No carnaval de 1981, o Edifício Grande Avenida, no centro de São Paulo, pegou fogo, provocando a morte de 17 pessoas e ferindo mais de 100. O prédio possuía 20 andares, dos quais apenas os três últimos não foram completamente destruídos pelo incêndio. Lá funcionavam duas agências bancárias, escritórios comerciais e a torre da TV Record.
Faltavam poucos minutos para o meio-dia quando uma sobrecarga de energia deu início às chamas, na parte de baixo do prédio. A precariedade das instalações de segurança contribuiu decisivamente para transformar o episódio em tragédia.
O repórter Ricardo Carvalho mostra imagens do incêndio no Edifício Grande Avenida, Jornal Nacional, 14/02/1981.
DESTAQUES
INCÊNDIO E REBELIÃO
O dia 14 de fevereiro de 1981 foi corrido para as equipes da Globo de São Paulo. Enquanto uma rebelião de presos acontecia em Jacareí, o prédio de número 1754 da Avenida Paulista lambeu em chamas.
Cenas dramáticas do incêndio e do resgate das vítimas foram registradas pelos cinegrafistas Adão Macieira, Reynaldo Cabrera, Hugo Sá Peixoto, Waldir Ferreira e Nilson Araújo e pelos repórteres Ricardo Carvalho, Rodolfo Gamberini, Luís Fernando Ramos, José Carlos Marques e Elia Júnior.
A equipe da Globo passou a noite na Avenida Paulista. Na manhã do dia seguinte, o cinegrafista Laércio Domingues conseguiu entrar no Grande Avenida, documentando com exclusividade as marcas e os prejuízos da tragédia.
Dante Matiussi, então chefe de redação em São Paulo, relembra aquele dia dramático: “Era tudo acontecendo ao mesmo tempo. Colocamos no ar boletins sobre o incêndio e notícias da rebelião em Jacareí. Tivemos que cobrir para o Jornal Hoje e, paralelamente, preparar o material para o Jornal Nacional, que teve quase 80% do seu conteúdo produzido em São Paulo. A matéria do incêndio foi editada em cima da hora.”
PAI JOGA FILHO
“Uma tragédia em São Paulo. Dezessete mortos e mais de 100 feridos no incêndio de hoje no prédio da Avenida Paulista”, anunciou o apresentador Darcio Arruda no Jornal Nacional de 14 de fevereiro. Em seguida, uma matéria de quase cinco minutos do repórter Ricardo Carvalho foi ao ar, mostrando o resgate das vítimas e momentos dramáticos. Uma das imagens mais marcantes foi a do auxiliar de escritório Cosme Adolfo Barreira que, desesperado com a violência das chamas, acabou jogando os dois filhos pela janela e depois se jogando numa laje logo abaixo. O pai e as crianças – Luciano, de cinco anos, e Elaine, de quatro – foram resgatados e não sofreram nenhum ferimento grave.
No domingo, dia seguinte ao incêndio, o Fantástico entrevistou Cosme Adolfo e outros sobreviventes. O Jornal Nacional do dia 16 mostrou que os peritos responsáveis pelas investigações da causa do incêndio tinham verificado inúmeras irregularidades. O Edifício Grande Avenida já havia sofrido um incêndio em 13 de janeiro de 1969, sem grandes consequências.
FONTES
Depoimento concedido ao Memória Globo por: Dante Matiussi (30/1/2004); MEMÓRIA GLOBO. Jornal Nacional, a notícia faz história. Rio de Janeiro, Jorge Zahar, 2005. Fantástico (15/02/1981); Jornal Nacional (14 e 16/02/1981). Sites: http://acervo.folha.com.br/fsp/1981/02/15/2/ |