostrando as polêmicas e sua posição radical no governo, desde o golpe de estado que liderou em 1992, contra o então presidente Carlos Andrés Pérez. Na época, Chávez era militar e foi preso. Em 1998 foi eleito democraticamente, pondo um fim ao regime político de alternância entre dois partidos tradicionais que representavam a elite venezuelana. Assim que assumiu o poder, Chávez estatizou a economia, concentrou o poder em suas mãos e fez referendos que mudaram a constituição e permitiram sua permanência no governo. Desde 2002, quando a oposição armou um golpe fracassado no país, o descontentamento com o presidente vinha crescendo.
VELÓRIO E CORTEJO
José Roberto Burnier entrou ao vivo de Caracas dando suas impressões a respeito de uma cidade ‘calada’ e incerta sobre os rumos político do país. O repórter disse que o corpo estava sendo velado na Academia Militar, mas o local do enterro não havia sido definido.
O governo havia declarado luto oficial de sete dias. “Ainda há muitas dúvidas sobre a questão constitucional e jurídica de como fica o comando do país”, falou Burnier no segundo bloco do JN, ainda ao vivo, quando chamou para uma reportagem que havia preparado na mesma tarde, junto com o repórter cinematográfico Marcelo Benincassa, sobre a repercussão da morte do presidente. Até as novas eleições, que deveriam ocorrer em trinta dias, o vice-presidente Nicolas Maduro assumiria interinamente. Na Venezuela, esclareceu o repórter, o vice não é eleito pelo voto, e sim indicado pelo presidente.
José Roberto Burnier, ao vivo, de Caracas, sobre suas impressões a respeito de uma cidade ‘calada’ e incerta sobre os rumos político do país após a morte de Hugo Chávez. Jornal Nacional, 06/03/2013.
HINO NACIONAL
Ainda na mesma edição, o enviado especial Júlio Mosquéra mostrou a comoção causada pela morte do líder político, a chegada dos chefes-de-estado latino-americanos, e o cortejo de 16 quilômetros até a academia militar. Durante o percurso, uma gravação do hino nacional, na voz do presidente morto, acompanhava o caixão.
Os correspondentes em Nova York também repercutiram a morte de Chávez. Elaine Bast mostrou a reação mundial ao falecimento do presidente e Jorge Pontual entrevistou um cientista político norte-americano sobre a situação na Venezuela. William Bonner ainda informou que a presidente Dilma Rousseff embarcaria no dia seguinte para Caracas para acompanhar o velório.
Reportagem de Júlio Mosquéra e Lúcio Rodrigues sobre a comoção causada pela morte do líder político Hugo Chávez na Venezuela e o cortejo de 16 quilômetros até o local do velório. Jornal Nacional, 06/03/2013.
VELÓRIO
“Milhares de pessoas esperam na fila dez, doze horas, para ver o corpo de Hugo Chávez”, anunciou Júlio Mosquéra na escalada do JN de 7 de março. William Bonner complementou dizendo que o governo da Venezuela havia anunciado que o velório duraria sete dias, pelo menos, e que o corpo seria embalsamado e exposto “para sempre”. Em outra reportagem, Mosquéra e o cinegrafista Lúcio Rodrigues mostraram a fila do lado de fora da Academia Militar e a movimentação dentro, onde estava o corpo do Chávez. Estiveram presentes os presidentes da Argentina, Cristina Kirchner; do Uruguai, José Mujica, e da Bolívia, Evo Morales. Dilma Rousseff e o ex-presidente Lula tinham desembarcado, naquela tarde, em Caracas, para prestar suas homenagens.
PRESIDÊNCIA INTERINA
Uma matéria dos enviados especiais José Roberto Burnier e Marcelo Benincassa abordou o questionamento de juristas venezuelanos à presidência interina de Nicolas Maduro. Em entrevista, a ex-presidente do Tribunal Supremo de Justiça disse que o ato era inconstitucional: com a morte de Chávez, Maduro deveria ser empossado como vice-presidente da República e Diosdado Cabello ficaria na presidência interinamente. Ela ainda explicou que, para concorrer à eleição, prevista para abril, Maduro teria que se afastar do cargo.
Apesar disso, conforme anunciou o Jornal Hoje em 8 de março, Nicolás Maduro iria tomar posse como presidente interino naquela noite, e também anunciaria a data das eleições. A nomeação de Jorge Arreaza como vice-presidente foi transmitida em matéria de José Roberto Burnier e Marcelo Benincassa para o Jornal Nacional do dia seguinte. A data das eleições também foi informada: 14 de abril.
Em 15 de março o Jornal da Globo informou que o governo da Venezuela havia desistido de seus planos de embalsamar o corpo do ex-presidente. Para que o procedimento pudesse ser feito, o cadáver deveria permanecer pelo menos sete meses na Rússia. Naquele dia, uma multidão havia acompanhado o traslado do caixão da Academia Militar, onde o presidente tinha sido velado desde o dia 6 de março, até o Museu Histórico Militar.
NOVAS ELEIÇÕES
As eleições na Venezuelana foram acompanhadas no Fantástico de 14 de abril. No dia seguinte o JN informou, numa matéria de Delis Ortiz e Rafael Sobrinho, que a vitória apertada de Nicolas Maduro havia sido anunciada durante a madrugada. O novo presidente tinha vencido por apenas 1,59% de votos. O partido de Henrique Capriles denunciara fraudes em várias sessões eleitorais e declarara que Maduro era um presidente ilegítimo, pedindo a recontagem dos votos. Ainda assim, Maduro tomou posse como 57º presidente da Venezuela.
Reportagem de Delis Ortiz e Rafael Sobrinho sobre a eleição de Nicolas Maduro para presidente da Venezuela. Jornal Nacional, 15/04/2013.
FONTES
Bom Dia Brasil 05/10/12, 08/10/12; Fantástico 07/10/12, 09/12/12, Jornal da Globo 08/10/12,10/01/13, 15/03/13; Jornal Hoje 08/03/13, Jornal Nacional 05/10/12, 08/10/12, 11/12/12, 15/01/13, 18/01/13, 28/02/12, 05/03/13, 07/03/13, 09/03/13, 14/04/13 . |